WOKE S.A.

         O empresário Vivek Ramaswamy se dispôs a passar o cargo de CEO da “Roivant Sciences”, empresa de biotecnologia na área farmacêutica, porque percebeu que não tinha como suportar as pressões do mundo woke. Suas experiências e visões sobre uma das mais nefastas ideologias da extrema esquerda, criticada até mesmo pela esquerda moderada, são apresentadas em seu livro Woke S.A, a farsa da justiça social nas empresas. Ramaswamy explica como as grandes corporações adotaram o wokeísmo e como elas lucram milhões com isso. Parece ser um caminho sem volta.

         Decerto, a cultura Woke está destruindo o Ocidente. Fruto do pós-modernismo e das teorias críticas sociais, o wokeísmo é uma ideologia identitária que pretende mudar o mundo no grito, na violência e na irresponsabilidade, deixando em seu lugar o caos, a desordem e a destruição. Questões de raça, gênero e identidade são as bandeiras que os Wokes utilizam para destruir qualquer valor ocidental. Para eles só há dois tipos de pessoas no mundo: os que são wokes e os que não são. Os que são wokes veem os que não são como inimigos que devem ser retirados da sociedade, censurados, terem os seus direitos cassados. Enfim, cancelados. Para os wokes, o outro lado e tudo que o representa deve ser destruído.

         Na perspectiva woke, o mundo gira em torno de suas próprias preocupações. Seus adeptos acreditam que os outros devem reparações por “danos históricos” causados a grupos identitários em função da raça, etnia e sexualidade. A ideologia woke recepciona bem todas as minorias que se sintam oprimidas pelo patriarcado branco, heterossexual, sexista e nacionalista, mas rechaça violentamente qualquer ideia oposta aos seus dogmas. Para aqueles o antagonismo ao pensamento woke são tachados de fascistas, misóginos, negacionistas, genocidas, gordofóbicos, transfóbicos, homofóbicos e tudo o mais que não esteja de acordo aos seus ditames.

         Em síntese, o tema é realmente controverso e de difícil aceitação. Por isso é recomendável outras leituras críticas como sobre pós-modernismo, sobre todas a teorias críticas sociais, sobretudo a teoria da justiça social, que dão validades a todas as ações dos wokes.

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COMO DESTRUIR A CIVILIZAÇÃO OCIDENTAL

          O mundo contemporâneo está estranho. O que há de errado com ele? O Ocidente vive uma profunda crise na democracia e uma evidente perda de identidade e propósito. Ao dar fundamento e validade às políticas identitárias, o Ocidente põe em julgamento o ideal de liberdade e justiça com gravíssimas consequências para as suas instituições democráticas. 

          Mas o que dizer sobre a civilização ocidental, cujos princípios fundamentados no ideal de igualdade, liberdade e justiça deram origem às democracias modernas? É evidente que nos últimos dois séculos a civilização ocidental vem sofrendo imensas erosões em suas instituições. A outrora poderosa cultura europeia está em queda livre e parece não haver nada que se possa fazer para impedi-la. 

          Com efeito, esta crise cultural tem provocado reações antagônicas, objetivando alertar sobre o mal que há por trás das políticas identitárias, dos movimentos pós-modernistas e da Revolução Cultural que estão destruindo o Ocidente. Neste sentido, destaca-se os pensamentos do professor de filosofia Peter J. Kreeft, que sai em defesa dos valores cristãos tão vilipendiados por aqueles cujos ideários radicais pretendem recriar o mundo à sua imagem e semelhança. 

          Em seu livro Como Destruir a Civilização Ocidental, Peter Kreeft apresenta uma contundente crítica às ideologias que estão destruindo a cultura ocidental e tudo o que ela representa. Na supracitada obra destaca-se a veemente defesa de Peter Kreeft à cosmovisão cristã. O livro contém quarenta teses acerca dos males da humanidade e suas consequências, bem como propõe soluções para crise cultural e espiritual do homem. Para Peter Kreeft o ocidente perdeu contato com a sua história, cultura e tradições.

A Europa é um exemplo espetacular de continente sofisticado, civilizado, sensível, avançado e compassivo que está morrendo porque repudiou suas raízes primitivas.

 

O pecado do aborto

          Na bíblia, crescei e multiplicai-vos (Gênesis 1:28) denota o verdadeiro caráter da criação. Peter Kreeft vê no cerne desta máxima sagrada o princípio básico da importância da vida assim como a necessidade da sua preservação. Isto fica claro no início da introdução do referido livro em que Peter Kreeft observa que o caminho  para se evitar o fim da civilização ocidental está contido no versículo do Gênesis e que desobedecê-lo é um pecado contra a vida e contra Deus. Para Peter Kreeft A única coisa realmente necessária que poderíamos fazer para salvar a nossa civilização — aquilo que sempre estará ao alcance de qualquer um que deseje salvá-la, seja qual for o tempo, o lugar ou a cultura, seja ele bom ou mau, religioso ou irreligioso, antigo ou moderno — é ter filhos. Com efeito, está clara a posição do autor acerca de temas que se opõem à vida. Neste sentido a crítica ao aborto e a defesa a vida ganham força nas reflexões de Peter Kreeft. 

“As crianças são os senhores, e os pais, seus servos. A vida de um pai ou de uma mãe, seu tempo, dinheiro e atenção, tudo se transforma e orbita ao redor das necessidades de seus filhos como um planeta ao redor do Sol. Tê-los é o ato mais generoso, caridoso, amoroso, altruísta e santo que uma sociedade pode fazer por si mesma.”

“Se você não tiver filhos, sua civilização desaparecerá. Antes de ser bom ou mau, religioso ou irreligioso, você precisa existir.”

“Deus existe, e Deus é Deus. Deus é o Deus da Bíblia; Deus é o Deus de Jesus Cristo. Esse é o nosso absoluto inegociável.” 

O poder da verdade para a salvação do mundo

“A liberdade é para a verdade, não o contrário. Negue a verdade e você destruirá a liberdade. A verdade nos torna livres, a liberdade não nos torna verdadeiros.”

“A liberdade que nos pertence está sendo tolhida porque ameaça a deles. A liberdade religiosa ameaça a liberdade sexual. A nossa liberdade de consciência religiosa ameaça a liberdade de consciência sexual deles.”

“Se o homem não possui uma alma espiritual, não tem liberdade, já que a matéria não detém liberdade.”

“Comunismo, escravidão e aborto negam às suas vítimas a propriedade, a liberdade e a vida.”

“Logo, as duas causas cruciais do bem comum são a moral e a religião.”

O fanatismo religioso como forma de entrega

“Quero defender um fanatismo. Não o fanatismo em si, nem qualquer fanatismo, mas somente um: o fanatismo por Cristo, seu senhorio e sua vontade como as únicas coisas que importam na sua vida.”

“Você não pode lutar por Cristo com as armas de Satanás.”

“Você não pode ser santo sem perturbar o mundo profundamente porque não pode ser santo sem ser um fanático.”

Rumos errados

“Há muitas receitas para a felicidade social que não funcionam. O tradicionalismo e o progressismo são duas delas.”

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A VIDA SECRETA DE FIDEL CASTRO

     

     O livro A Vida Secreta de Fidel apresenta a biografia do ditador Fidel Castro, escrita por Juan Reinaldo Sánchez, seu segurança pessoal, que jurou lealdade ao ditador foi envolvido injustamente em uma trama que o levou à prisão por dois anos, obrigando-o a fugir de Cuba logo após o seu encarceramento deixando para trás a história da sua vida e a de um homem que ele admirava e que ele jurou proteger com a própria vida. Desiludido e decepcionado, Sánchez resolveu tornar público a sua história e expor para o mundo quem foi o verdadeiro Fidel Castro Ruz. São revelações impactantes e chocantes.

       Sánchez, escolhido a dedo para integrar a elite de segurança de Fidel Castro, esteve mais próximo dele do que a própria família do ditador. Durante 17 anos acompanhou de perto toda a trajetória política do líder revolucionário falacioso. Essa proximidade permitiu a Sánchez ver o verdadeiro homem por trás do mito, visão que ele mesmo alimentou até perceber que aquele a quem admirava e por quem daria a própria vida era, na verdade, um tirano, assassino e corrupto. 

       Fidel, nas palavras reveladoras de Sánchez, foi o traidor, o mentiroso, o déspota, o assassino e o traficante amado pelos idiotas úteis que o idolatram até hoje.

       A maior oposição ao regime de Fidel veio da sua própria família. Juanita Castro, que tanto o apoiara no início, logo se desapontou ao perceber que Fidel, após a subida ao poder, traíra a Revolução. A decepção foi estampada em no livro Fidel e Raúl, meus irmãos,  onde ela narra em detalhes quem foi Fidel e como ele enganou o povo cubano. Fidel traiu o povo cubanos quando ele prometeu acabar com a tirania de Fulgêncio Batista, mas implantou a sua própria tirania durante mais de 50 anos. Logo, em 1958, após a entrada triunfal em Havana, após o general Fulgêncio Batista ter fugido, Fidel convenceu o povo cubano que a partir daquele momento uma nova era de liberdade e prosperidade se iniciava em Cuba. Sua irmã, Juanita Castro, foi uma das primeiras vítimas do regime castrista, culminando em sua fuga desesperada para os EUA.

       Nas palavras reveladoras de Sánchez está expressa a dor da traição, quando o sonho de liberdade dá lugar ao horror da opressão: “Abri os olhos mais tarde. Naquela época, estava absorvido demais por meu trabalho e fascinado demais por Fidel para desenvolver qualquer senso crítico”.

       De fato, quando chegou ao poder, Fidel falou abertamente que haveria eleições livres e aparentava ser um defensor da democracia. Afirmou veementemente que não era comunista. Ledo engano. Quantos incautos caíram em sua armadilha. Um homem sem escrúpulos e sedento por poder não estava disposto a fazer concessões que não lhe beneficiariam. Fidel mentiu e assim continuou ao longo do seu reinado de terror para os cubanos.

       Entretanto, o seu governo em pouco tempo se caracterizou pela repressão, cassação dos direitos civis, expropriação, tribunais teatrais e fuzilamento. Era o tirano dos tiranos na América Central. No seu governo somente aquele que apoiava o seu regime, uma minoria uma vez que a maioria se calava por medo de repreensão severa, tinham privilégio sob o controle total do Fidel. Nem mesmo o seu irmão Raúl, o membro da família mais próximo dele, tinha total liberdade.

       Exceto, de forma duvidosa, na tentativa da invasão do quartel de Moncada  não se tem muitas histórias da bravura do “destemido e herói do povo” Fidel. Menos ainda que ele tenha cometido algum assassinato. Porém, o seu secretário para assuntos infernais, Che Guevara, sob às suas ordens, com apoio da polícia secreta cubana, matou milhares de cubanos. Muitos dissidentes foram parar nos paredões de fuzilamento. 

       Sánchez dá detalhes desta atividade de Fidel envolvida com o tráfico de drogas, seu relacionamento com as FARCS e como ele atuava sem que fosse visto. Lembra também da crueldade de Fidel para com quem lhe é leal ao condenar o seu principal, mais inteligente general Uchôa a morte por um falso teatro de tráfico de drogas. Na verdade, Sanchez afirma que o general Uchôa era inocente e morreu jurando fidelidade ao Fidel, o seu algoz e o verdadeiro criminoso chefe de facção que dominava o narcotráfico na América do Sul. Fidel financiou muitas guerras, tendo a de Angola o seu melhor resultado segundo Sanchez, porém o seu verdadeiro objetivo era obter dinheiro através do narcotráfico.

       Porém, o esforço de Sanchez em revelar quem foi Fidel é uma tentativa de mostrar para os idiotas úteis, como disse Lenin, que eles amam, idolatram um assassino, um homem amoral e terrível. Um verdadeiro genocída.

       Por tudo isso, o livro A Vida Secreta de Fidel não é apenas mais uma obra sobre a vida de um tirano, mas a história de Juan Reinaldo Sánchez, que, por uma espécie de fatalidade, teve seu destino amarrado a um psicopata. Não é possível manter-se leal, pois a lealdade não resiste à verdade. Inicialmente, Sánchez descobriu em Fidel uma pessoa encantadora, hipnótica e sedutora, mas logo percebeu que se tratava de um homem perigoso, com a mente de um psicopata no poder, que, por trás de uma falsa ideologia, via nela a oportunidade de enaltecer seu sonho de dominação, fingindo combater o imperialismo. Outros que fizeram essa descoberta não conseguiram escapar de Fidel e tiveram seu sangue derramado nos paredões de fuzilamento

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FILOSOFIA CONCRETA DE MARIO FERREIRA DOS SANTOS

  Mário Ferreira dos Santos desenvolveu a Pentadialética e a Decadialética como ferramentas analíticas fundamentais para a sua Filosofia Concreta. Esta corrente filosófica argumenta que a filosofia deve ter suas bases em experiências concretas, em oposição à abstração puramente teórica. A Pentadialética, especificamente, busca simplificar enunciados filosóficos através de uma estrutura lógica que integra diferentes dialéticas, como as de Platão, Hegel, Marx e Nietzsche, em dez categorias que guiam a análise até que todas as dissensões sejam resolvidas.

  No entanto, segundo Olavo de Carvalho, que explora essas ideias na obra em questão, Mário Ferreira dos Santos falhou em aplicar adequadamente essas ferramentas. Para Olavo, a Pentadialética deveria ser empregada diretamente em casos concretos, como exemplificado em sua análise crítica do socialismo.

  Olavo de Carvalho postula que a Filosofia Concreta de Mário Ferreira dos Santos possui uma estrutura analítica ainda mais clara do que as sumas medievais, onde as teses estão interligadas por um elo de necessidade evidente, todas ancoradas em algo inicialmente factual. Essa abordagem visa estabelecer sínteses sobre realidades concretas, buscando extrair resultados úteis, não se limitando à mera definição de conceitos.

  Sobre o socialismo, Olavo afirma: “A análise conceitual do socialismo nunca chegará a dizer algo essencial sobre o movimento socialista historicamente”. Ele contrasta essa visão com o objetivismo de Ayn Rand, que defende que os conceitos se formam a partir da razão e da realidade, rejeitando a análise abstrata desconectada da compreensão racional e factual.

  Olavo e Mário divergem principalmente na aplicação da dialética: enquanto Mário se equivocou ao aplicar seu método aos conceitos, Olavo defende sua aplicação direta a casos concretos para uma compreensão mais clara da realidade factual.

  Assim, o objetivo dos estudos dos métodos dialético-lógicos de Mário Ferreira dos Santos, na perspectiva de Olavo de Carvalho, é oferecer ao leitor ferramentas poderosas para a análise de fatos concretos e a obtenção de respostas claras. Assim, algumas diretrizes são necessárias para a compreensão do método de Mário Ferreira dos Santos, conforme ensina Olavo de Carvalho:

  1. O exame dialético desenvolvido em cinco ou dez partes visa desenvolver uma filosofia concreta, evitando a armadilha do abstracionismo. Olavo critica o autor por ter falhado em concretizar seu projeto, permanecendo em abstrações comuns na filosofia, resultando em uma obra obscura e de difícil compreensão.
  1. A técnica consiste em desdobrar um problema.
  1. Na obra, Olavo propõe fazer o que considera que Mário deveria ter feito: “irei examinar um tema concreto não abordado por Mário — o socialismo — para mostrar a eficácia deste método quando aplicado a realidades factuais”.
  1. Olavo aplica os cinco níveis da Pentadialética ao socialismo, ao contrário de Mário, que não o fez sobre um fato concreto.
  1. Olavo investiga se é possível considerar o socialismo como uma unidade.
  1. Ele questiona: “Mas qual é a unidade do movimento socialista, e não do conceito de socialismo?”. Para Olavo, é essencial distinguir entre o conceito e a realidade factual, buscando um elo concreto que define o movimento socialista como uma autoimagem compartilhada pelas pessoas, mesmo que não compreendam plenamente o conceito ou a realidade por trás do socialismo.
  1. Olavo conclui que “É este, portanto, o conteúdo que individualiza o socialismo: é uma autoimagem nutrida por indivíduos que se comprometem com uma ideia de futuro global e acreditam estar realizando uma aspiração universal. Essa é a unidade do movimento socialista”.
  1. A ideia de parte é a de pertencimento. Mário verifica se as ideias pertencem ou estão ligadas a algo que lhes dá legitimidade. Para Olavo, a parte é o grupo ou movimento ao qual a ideia socialista se aplica, considerando a relação entre ideologia e os grupos de movimento que a sustentam.
  1. Olavo examina a ideia de parte no contexto do socialismo, comparando-o a outras correntes históricas, políticas e morais, como fascismo, nazismo, etc.
  1. Ele argumenta que o socialismo, sendo uma unidade auto definida, é antagônico a outras correntes, o que o coloca dentro de um conjunto de movimentos diversos.
  1. “A autodefinição do movimento ocorre na prática, e compreendê-lo dessa forma é compreendê-lo como série”. O socialismo, entendido como série, mostra uma persistência ao longo de mutações camaleônicas, situando-se na história dos movimentos de classe e no pensamento marxista.
  1. De acordo com Olavo de Carvalho, o socialismo se torna um sistema quando sua unidade e suas manifestações históricas se conjugam, esgotando suas possibilidades de atualização.
  1. Ele sugere que, entendido como um sistema complexo, o socialismo pode ser avaliado na escala da universalidade, devido à sua capacidade de revisitar e perpetuar seus princípios.

Portanto, Olavo demonstrou um exemplo prático da aplicação do método renomado filósofo Mário Ferreira dos Santos.

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A CAMINHO DA GUERRA

  Nas décadas seguintes à Segunda Guerra Mundial, os EUA e a URSS protagonizaram o que ficou conhecido como Guerra Fria, termo cunhado pelo escritor George Orwell em 1945, autor da célebre obra 1984. Este período foi marcado pela intensa tensão entre as duas superpotências, caracterizada pela corrida armamentista nuclear e pela disputa pela hegemonia espacial. Durante esses anos, o mundo viveu sob a constante ameaça de uma guerra nuclear, com os Estados Unidos e a antiga União Soviética à beira de um possível conflito catastrófico.

  Felizmente, essa guerra tão temida não se concretizou, principalmente graças ao acordo de desarmamento nuclear firmado em 1970, conhecido como Tratado de Não-Proliferação Nuclear, que trouxe um alívio palpável para a humanidade. No entanto, mesmo após esse acordo, o mundo continuou a enfrentar o espectro da destruição total, dada a persistência de arsenais nucleares capazes de aniquilar a raça humana.

  Atualmente, o mundo ainda enfrenta ameaças significativas de conflitos nucleares, particularmente visíveis no Oriente Médio, onde países como Irã e Israel possuem arsenais nucleares, especialmente o Irã, cujo governo é conhecido por sua postura radical e fundamentalista. Na Ásia, a Coreia do Norte também representa uma ameaça com suas armas nucleares, frequentemente utilizadas para intimidar. Além disso, a tensão entre Rússia e Ucrânia intensifica o risco nuclear, exacerbado pelas ações do líder Vladimir Putin contra os membros da OTAN.

 Entretanto, além das preocupações com uma guerra nuclear entre superpotências, há outros eventos contemporâneos que têm alarmado analistas políticos. Graham Allison, em seu livro “A Caminho da Guerra”, apresenta um cenário sombrio de um possível conflito nuclear entre EUA e China, além de uma guerra cultural e econômica sem precedentes na história das grandes nações.

  Para Allison, se esse temido conflito ocorrer, a responsabilidade pelo fim do mundo como o conhecemos recairá sobre EUA e China. No entanto, antes desse cenário derradeiro, uma guerra silenciosa já está em curso entre essas superpotências, com a China emergindo como líder em áreas como tecnologia, crescimento econômico, desenvolvimento de patentes e armamento convencional e nuclear.

  Allison observa que a China, ao contrário da antiga URSS, adaptou-se ao capitalismo, tornando-o aliado em vez de adversário. Ele argumenta que a Guerra Fria terminou mais com um suspiro do que com o estrondo temido por líderes de ambos os lados.

  Embora Graham Allison mencione a possibilidade de uma Alemanha emergir como superpotência, a análise indica que seu poder continua sendo predominantemente econômico e diplomático, sem uma presença militar proeminente que pudesse ameaçar a paz mundial.

  No entanto, as lições de Allison nos alertam sobre os perigos da armadilha de Tucídides, quando uma potência emergente desafia uma dominante, um padrão observado na Guerra do Peloponeso na Grécia antiga. Hoje, os EUA e a China representam uma dualidade perigosa, onde a paciência estratégica chinesa contrasta com o imediatismo americano.

  Allison sugere que compreender melhor os objetivos chineses pode preparar os EUA para lidar melhor com suas diferenças. Ele também critica o declínio da ética pública, a corrupção institucionalizada, o eleitorado mal informado e distraído, e a cobertura rasa da mídia, exacerbados pela era digital.

  De maneira otimista, Allison intui que o nacionalismo chinês centrado nos valores de Xi Jinping pode restaurar a integridade de um sistema chinês que foi erodido pelo materialismo desenfreado.

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A LIBERDADE DOS ANTIGOS COMPARADA À LIBERDADE DOS MODERNOS

  Vivemos tempos difíceis, onde as asas da liberdade estão ameaçadas de se fecharem sobre o Brasil. O sol que outrora brilhara fulgurosamente sobre nós não passa em nossos dias de crepúsculos que pairam sobre a nossa amada pátria.

  Com essa reflexão solene, porém melancólica, constato uma escuridão que avança sobre os filhos deste solo gentil. O mais importante valor da humanidade, a liberdade, encontra-se desprezado em nossa terra como jamais foi visto na história do nosso povo.

  Divagando nessas conjecturas, resolvi revisitar um clássico sobre a liberdade. Em epígrafe, a obra do renomeado pensador francês Benjamin Constant, “A Liberdade dos Antigos comparada à liberdade dos Modernos”, que apresenta uma palestra proferida por ele em 1819.

  Tal obra, versa em termos comparativos a distinção entre a liberdade dos antigos, caracterizada pela participação direta do povo na vida pública, e a liberdade dos modernos que se configura pela garantia dos direitos individuais.

  Segundo Benjamin Constant, excetuando-se Atena, na antiguidade grega e romana o valor do indivíduo residia na sua unidade formadora da comunidade que detinha o poder de julgar e decidir os assuntos do Estado.

  Não obstante, na modernidade, argumenta o ilustre pensador, a liberdade é o fundamento da democracia, concedendo ao indivíduo o poder de exigir do Estado, por meio do contrato social, a liberdade de expressão, direito a propriedade, direito de cultos e de associações.

  A palestra do renomado autor, que mergulha profundamente sobre a temática da liberdade, nos leva a questionar como estamos perdendo um bem tão essencial, a ponto de ecoar dúvidas em outras nações sobre que tipo de democracia cultivamos no Brasil.

  Por que nos permitimos ser escravizados por aqueles a quem concedemos poder por meio do escrutínio? Por que consentimos que nossos governantes nos espoliem enquanto observamos passivamente a perda da nossa liberdade? Quando aprenderemos a não trocar a nossa liberdade pela submissão à vontade daquele a quem confiamos a responsabilidade de zelar por nossos interesses?

  Eles existem porque assim o permitimos. Eles têm poder porque nós o concedemos. Eles governam porque os elegemos. Então, por que nos curvamos aos seus caprichos? Aqueles que dão têm o poder de retirar, e nós detemos esse poder.

  Portanto, unamo-nos contra aqueles que nos oprimem. Rebelamo-nos contra os ditames dos que governam para os seus próprios interesses, ignorando aqueles que os colocaram no poder através do voto. A passividade não nos levará a lugar algum. Divisão, menos ainda. Só eles se beneficiam da nossa inercia. Enquanto nos digladiamos, eles se fortalecem.

  Ao renunciar a nossa liberdade, de nossos direitos, ao nos calarmos diante daqueles que tentam silenciar nosso grito por liberdade, entregamos as nossas vidas aos abutres insaciáveis que se alimentam de nossos corpos carcomidos pela ganância e sede de poder dos nossos opressores.

  Ensina-nos o consagrado autor que sendo a liberdade o maior bem do indivíduo convém dedicarmos uma boa parcela do nosso tempo na busca da sua ampla compreensão para que embasado na sabedoria dela extraída tenhamos suas asas abertas sobre nós. Só podemos conquistar a liberdade individual se tivermos liberdade política. Eis as sábias palavras do ilustre pensador:

“A liberdade individual, repito-o; eis aí a verdadeira liberdade moderna. A liberdade política é a garantia da primeira; por consequência, a liberdade política é indispensável. Mas exigir dos povos de nosso tempo que sacrifiquem, como os de outrora, a totalidade de sua liberdade individual em prol da liberdade política é o meio mais seguro de separá-lo da primeira de modo que, tão logo isso seja feito, a segunda também não tardaria a ser-lhes arrebatada.”

  Portanto, tenhamos a plena consciência do nosso papel como cidadão e façamos valer por meio do voto a nossa vontade, pois como nos alerta Constant:

“O sistema representativo é uma procuração dada a um certo número de homens pela massa do povo que quer que seus interesses sejam defendidos e que, entretanto, não têm tempo de defendê-los por sua própria parte.”

  Mas, se não entendemos os mecanismos criados por aqueles que concedemos a honra de defender os nossos interesses, seremos ludibriados.

“O perigo da liberdade antiga era que, atentos unicamente a assegurar-se de sua parte no poder social, os homens não fizessem bom negócio dos direitos e dos gozos individuais.”

“O perigo da liberdade moderna é que, absorvidos no gozo de nosso independência privada, e na busca dos nossos interesses particulares, renunciemos demasiado facilmente ao nosso direito de participar do poder político.”

Parafraseando Platão, “quem não gosta de política, está condenado a viver à sombra do seu império”.

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TEORIAS CÍNICAS

Em sua excelente obra O que há de Errado com o Mundo o escritor G. K. Chesterton oferece uma contundente análise crítica às mudanças sociais, políticas e culturais de sua época, expressando preocupações sobre o declínio dos valores tradicionais que destruíam a estrutura da família, corrompiam as religiões e mudavam drasticamente o comportamento dos indivíduos. Publicado em 1910, o livro antecipava o declínio cultural do ocidente que se materializou assustadoramente ao longo dos anos.

De fato, no início do século XX, as ideias desconstrutivistas de pensadores do comportamento social tais como Herbert Marcuse, Theodor Adorno, Michel Foucault e Jacques Derrida provocaram profundas transformações culturais no ocidente corroborando com a perspectiva de Chesterton para o futuro sombrio da humanidade. Desde então, os temores de Chesterton não só se tornaram reais como tomaram dimensões assustadoramente preocupantes.

G. K. Chesterton não foi o único expressar preocupações com o declínio cultural do ocidente. Outros pensadores também o fizeram. Com efeito, o eminente historiador e filósofo Oswald Spengler nos oferece uma incisiva análise cultural e política em sua monumental obra O Declínio do Ocidente, em que se revela a decadência moral que se estende sobre a cultura europeia da sua época. Do mesmo modo, o contemporâneo escritor e psiquiatra Theodore Dalrymple em seu atualíssimo livro Nossa cultura… ou o que restou dela apresenta o cenário atual em que se evidencia o estágio irreversível em que a civilização ocidental se encontra.

Destarte, degradação moral e cultural que se percebe no Ocidente e em parte do Oriente nos leva a seguintes indagações, parafraseando Chesterton: Quais os valores morais e culturais que estamos construindo para as próximas gerações? É notório que a humanidade está se deixando conduzir para o precipício civilizacional quando não preserva as instituições que lhes fizeram chegar até aqui.

É fato que chegamos a este ponto por um processo de desconstrução perpetrados por correntes de pensamentos que buscam destruir a civilização ocidental dando-lhe a feição de um novo mundo. Para isso, é necessário desconstruir a estrutura da família, substituir as religiões judaico-cristãos por uma religião mundial, modificar a história e a cultura. Esses sistemas de pensamentos encontram-se num estágio chamado de pós-modernismo, a cultura da desconstrução, a fim de que a corrente de pensamento dominante iniba as potencialidades do ser humano enquanto indivíduo percepcional. As gerações contemporâneas não conseguem compreender a realidade factuais em que se encontram.

Nesta perspectiva, a distorção da realidade que conduz os jovens à incapacidade de questionar com precisão por meio de argumentos é um fato corriqueiro. O mal-estar que a sociedade ocidental e parte da oriental experimentam tem suas raízes no movimento denominado pós-modernismo. Neste contexto, influenciados pela Escola de Frankfurt e pensadores desconstrutivistas supracitados, a atual geração dobra-se às Teorias Críticas, um arcabouço teórico que tem o principal objetivo problematizar e desconstruir todas as instituições ocidentais e os seus valores judaico-cristãs.

Sendo assim, os inspiradores do pós-modernismo saíram-se vitoriosos, haja vista a relutância de determinado grupo de pessoa em proclamar abertamente a heterossexualidade, a hesitação em assumir sem constrangimento a identidade “branca”, a escassez de homens dispostos a evidenciar a masculinidade e a raridade de mulheres que se sintam à vontade em expressar sua satisfação como donas de casa, ainda que acentuada seja a sua participação no sustento familiar na nossa atual sociedade. Dito de outra maneira: “É proibido ser homem ou mulher branco, heterossexual e cristão”. Atualmente a crítica aberta às ideias, desprovida do temor de sofrer represálias, constitui um ato ousado e perigoso. O panorama atual revela uma inclinação em conformar-se com o status quo como requisito para a obtenção do empoderamento e para ser considerado alguém engajado socialmente e politicamente correto.

É nesse contexto que se enquadra a importante visão analítica às Teorias Críticas realizadas pelos acadêmicos Helen Pluckrose e James Lindsay no seu livro intitulado Teorias Cínicas (Críticas). Nessa obra, os autores oferecem uma análise sistemática das principais ideias que fundamentaram o movimento pós-modernista, incluindo suas derivações, como o movimento pós-colonial. Considerando que os temas que derivam das Teorias Críticas, como raça, homossexualidade, problemas de gênero e do gordo, teoria da justiça, feminismo, questões LGBT entre outras, são temas complexos e polêmicos, convém realizar uma leitura cuidadosa à citada obra a fim de obter a base necessária para exposição de críticas e opiniões. Na relevante obra de Helen Pluckrose e James Lindsay o leitor estará diante de questões como: O que são teorias críticas e como elas afetam as universidades, fomentam o ativismo e mudam as nossas vidas.

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CARTAS DO DIABO AO SEU APRENDIZ

Em Cartas do Diabo ao seu Aprendiz, C. S. Lewis, um dos maiores pensadores do século XX, descreve nesta alegoria como o diabo instrui seu sobrinho a desvirtuar o ser humano, explorando suas fraquezas e temores, afastando-o de Deus. Nesta obra reflexiva, Lewis retrata as tentações do diabo que, assim como Cristo esteve, nós também estamos expostos, com um agravante: somos pecadores contumazes

Lewis nos alerta sobre os ardis do diabo, que procura nos enganar. O diabo demonstra profundo conhecimento da natureza humana, como evidenciado na tentação a que Cristo foi submetido. Compreender as estratégias do diabo é crucial para evitarmos ser por ele derrotados. Deus, em Sua Glória, nos dotou de livre-arbítrio, e o diabo reconhece que é por meio desse livre-arbítrio que pode nos desviar de Deus. Conhecer suas artimanhas é essencial, pois ele é sutil e ciente de nossas fragilidades. Reconhecendo a natureza humana, ele sabe que somos influenciáveis, tornando-se fácil nos seduzir e corromper.

De fato, no mundo de hoje, o diabo dispõe de uma variedade muito maior de ferramentas a seu favor. Com efeito, os recentes avanços na bioengenharia, nanotecnologia, cibernética, entre outras áreas, fazem a humanidade se afastar paulatinamente de Deus e torna-se um prato cheio para o diabo. Nessa perspectiva, a tecnologia o favorece, alimentando a vaidade e o orgulho humanos, seus piores vícios. No entanto, ciência e tecnologia não são inimigas do Homem. Se bem utilizadas, proporcionam conforto, segurança e longevidade. O verdadeiro inimigo do Homem é ele próprio, eis a nossa culpa. O diabo sabe disso e nos seduz facilmente, induzindo-nos a acreditar que não precisamos de Deus, levando-nos a até mesmo a duvidar de Sua existência.

Para escapar das suas tentações precisamos voltar os nossos corações para Deus. Não é fácil resistir a tantos apelos mundanos. Hoje tudo é mais tentador, está mais disponível. Com a crescente decadência moral das civilizações o diabo encontra solos férteis para subverter a humanidade, colocá-la contra Deus e levá-la ao inferno. Em tempos tão sombrios, finalizamos estas reflexões com a mensagem do Nosso Senhor Jesus Cristos: “Vigiai e orai para que não entreis em tentação. O espírito está pronto, mas a carne é fraca” (Mateus 26, 41-42)

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COMUNISMO O ÓPIO DO POVO

Em seu opúsculo “Comunismo, o Ópio do Povo”, o Monsenhor Fulton J. Sheen faz uma contundente crítica ao comunismo contrapondo-se à expressão “a religião é o ópio do povo”, proferida por Karl Marx, cuja origem se encontra na monumental obra “Crítica da Filosofia do Direito” de Hegel. Na concepção do Monsenhor Sheen a narrativa por trás de tal expressão tem o propósito de enganar. Para o autor, o comunismo “tem acusado a religião de ser o ópio do povo, para encobrir o fato de ser o próprio comunismo o ópio do povo (p.42)”.

É sabido que o marxismo é inimigo mortal da religião, sobretudo a cristã, uma vez que o Monsenhor Sheen está defendendo especificamente a religião católica. Deste pensamento pode se concluir que o comunismo, devido ao seu caráter messiânico, assim como o marxismo que lhe dá sustentação ideológica, é um sistema religioso que prega o ateísmo com uma exceção: a crença absoluta no Partido, daí o ser um dos propósitos do comunismo a implantação de sociedades ateias. 

Sendo o comunismo uma “religião” que prega o fim das religiões, automaticamente elimina por consequência qualquer ideia de liberdade religiosa, uma vez que o comunismo se torna a religião mundial. Nesta perspectiva, a presente obra do Monsenhor Sheen apresenta a sua crítica ao comunismo e sai em defesa da religião, especificamente a católica. 

Face a este raciocínio, claro está que o comunismo é a antítese das liberdades individuais, uma vez que representa a manifestação da utopia igualitária coletivista, caracterizando-o como um sistema que escraviza e oprime. Neste sentido, Monsenhor Fulton Sheen destaca que: “Negar o espírito é negar a liberdade, negar a liberdade é arruinar a atividade criadora do homem — e tal é a essência do Comunismo (p.40)”.

Na crítica da presente obra, as falácias acerca das promessas do comunismo são expostas, segundo a percepção do eminente padre: “Singular espécie de paraíso esse, que é inaugurado pelo morticínio, pelo exílio e pelo confisco; estranha espécie de paraíso esse, que espera estabelecer a fraternidade pregando a luta de classes, e estabelecer a paz praticando a violência (pp45-46)”. 

Com efeito, a narrativa de que o comunismo é o caminho para o paraíso na terra paira sobre a mente dos “esclarecidos”, numa nota clara de dissonância cognitiva, que nega a realidade, criando “resistências” para anular quaisquer argumentos que sejam capazes de demovê-los dessa visão utópica. “Na concepção dos esclarecidos” se o comunismo não deu certo até o presente momento, a culpa não é da doutrina comunista, mas daqueles que a compreenderam, mas se desviaram dos seus princípios básicos.

A leitura do livro “Comunismo, o Ópio do Povo” nos remete à reflexão sobre diversos pontos da abordagem do Monsenhor Sheen contidas na magna obra “O Ópio dos Intelectuais” de Raymond Aron, um crítico ferrenho do marxismo, ao advertir sobre a tendência de muitos intelectuais de apoiar movimentos políticos totalitários, em particular o comunismo. Aron argumenta que os intelectuais muitas vezes se deixam seduzir por ideologias utópicas ignorando a realidade política e social.

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OS PROTOCOLOS DOS SÁBIOS DE SIÃO

Com a crescente onda do antissemitismo em voga urge a leitura dos textos “Os Protocolos dos Sábios de Sião”. A leitura proposta não visa endossar o antissemitismo, mas sim alertar sobre a propagação do ódio através manipulação da informação, levando as pessoas a buscar ‘justiça’ em nome de causas que desconhecem. O formato do texto, apresentado como atas de um suposto Congresso em Basileia (Suíça) em 1898, sugere que um grupo de sábios judeus e maçons conspirou para estabelecer uma dominação global.

Entretanto, essa narrativa é uma falsificação que se vale de passagens plagiadas do diálogo no inferno, entre Maquiavel e Montesquieu, originárias da obra satírica do escritor francês Maurice Joly (1829—1878). A obra acusava o imperador Napoleão III de conspirar para consolidar todos os poderes na sociedade francesa. Por conseguinte, está explicito a constatação do distanciamento da realidade dos textos dos Protocolos e a sua natureza romanesca.

Embora seja verdade que Hitler tenha utilizado os Protocolos para justificar o extermínio de seis milhões de judeus, é curioso notar que Stalin também os empregou para disseminar o antissemitismo mundial, fato muitas vezes omitido na historiografia.

Em sua corajosa obra “Desinformação” o tenente-general romeno Ion Mihai Pacepa e o professor Ronald J. Rychlak dedicam algumas páginas reveladoras sobre como a URSS promoveu a abominável conspiração através dos textos do “Protocolo dos Sábios de Sião”.

Os autores esclarecem que: “os protocolos eram uma contrafação russa compilada por um especialista em desinformação, Petr Ivanovich Rachovsky, que o forjou do Okhrama, polícia política do Tzar Alexandre III”. Desde já está claro que Stalin e Hitler souberam usá-lo bem em suas mortíferas máquinas de desinformação. É espantoso que ainda hoje ainda se dê credibilidade aos textos dos Protocolos.

Ao final da leitura, torna-se evidente que os Protocolos dos Sábios de Sião não devem ser considerados seriamente, sendo uma fraude destinada a fomentar o ódio e justificar perseguições e violência contra os judeus.

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CAMINHOS PARA A SABEDORIA

Todos os indivíduos compartilham, em certa medida, uma propensão filosófica, manifestada pelo questionamento inquisitivo quando confrontados com a ausência de respostas definitivas. O filósofo, longe de silenciar diante dos enigmas que permeiam o mundo, abstém-se de desvendá-los, atribuindo tal incumbência à esfera científica. Em contraste, sua inquirição diante de um mistério reside na busca pela compreensão do porquê de sua existência.

 Karl Jasper, renomado filósofo do existencialismo alemão, amplamente reconhecido por sua prolífica produção filosófica, especialmente em sua obra significativa intitulada “Caminhos para a Sabedoria”, oferece uma perspicaz explanação sobre a disciplina filosófica. Esta obra, considerada introdutória à vida filosófica, apresenta de maneira eloquente o pensamento filosófico, delineando suas origens, correntes e desenvolvimentos. No cerne desse trabalho, Jasper proporciona uma valiosa contribuição à compreensão dos fundamentos e postulados da filosofia.

 De acordo com Jasper, o filósofo é movido por uma intensa curiosidade: “Filosofia significa: estar a caminho. Suas perguntas são mais essenciais do que suas respostas, e cada resposta se transforma em uma nova pergunta”.

 O autor postula que a essência filosófica reside no assombro, impulsionando o indivíduo em direção ao conhecimento. Nos dizeres de Jasper, “espantar- se impulsiona para o conhecimento. Ao espantar-me, tenho consciência de meu não conhecimento. Busco o conhecimento, mas apenas pelo conhecimento em si, e não para uma utilidade comum qualquer. Depois do espanto e da dúvida, trazer à consciência essas situações limítrofes é a origem mais profunda da Filosofia“.

 Nota-se que na concepção de Jasper sobre a relação do filósofo com Deus, emana a ideia de que a curiosidade, que caracteriza o pensar filosófico, não leva o filósofo ao conhecimento absoluto sobre si. Filosofar é uma maneira do homem se conhecer como uma criação de Deus: “É só no olhar para Deus que o homem cresce, em vez de esvaziar- se sem represamento, desembocando na nulidade do mero acontecer da vida”.

 
“Falar sobre o que é a Filosofia e sobre qual o seu valor é algo controverso. Dela esperamos esclarecimentos extraordinários, ou então a deixamos de lado, indiferentes, como pensamento sem objeto. Olhamos para ela com timidez, como o esforço importante de pessoas incomuns, ou então a desprezamos como elucubrações supérfluas de sonhadores. Consideramos a Filosofia como algo que diz respeito a todos e que, por isso, no fundo, deveria ser simples e compreensível, ou então a julgamos tão difícil que seria inútil nos ocuparmos dela. Aquilo que surge sob o nome de Filosofia, de fato, fornece exemplos de avaliações tão díspares”.

“A Filosofia é o que concentra, aquilo que faz a pessoa ser ela mesma, na medida em que faz parte da realidade”.

“Os três motivos eficazes– o espanto e o conhecimento, a dúvida e a certeza, o estar perdido e o tornar- se Si mesmo [Selbstwerden]– não esgotam o que nos move no filosofar presente”.

“É só na comunicação que se atinge o propósito da Filosofia, em que afinal se fundamenta o sentido de todos os propósitos: a percepção interior do Ser, a iluminação do amor, o aperfeiçoamento da quietude”.

“Se uma vida no mundo, mesmo sob a suposta condução de Deus, tentou o melhor e, no entanto, fracassou, permanece esta única realidade imensa: Deus é”.

“Nós, humanos, nunca somos suficientemente nós mesmos. Sempre insistimos em superarmos a nós mesmos e crescemos mesmo com a profundidade de nossa consciência de Deus, pela qual ao mesmo tempo nos tornamos transparentes para nós mesmos em nossa nulidade”.

“Conhecendo os limites do conhecimento, confiamos com clareza ainda maior na liderança, que encontramos para a nossa liberdade por meio da própria liberdade, quando relacionada a Deus”.

“Entendemos melhor aquilo que experimentamos no presente através do espelho da história”.

“É só no olhar para Deus que o homem cresce, em vez de esvaziar- se sem represamento, desembocando na nulidade do mero acontecer da vida”.

“Se a nossa vida não quiser se perder em distrações, ela precisa se encontrar em uma determinada ordem. No cotidiano, ela precisa do suporte de um Englobante, ganhar coesão na construção de trabalho, realização e momentos culminantes, e aprofundar- se na repetição. Então, a vida será perpassada ainda no trabalho de um fazer sempre igual por uma atmosfera que sabe estar atrelada a um sentido”.

“Filosofar é escolher o despertar da fonte original, encontrar o caminho de volta para nós mesmos, em busca do auxílio que vem da própria interioridade”.

“E levar uma vida filosófica significa também encarar com seriedade nossa experiência humana, de felicidade e tristeza, de sucesso e fracasso, de obscuridade e confusão”.

“O que as religiões executam no culto e na oração tem um análogo filosófico no aprofundamento expresso, na introspecção em si para o próprio Ser”.

“Por isso, a Filosofia exige o seguinte: buscar a comunicação constantemente, ousá- la sem barreiras, entregar- se à minha birrenta autoafirmação que sempre se insinua em disfarces sempre diferentes, viver na esperança de que me serei dado novamente de presente de modo imponderável a partir da entrega”.

“Por isso, preciso permanecer em dúvida constantemente, não posso me tornar seguro, nem me segurar em um ponto supostamente firme dentro de mim, que me ilumine de forma confiável e me julgue de forma verdadeira. Essa certeza de si é a maneira mais sedutora da autoafirmação inverídica”.

“Se o filosofar for aprender a morrer, então esse saber morrer é justamente a condição para a vida correta. Aprender a viver e saber morrer são a mesma coisa”.

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PASSAPORTE 2030

Em linhas gerais, constata-se uma notável fragilidade na memória coletiva dos brasileiros em relação a eventos históricos, fenômeno exacerbado por uma série de fatores educacionais e culturais. Destaca-se, nesse contexto, o papel proeminente desempenhado pela imprensa, que, ao transmitir as notícias, simultaneamente contribui para obliterar da memória popular acontecimentos que servem a determinados interesses.

Agravando esse quadro, as frequentes reviravoltas no cenário político, caracterizado por personagens pérfidos, frequentemente resultam em uma compreensão deficiente por parte da população em relação aos acontecimentos circundantes. Nesse sentido, é pertinente destacar a relevância do livro “Passaporte 2030”, do jornalista Guilherme Fiuza, no qual o autor oferece análises incisivas sobre um período crucial na história do Brasil, marcado por dois eventos de grande impacto: o governo bolsonarista e a pandemia da Covid-19. Nessas conjunturas, foi significativa a crise moral e ética que se desenrolou, caracterizada pelo assassinato da verdade e pela proliferação de notícias falsas, erodindo instituições respeitáveis como o Supremo Tribunal Federal (STF) e a imprensa, entre outras.

O teor da obra em questão assume uma natureza de denúncia e registro histórico, objetivando preservar a recordação dos eventos em sua genuinidade, em contraposição à tendência progressista de desconstrução da história em prol de narrativas concebidas. Ao percorrer as páginas desta obra contemporânea, o leitor depara-se com as incisivas críticas de Fiuza ao ativismo judicial, à emergência de um Estado judicial totalitário que, de maneira escancarada, subverte uma Corte Constitucional para servir a interesses políticos em detrimento de sua função de guardiã da Constituição, comprometendo a independência dos poderes. O autor também aborda o duplo padrão adotado pelas autoridades em relação às fake news e à vacinação contra a Covid-19, além de temas como o lockdown, a encenação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, a censura à liberdade de expressão e a erosão dos direitos civis de jornalistas e daqueles que se opõem e criticam o sistema vigente.

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