HISTÓRIA DA RIQUEZA NO BRASIL

Em seu livro  “História da Riqueza no Brasil”, o intelectual Jorge Caldeira faz revelações semelhantes às de Sérgio Buarque de Holanda em sua obra magna “Raízes”, uma vez que, ao descrever a história da riqueza do Brasil, evidencia fatos que revelam como surgiu a índole do povo brasileiro, criticada por Holanda. Aqui chegaram pessoas analfabetas, a ralé que veio para usurpar a riqueza da terra a pedido do rei de Portugal D. João IV fatiou a terra descoberta e as entregou nas mãos de gente da pior espécie. Isso, para não falar do tipo de relação que essas pessoas mantiveram com os nativos, criando uma fusão estranha dos costumes europeus com os nativos. Nascemos de um choque cultural.

A formação do povo brasileiro, tanto do ponto de vista geográfico quanto cultural, é resultado da influência de inúmeras etnias, situando-nos entre um dos povos mais miscigenados da história, o que nos leva a colher frutos tanto benéficos quanto adversos desse caldeirão de raças. Na notável obra “Raízes do Brasil” de Sérgio Buarque de Holanda, um intelectual de destaque e pai do proeminente cantor e compositor da música popular brasileira, Chico Buarque, é empreendida uma análise crítica das origens do povo brasileiro. O insigne autor desmistifica a noção de que a índole do povo brasileiro é simplesmente fruto de uma miscigenação racial, recontextualizando-a de maneira mais complexa.

Jorge Caldeira, por sua vez, lança luz sobre revelações análogas às de Holanda, ao explorar a história da riqueza do Brasil e destacar eventos que delinearam a índole do povo brasileiro, criticada por Holanda. É notável como indivíduos analfabetos e de condição social desfavorecida chegaram às terras brasileiras, com o propósito de explorar suas riquezas, em decorrência de um equívoco que, por sua própria incapacidade, parcelou as terras do Brasil e as entregou nas mãos de indivíduos de moral questionável. Isso sem mencionar as complexas relações estabelecidas entre esses recém-chegados e os nativos, resultando em uma fusão peculiar de costumes europeus e tradições indígenas. O nosso nascimento enquanto povo é inegavelmente marcado por um choque cultural de proporções notáveis.

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A INVENÇÃO DO POVO JUDEU

Atualmente, o antissionismo e o antissemitismo se encontram em evidência com a guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas. O antissionismo se manifesta como a reação política que se opõe ao sionismo, uma corrente judaica que propugna pela instauração e preservação do Estado de Israel, fundamentado na percepção de que a comunidade judaica carece de uma identidade nacional, seja por motivos políticos, religiosos ou territoriais. O antissionismo suscita divisões entre os eruditos israelitas, assim como acalorados debates entre intelectuais, acadêmicos e políticos, criando ressonância tanto na esfera política de esquerda quanto de direita ao redor do globo. Manifestamente, sua antítese é representada pelo antissionismo. Diversos intelectuais judaicos, ou de ascendência judaica, manifestaram desde então sua posição antissionista, destacando-se pensadores controversos como Shlomo Sand, cuja obra “A Invenção do Povo Judeu” realiza uma crítica contundente ao sionismo.

No âmago das comunidades intelectuais judaicas, nunca houve consenso acerca da imperatividade da criação do Estado de Israel. Entre suas distintas correntes, subsistem grupos que respaldam tal concepção e outros que a repudiam. Para alguns pensadores, a fundação do Estado de Israel remonta a uma ideia milenar, firmada quando Deus pactuou com Abraão, prometendo-lhe uma multiplicação de sua descendência. Destarte, a reivindicação do povo judeu por um território próprio e a busca por uma identidade nacional revelam-se plenamente justificadas, porém com profundas implicações políticas e religiosas que vem se desdobrando em conflitos de visões com graves consequências para todas as nações, sobretudo para os israelitas. Em contraposição, correntes opositoras consideram essa ideia uma questão meramente política, desvinculada da ortodoxia judaica. Em síntese, a questão judaica sempre ocupou um lugar proeminente nos grandes temas da humanidade, incitando conflitos de naturezas diversas e fomentando, em diferentes graus, o preconceito contra os judeus.

Por outro lado, a criação do Estado palestino, conforme estabelecido pela resolução da ONU em 1947/1948 que culminou na fundação do Estado de Israel, é veementemente contestada pelos palestinos e pela maioria da comunidade árabe pelo entendimento de que isso daria legitimidade ao Estado de Israel. Neste contexto, a faixa de Gaza, territorialmente contígua a Israel, com seus dois milhões de habitantes atualmente governados pelo Hamas, representa o ponto de conflito entre israelita e palestinos desde então.

Não há protagonistas incontaminados nessa contenda, conforme atesta a história. Contudo, a mesma história revela quais das partes têm maior justificação nessa trama sangrenta. A narrativa do povo judeu entrelaça-se, em alguns aspectos, com a história do povo árabe, originando-se ambos em Abraão, figura central para os seguidores das três religiões monoteístas — judaísmo, islamismo e cristianismo.

O conflito milenar entre esses dois povos tem origens na serva egípcia Agar, que concebeu um filho, Ismael, com Abraão antes do estabelecimento da aliança com Deus. Após o nascimento de Isaque, filho de Abraão e Sara, diversos desentendimentos entre Sara e Agar culminaram na expulsão desta e de Ismael da comunidade de Abraão. Após vagarem pelo deserto, revelam as Escrituras Sagradas que Deus interveio em favor de ambos, tornando Ismael e Agar líderes poderosos, dando origem ao povo árabe. Desde então, judeus e árabes mantêm uma relação antagônica, resultando em conflitos ao longo dos séculos, muitas vezes letais para ambas as partes.

Dessa forma, compreende-se a periculosidade de construir argumentos superficiais na tentativa de elucidar o conflito entre judeus e palestinos. Todos os argumentos e justificativas perdem sua força diante do terrorismo praticado por grupos como o Hamas, Hezbollah e Estado Islâmico, sob a alegação de reparação histórica. Analisando objetivamente a questão judaica e palestina, pelo menos com base na história desse conflito, é difícil prever um desfecho pacífico por meio do diálogo. Como a ex -primeira-ministra de Israel Golda Meir comentou: “Se os palestinos abaixarem as armas, a paz se estabelece. Se os israelitas abaixarem as armas, Israel deixa de existir.”

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ZELOTA

O eterno conflito entre o povo de Israel e os Palestinos, que volta a tomar proporções assustadoras em nossos dias atuais, fez-me refletir sobre a vida do Jesus histórico, que segundo alguns estudiosos do assunto foi preparado pelos essênios, uma seita judaica com propósitos messiânicos, para ser o messias que surgiria com o seu exército para libertar o povo eleito da tirania dos romanos. Pus-me a refletir sobre a história de Jesus e dos Zelotes, seita de cunho revolucionário. 

Revisitei, pois, à obra literária intitulada “Zelota, a vida e época de Jesus de Nazaré”, de autoria de Reza Aslan, um notório estudioso das Escrituras Sagradas, a qual lança luz sobre a faceta menos explorada da figura de Jesus, cujo conhecimento ainda permanece obscuro para a maioria dos cristãos. Vale ressaltar que o autor conduz sua investigação com a devida reverência à fé, buscando apresentar revelações originais sobre a vida de Jesus de Nazaré sem, contudo, ameaçar a sacralidade de sua divindade.

Segundo Reza Aslan,  o grande desafio de situar o Jesus humano num contexto histórico reside na quase total ausência de Jesus, homem que alteraria de modo permanente o curso da história humana. Alerta ainda que embora seja uma fonte segura, as epístolas de Paulo apresentam poucas informações. Para o autor, os evangelhos dizem muito sobre Jesus, o Cristo, mas pouco sobre Jesus, o homem. 

Na concepção do autor, a história de Jesus de Nazaré precisa ser melhor compreendida.  Segundo Aslan, “este livro é uma tentativa de recuperar, tanto quanto possível, o Jesus da história, o Jesus antes do cristianismo: o revolucionário judeu politicamente consciente que, há 2 mil anos, atravessou o campo galileu reunindo seguidores para um movimento messiânico com o objetivo de estabelecer o Reino de Deus”.

Nesta perspectiva, o leitor precisa de um esforço especial para ver apenas o lado da história de Jesus de Nazaré e sua missão como judeu. Se assim o fizer conhecerá um outro lado muito interessante da história de Jesus.

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JOSE BONIFÁCIO DE ANDRADA

Em comemoração ao bicentenário do patriarca da independência, José Bonifácio, a Câmara dos Deputados, sob a autoria de José Theodoro Mascarenha Menk, publicou uma obra notável em reconhecimento às contribuições desse eminente personagem para o Brasil, intitulada “José Bonifácio de Andrada, o patriarca da nacionalidade”.

Efetivamente, José Bonifácio destacou-se como um nacionalista exemplar, ou mais precisamente, um patriota de profundo comprometimento, cujas ações foram motivadas por um nacionalismo desprovido de ideologia partidária, uma vez que ele fervorosamente defendeu os interesses do Brasil contra qualquer forma de opressão.

Desde sua participação ativa na luta contra o domínio português, que culminou na Independência do Brasil, até seu envolvimento na instauração da República, José Bonifácio permaneceu como um monarquista constitucionalista, como registram seus historiadores e biógrafos.

Apresentando uma personalidade de firmeza de caráter, por vezes autoritária, ele conquistou inimizades que perduraram por toda a sua vida, e testemunhou o desafio de ver seus oponentes ascenderem ao poder. No entanto, a importância de suas contribuições para o Brasil é reconhecida até mesmo por aqueles que discordavam dele.

Além de sua notável carreira política, José Bonifácio era um homem de vasto conhecimento científico. Ele dedicou sua vida à causa do Brasil, lutando pelo fim da escravidão, pela liberdade e educação dos povos indígenas, e demonstrou preocupação com questões ambientais, como as queimadas que afetaram nossas florestas, em uma época em que tais preocupações eram raras.

O autor da obra em questão enfatiza que José Bonifácio desempenhou um papel fundamental na construção da independência do Brasil, guiado pelos princípios de unidade, emancipação política plena e ordem. Suas contribuições inestimáveis moldaram a vida pública brasileira, e o Brasil não seria o mesmo sem seu significativo impacto no progresso material e espiritual do país.

Como o autor destaca: “Incansável na luta contra a fragmentação do país, José Bonifácio combateu vigorosamente a escravidão e os latifúndios improdutivos, antecipou a necessidade de descentralização administrativa, cultivou profundamente o conhecimento científico e aplicou sua experiência e clareza de pensamento para tornar a emancipação da Colônia em relação a Portugal uma realidade inevitável”. Em resumo, estas poucas palavras resumem as realizações de um homem de imenso valor, que jamais permitiu que a riqueza de sua posição o corrompesse, e cuja figura continua a gerar debates acalorados entre as correntes de pensamento opostas até os dias de hoje.

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MEU NOME É NÚMERO QUATRO

Na década de 40 a 60, anos que fazem parte da era dos extremos, na análise do renomado historiador britânico Eric Hobsbawm, milhões de seres humanos foram vítimas do totalitarismo. Se fossem colocados em livros, os relatos das vítimas do comunismo, do fascismo e do nazismo dariam um livro sobre a tragédia humana composto por milhares de grossos volumes. Muitas vítimas registraram em livros seus indizíveis sofrimentos diante da desumanidade, como Primo Levi, autor de um dos mais tristes relatos das vítimas do Holocausto.

Nessas circunstâncias, se encaixa a história de Ting-Xing Ye, a número 4, assim chamada pelo costume chinês de enumerar os filhos, cuja vida de horror retrata bem a história de milhões de chineses que, como ela, foram vítimas do totalitarismo que, sob a ideologia comunista, causou o maior genocídio da história humana. Em seu livro “Meu nome é número 4”, a própria protagonista narra como é viver e morrer sob regimes políticos onde a vida nada vale.

Ting-Xing Ye tinha 16 anos quando foi arrancada de sua família pela Guarda Vermelha de Mao Tsé Tung durante a famigerada Revolução Cultural Chinesa. Seu único erro foi nascer em uma família de capitalistas, ou seja, estava sendo punida por suas origens, pois eram considerados inimigos do povo e lacaios de Chiang Kai-Shek, de acordo com os critérios da polícia política de Mao. O que as páginas do livro demonstram é repugnante e revoltante: seres humanos torturados e assassinados, cujo único crime era não colaborar e não se submeter ao regime de Mao.

Os monstros do passado tendem a retornar, pois a história é cíclica e, por vezes, tende a se repetir, frequentemente revivendo seus episódios mais funestos. Atualmente, bastou a justa reação de Israel ao ataque covarde do Hamas à população civil israelense, vitimando 1.400 pessoas e sequestrando outras 200, para que os judeus em algumas partes do mundo voltassem a ter seus estabelecimentos marcados, semelhante ao que foi feito na Alemanha nazista, onde os judeus eram identificados para perseguição e morte. Isso não é mera coincidência.

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O INQUÉRITO DO FIM DO MUNDO

Um elenco de formidáveis jovens personalidades brasileiras de diversas matizes intelectuais reúnem em pequenos ensaios ideias e críticas sobre uma anomalia jurídica que se desenrolou em nosso Brasil contemporâneo conhecido por “O Inquérito das fake news”, cujo propósito era investigar, supostamente, a existência de notícias falsas, infrações que, segundo os autos, podem configurar calúnia, difamação e injúria contra os membros do então ultra poderoso STF.

Os aludidos ensaios dos destemidos denunciantes foram organizados num livro intitulado “O INQUÉRITO DO FIM DO MUNDO”, que nas palavras de Ludmila Lins Grilo, Flávio Morgenstern, Márcio Rocha Monteiro, Marcelo Salomão Czelusniak, Márcio Luís Chila Freyesleben, Rogério Greco e Sandres Sponholz, jovens escritores e detentores do notável saber jurídico, significou “o apagar das luzes do judiciário”. Por conseguinte a obra é uma contundente crítica contra um processo de natureza kafkiana que fere os pilares do sistema judicial brasileiro.

Para Ludmila Grilo, o fato representa o sepultamento do Direito no Brasil. Com efeito, segundo a insigne juíza, “o malfadado inquérito n° 4.781 concentra em si um cipoal de ilegalidades e inconstitucionalidades”, que em condições normais não se instauraria e nem mesmo se veria tamanha violação à Constituição. Sob a mesma perspectiva, Flávio Morgenstern, compara o funesto inquérito orwelliano ao “Ministério da Verdade” da obra distópica 1984 do consagrado escritor George Orwell, vez que a verdade é distorcida sob o peso da desinformação.

O Inquérito das fake news suscita questões pertinentes sobre a atual situação de insegurança jurídica na sociedade brasileira, na qual cidadãos respeitadores da lei podem, de repente, ser acusados de cometer crimes simplesmente por expressar suas opiniões. Este cenário desafia a liberdade de expressão e cria um ambiente de incerteza. Estamos vivendo tempos sombrios, onde a verdade é questionada e os cidadãos enfrentam a possibilidade de serem afetados por um sistema legal que pode ser percebido como corrupto e opressivo.

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FASCISMO E DEMOCRACIA

O opúsculo intitulado “Fascismo e Democracia,” composto por uma série de palestras e publicações do renomado escritor George Orwell e publicado em 1941, oferece uma visão do autor acerca do fascismo e da democracia em um período em que esses conceitos já haviam adquirido conotações que permanecem relevantes até os dias atuais. Nesse contexto histórico, em que o mundo clamava pela democracia, mas era assolado pelo domínio do totalitarismo, as fronteiras entre fascismo e democracia tornavam-se indistintas, uma realidade que ecoa em nossa época contemporânea.

George Orwell, que testemunhou em primeira mão os horrores do totalitarismo, baseou sua perspectiva sombria sobre os governos fascistas em suas obras emblemáticas, como “1984” e “A Revolução dos Bichos,” textos que permanecem intrinsecamente ligados à política devido à exploração da natureza humana.

Os ensaios apresentados na obra em questão possuem o mesmo caráter profético que suas duas obras mais notáveis anteriormente mencionadas. As reflexões de Orwell, como é característico em todos os seus empreendimentos intelectuais, possuem a capacidade singular de apontar os eventos que tendem a se repetir, moldando o cenário das sociedades contemporâneas.

Este pequeno livro não se apresenta como uma crítica contundente ao fascismo e à democracia, mas como uma observação aguda de que governos tendem a submeter o povo a políticas que, sutilmente, os tornam voluntariamente subservientes, ecoando o que Étienne de La Boétie já havia delineado em sua notável obra “Discurso da Servidão Voluntária.”

Tanto naquela época quanto nos dias atuais, testemunhamos o uso de palavras em uma linguagem orwelliana, muitas vezes com o intuito de obscurecer seu verdadeiro significado, enquanto, de outra forma, continuamos a adotar práticas que correspondem à sua essência genuína. Nessa perspectiva, as reflexões de George Orwell permanecem atemporais em relação ao fascismo e à democracia. Enquanto cada indivíduo mantiver uma definição ideológica desses dois termos políticos, permanecerá o risco de governos despóticos operando sob a égide do totalitarismo.

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O ÓCIO CRIATIVO

Em seu magnum opus, intitulado “O Ócio Criativo“, De Masi delineia uma visão que preconiza a busca por formas de ocupação laboral que se revelem inspiradoras e que viabilizem a conquista de tempo livre, transformando, assim, o próprio trabalho em uma experiência que assemelha-se a um jogo prazeroso. Este conceito alinha-se com a construção de um sistema onde a fronteira entre trabalho, estudo e lazer se esbate, amalgamando-se em uma coexistência harmônica que o autor denominou de “ócio criativo”.

Na perspectiva do eminente intelectual francês Domenico De Masi, renomado professor de Sociologia do Trabalho, cujo falecimento ocorreu no presente ano (2023), emerge a proposição de que a humanidade deve emancipar-se da esfera laboral convencional, notadamente aquela associada ao paradigma industrial, cujas metodologias frequentemente subjugam o indivíduo. 

Segundo De Masi, o prospecto do trabalho futuro é intrinsecamente ligado à emancipação do sistema laboral que subjuga, rumo a um paradigma laboral no qual o indivíduo alcança realização pessoal, adquire conhecimento e desfruta de um ambiente onde se aprende e se diverte. De Masi diz que “quando trabalho, estudo e jogo coincidem, estamos diante daquela síntese exaltante que eu chamo de “ócio criativo“. Para De Masi, somos mais felizes quando trabalhamos, atendendo e nos divertimos.

Apesar da contemporaneidade não mais evidenciar as perniciosas experiências associadas ao ambiente fabril de décadas anteriores, Domenico De Masi adverte que, mesmo em face da significativa melhoria nas condições laborais que outrora motivou as críticas de Marx e Engels ao capitalismo, deparamo-nos com um fenômeno de natureza distinta: a era pós-industrial. 

Nesse cenário, a figura do operário na fábrica cede lugar à automação promovida pelas tecnologias, enquanto o executivo emerge como figura central na orientação de seus subordinados, todos eles engajados em atividades laborais de caráter intelectual. Nesse contexto, De Masi enfatiza que as transformações ocorridas podem não ter representado uma mudança substancial, tendo em vista que, em essência, um sistema foi substituído por outro.

De Masi adverte que, não obstante a ampliação do tempo de lazer experimentada pelo trabalhador em virtude da redução do tempo despendido em suas tarefas laborais, os padrões arcaicos de comportamento ainda exercem uma influência significativa, perpetuando, assim, as práticas laborais abusivas do passado. Este fenômeno resulta na persistência dos desafios associados ao excesso de jornada de trabalho e à execução de atividades monótonas. Di Masi argumenta que, de certa forma, ainda carregamos os resquícios da Revolução Industrial em nosso presente

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DA SILVA O GRANDE FAKE NEWS DA ESQUERDA

Em seu quarto livro, intitulado Da Silva, o grande fake news da esquerda, Tiago Pavinatto, mestre e doutor em direito, eminente jornalista e escritor, vítimas da covardia da imprensa, apresenta a outra face de Lampião e o seu bando. Esta impressionante exposição revela as atrocidades perpetradas sob a forma de roubos, estupros, torturas e assassinatos em massa, evidenciando que Lampião não era meramente um bandido, mas também uma figura que se encaixaria, segundo Pavinatto, na categoria de um psicopata, representando, assim, a encarnação do mal.

A notória obra é também uma contundente crítica às ambições políticas de pessoas poderosas e influentes, que antes, como agora, patrocinam a escalada de violência que se perpetua em nossas terras. Esses “imperadores do poder”, parafraseando Raymundo Faoro, perpetuam e legitimam o crime organizado e dão origem aos equivalentes contemporâneos de Lampião.

Lampião é fruto da ganância dos poderosos, pois sem eles o bando de maltrapilhos jamais seria ameaça para uma polícia armada. No entanto, quando Lampião e seu bando conseguem adquirir armamentos diretamente da elite do poder, através do dinheiro extorquido dos menos afortunados e pequenos proprietários de terras, eles ascendem a uma espécie de poder quase sobrenatural, conforme revela Pavinatto.

Nesta fantástica obra, Pavinatto nos mostra que a história de Lampião é uma grande fake news que esconde a tragédia de centenas de famílias que foram destroçadas pela crueldade extrema de Lampião, que a intelectualidade brasileira tentou moldá-lo como um herói do povo que tirava dos ricos para dar aos pobres, a realidade, conforme apresentada por Pavinatto, é que ele tirava dos pobres para enriquecer os poderosos. O Brasil agradece ao jovem doutor por nos mostrar a verdade por trás do mito.

Virgulino Ferreira da Silva nada mais é do que uma grande fake news da esquerda brasileira.

Lampião não se encaixa em nada dentro do conceito de bandido social, mas essa estética equivocada assumida pelos “intelectuais” brasileiros garantiu a sua sobrevivência como tal92,

No sertão nordestino, contudo, a memória dos assassinados e as vítimas que sobreviveram às atrocidades do bando de Lampião jamais encontraram nenhum sinal de glória, mesmo depois da decapitação desse chefe de quadrilha carniceiro.

A estúpida estética romântica e heroica de Lampião e dos seus cangaceiros, como se nota, é contemporânea ao rastro de terror e de destruição de vidas, honras, sonhos e coisas deixado por esse bando.

Contudo, o marxismo tropical mantém roubada a dignidade das vítimas de Lampião ao manter acesa a narrativa inverídica do heroísmo de um cangaceiro que teria sido trucidado a mando dos poderosos indiferentes às necessidades do povo nordestino.

Lampião não preenchia nenhum requisito para que fosse idolatrado por capitalistas ou comunistas ou qualquer movimento social além do crime.

Luís Carlos Prestes, capciosamente, vendeu Lampião e o seu bando para o mundo como pobres camponeses de nobre coração que se insurgiram, com eficiência, contra a opressão.

Um cangaceiro, portanto, não passa de um miliciano de aluguel com a finalidade de manter os latifúndios e o poder político dos seus proprietários, os coronéis, através da violência e do terror.

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GLOBALISMO E ATIVISMO JUDICIAL

Em breve lições que abordam temas da Nova Ordem Mundial sob a perspectiva do ativismo judicial, o notável procurador da justiça Márcio Luís Chila Freyesleben apresenta em seu livro, Globalismo e Ativismo Judicial, uma contundente análise acerca dos descaminhos do sistema judiciário brasileiro a serviço do globalismo.

Freyesleben revela como o globalismo e o imperialismo têm influenciado a sociedade no século XXI, subvertendo valores e instituições através de ideologias progressistas apoiadas por organizações e indivíduos influentes, como Ford, Kingsley, Judith Butler, com o claro propósito de transformar a cultura ocidental por meio de uma revolução cultural.

Sob essa ótica, o destemido autor argumenta que o sistema judiciário brasileiro se tornou um aliado do status quo, adotando o sociologismo jurídico, fortemente influenciado pelas ideias de Antonio Gramsci, Luigi Ferrajoli, Tullio Liebman e Derrida. Isso culmina no que é conhecido como ativismo judicial, no qual o sistema judiciário é acusado de favorecer criminosos, defender o aborto e promover a legalização das drogas, alegando estar respondendo às novas demandas de uma sociedade em constante evolução.

Em especial, destaca-se o capítulo que discorre sobre as origens do Ministério Público e como este se tornou uma facção a serviço dos interesses de Servidores inescrupulosos com poder e influências em diversas esferas públicas, incluído neste âmbito a sua questionável atuação na elaboração da Constituição Federal de 1988.

Com muita clareza o autor imprime severas críticas a à atuação do judiciário e vê como imperativo a imposição de limites para as suas ações. Com efeito, ao abordar temas tão sensíveis sobre os poderes judiciais que agem em consonância com o poder global,  Márcio Luís Chila Freyesleben demonstra notável coragem. Consoante a esta visão o autor testifica: “Destruir a cosmovisão ocidental foi um trabalho de engenharia social que a esquerda e o globalismo empreenderam com o objetivo de retirar os empecilhos no caminho de um Governo Mundial, utilizando-se, inclusive, do fomento ao ativismo judicial”.

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O GREGO O FRADE A HEROINA

     A filósofa de origem soviética e cidadania norte-americana, Ayn Rand, engendrou um sistema filosófico que se revelou de forma inequívoca em sua monumental obra A Revolta de Atlas. Este sistema filosófico, conhecido como objetivismo, preconiza que a realização humana deve se centralizar no indivíduo, dotado de uma mente racional e autoconsciente, buscando viver de acordo com seus valores racionais e objetivos. O objetivismo, em sua essência, contrasta de maneira diametral com o coletivismo, o qual concebe como uma supressão da liberdade individual. No tocante à obra O grego, o frade a heroína, do eminente empresário e literato brasileiro, Roberto Rachewsky, destaca-se a defesa eloquente do objetivismo e de sua eminente criadora frente ao estatismo e todas as suas manifestações, almejando assim fortalecer e efetivar, em solo brasileiro, o pensamento filosófico dessa notável pensadora

     Rachewsky conceitua o “objetivismo” como uma filosofia abrangente, concebida com a finalidade de proporcionar princípios e valores destinados a capacitar o indivíduo a otimizar sua existência neste mundo. Seu desígnio não se volta à melhoria da coletividade; em vez disso, busca dotar os sujeitos de instrumentos intelectuais que favoreçam o aprimoramento de suas próprias vidas. Essa definição imediatamente conduz à compreensão dos propósitos subjacentes à filosofia de Ayn Rand.

     Consoante ao eminente autor, o objetivismo tem raízes que remontam a terrenos previamente explorados por outros pensadores. Dentre estes, notáveis são os legados de Aristóteles e São Tomás de Aquino, cujos conceitos forneceram o alicerce essencial para a evolução das ideias filosóficas de Ayn Rand. Esses filósofos partilhavam pontos de convergência, contribuindo assim para a base sobre a qual se construiu o pensamento randiano.

     Rachewsky encontrou na convergência de pensamento dos três ilustres pensadores a essência da filosofia de Ayn Rand, o objetivismo. Para Rachewsky o pensamento de Aristóteles e Tomás de Aquino, são na visão de Ayn Rand, os únicos e verdadeiros filósofos que ela recomendaria porque Aristóteles, por todo o seu trabalho em prol da realidade objetiva, da razão como um absoluto e da ética do individualismo; Tomás de Aquino, por ter resgatado o trabalho de Aristóteles com base nas traduções feitas por Maimônides e Averróis, com a importante contribuição de ter separado e dado autonomia à filosofia com base na razão; e ela mesmo, ou seja, como denominado por Rachewsky, os três A’s, Aristóteles, Aquino e Ayn cuja filosofia centra-se no indivíduo e na realidade objetiva.

O livro de Rachewsky assume um papel de leitura imperativa para aqueles que demonstram afinidade com a concepção de liberdade em sua acepção mais restrita e que detêm a convicção de que o indivíduo detém um status primordial na estrutura social, alicerçando, assim, a premissa de que todas as iniciativas das autoridades governamentais devem ser direcionadas à criação de um ambiente propício à realização individual e à busca pela felicidade. Para os defensores das ideias de teor mais libertário, a obra O Grego, o Frade, a Heroína se erige como uma oportunidade para reforçar os argumentos em prol do Objetivismo e de sua autora.

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O MITO MODERNO DA CIÊNCIA

     O Padre Sertillange (Antonin-Gilbert Sertillanges, 1863-1948), um luminar dotado de perspicácia intelectual ímpar, revelou-se um profundo conhecedor dos eminentes pensadores que atravessaram os tempos, ele próprio uma dessas cintilantes mentes. Suas reflexões perspicazes e profundas resplandecem em uma série de breves ensaios meticulosamente dispostos em sua homenagem à vida pensante. Aqui e ali, o pensamento sereno, inabalável em sua solidez, traça meticulosamente os matizes mais intrincados que, em nome da ciência, a humanidade tem sacrificado sua essência, subjugando-se ao mito. E é nesta exegese que reside sua obra, erguendo-se sobre os alicerces do mito moderno da ciência, o qual cavou o abismo que separa o homem do seu próprio espírito. No seu opúsculo intitulado O Mito Moderno da Ciência, Sertillange, motivado pelas considerações de proeminentes pensadores como Joseph Ernest Renan, Paul Valéry, André Gide, Henry Bergson e uma plêiade de outros destacados intelectuais, em uma série de breves ensaios, empreende uma análise do impacto da ciência no desenvolvimento do intelecto humano.

     “Esta união da ciência, da mística e da cultura, com passagem duma para a outra, não será um dos sinais característicos das nossas publicações, das nossas exposições, dos nossos movimentos literários, artísticos e políticos?” indaga Sertillange. Para o eminente autor nenhuma ideologia está ao abrigo do imperativo desta lei, até mesmo pensadores como Karl Marx e seu materialismo histórico a ela se dobra. 

     O que pensar a partir da imersão em tão eloquentes vaticínios? Os horizontes da modernidade nos levou às revoluções. Conduziu-nos a tentativa de redesenhar o homem reformulando a sociedade à sua semelhança. Sertillange chamou a isso de Desvairamento da Modernidade, termo que também pode ser traduzido como um estágio da humanidade dominada pelo cientificismo. Escreveu Sertillange magistralmente sobre esse desvairamento: Mas a razão essencial destas contradições está no fato de que o culto da inteligência arrasta consigo uma tendência, na aparência, inteiramente oposta, mas que, no entanto, é um aspecto inseparável e, até certo ponto, complementar, ou seja o oculto do instinto e do irracional”. O que pretende o consagrado autor ao investigar os descaminhos da ciência?

     A compreensão dos escritos de um autor que fundamenta suas reflexões em um minucioso exame das obras de autores notáveis, porém em um âmbito de reconhecimento limitado, é uma tarefa desafiadora para a maioria dos leitores. No entanto, Sertillange, um erudito por excelência, consegue eficazmente transmitir em suas composições os elementos essenciais que merecem ser abordados. Às vezes, apenas o título de suas obras ou mesmo de um artigo abre um vasto leque de possibilidades para exploração. Isso é especialmente evidente em seu pequeno tratado intitulado O Mito Moderno da Ciência, como é o caso de todas as suas obras, que, apesar de não se destacarem pela volumosidade, conseguem articular de maneira concisa as intenções do autor.

     Sertillange, na obra em destaque, atestará que o indivíduo contemporâneo adquire convicção na posse do conhecimento absoluto apenas por meio da análise crítica e da desconstrução. Sertillange dirá que é um problema filosófico sob os quais a ciência procura o seu lugar ao sol: Assim surge o problema puramente filosófico que se impõe à ciência moderna: qual é o valor real dos seus primeiros princípios? A ciência viu-se obrigada a examinar de novo os seus postulados e abandonar muitos dos fundamentos mais sólidos que garantiam a sua consistência“.

     No que consiste o mito moderno da ciência nos dias atuais? Para Sertillange o problema da ciência no contexto da espiritualidade passará por transformações, mas a questão se perpetuará no eterno conflito entre a religião e a ciência. Cabe-nos, homens de espíritos conciliadores dizer não, enfático, à tentativa de tornar o homem escravo do racionalismo, porque o que somos sem a religião, a moral, o passado, a arte e a inteligência, indaga Sertillange? Quando tentam arrancar esse patrimônio da existência humana, Sertillange nos ensina a dizer, do fundo da alma: não!

Convite à reflexão(Sertillange):

No entanto, a ciência continua a ser a ciência, sempre apoiada na medida e na verificação, e subsiste para ela este grave problema: a realidade, que é qualitativa e original, pode ser atingida por um espírito puramente crítico? Pode essa realidade ser dissociada e recomposta, de tal forma que os elementos atingidos tenham um valor absoluto, quer em si mesmos quer nas suas relações?

Pergunta-se agora: esse esforço para o real, por muito ardente, por muito frenético ou por muito ultra-real que seja, consegue o fim em vista? Esta vertigem de mecânica precisa, de violência destruidora dar-nos-á a única conquista que se pode considerar verdadeira, isto é, a posse completa do nosso ser, no que ele tem de veridicamente original, ou seja na sua qualidade?

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