A MITOLOGIA CIENTÍFICA DO COMUNISMO

A mitologia cientifica do comunismo

A mitologia cientifica do comunismo

   Aquilo que é pensado como mito, será para sempre um mito. Viverá no imaginário e somente lá terá reconhecimentos e possibilidades. É um mundo imaginário, de faz de contas. Assim é o mito do comunismo. Assim vivem os que nele professam a sua fé na crença da perfectibilidade humana. Assim vivem e sonham os homens que querem reconstruir tudo, o mundo, o homem. O comunismo e todas as suas descendência são mais que um mito, é uma ilusão. É necessário muitos esforços mentais e espirituais para tornar uma ilusão em realidade. O preço que se paga é alto. Invariavelmente o mito ilusionista do comunismo se torna um monstro disposto a convencer a todos de que tem a solução universal para resolver os problemas deste mundo.  O maior pecado do comunismo é a promessa. Ele prometeu um mundo perfeito, habitado por pessoas perfeitas. Um mundo de deuses sem os erros humanos. Um paraíso na terra. Se existe um paraíso após a morte, talvez as vítimas do comunismo o tenham conhecido, pois na terra elas apenas sentiram na pele o inferno contido na promessa comunista.

Mas, por assim dizer, se pode insinuar que as utopias têm lá sua graça: um pouco de imaginação e se tem um lugar espiritual perfeito. Serve para aplainar as estradas esburacadas das nossas jornadas. É um lugar de fuga temporária para repouso do espírito e tonificação da mente. Mas é só  até aí. Uma pequena pausa entre o fim absoluto e o mundo real. Depois volta-se à realidade. A realidade comunista que se viu desde a Revolução Bolchevique foi de uma estrada pavimentada por milhões de mortes e a ditadura de uma elite mortal e nunca, jamais, a dos proletários como pregava Karl Marx.

Entretanto, a promessa do paraíso, do mundo perfeito, igualitário e livre só pode ser concebida num mundo mitológico. Onde o homem pode ser um deus e mudar o curso da história, redesenhar a natureza humana. A crença no comunismo é uma fé mitológica. Eis aí o perigo, porque mitos não morrem, se conformam no limbo entre a realidade e a fantasia. O comunismo é uma fantasia que se pensa realidade e se perpetua nas mentes de milhões que acreditam na religião comunista, o marxismo. Com efeito, muitas nações tombaram sob o peso do comunismo. A Romênia foi uma delas e um dos últimos redutos do comunismo no século XX. Caiu, e a sua queda foi marcada pela morte do seu líder, Nicolae Ceausescu, e do regime tendo o povo como protagonista. O povo romeno se rebelou contra o regime e seu líder, destruindo ambos. Deveras seria daí que as reflexões mais poderosas sobre os males do comunismo brotaram neste grande país. 

Lucian Boia foi, de certa forma, um filho bastardo da revolução comunista romena, como foram todos aqueles pensantes que nasceram na época da sua ascensão e contra ela se rebelaram. Tornou-se crítico do regime e um desmistificador do comunismo muito cedo. Para ele o comunismo nasce do sonho milenarista, por isso mitológico. Com razão, mostra que o marxismo que se diz científico nada mais é que uma mitologia que nem chega perto de ser uma ciência pela simples ausência de metodologias necessárias nas pesquisas científicas. Com o propósito de externar suas reflexões sobre as fábulas comunistas, o filósofo romeno Lucian Boia, escreveu uma interessante reflexão sobre o mito comunista intitulado “A Mitologia Científica do Comunismo”.

A referida obra explana em sete capítulos os pensamentos críticos de Boia acerca do comunismo e as suas falácias. A obra é “o estudo que precisávamos”, parafraseando a sua prefaciadora Bruna Tornay. De fato, milhares de livros e artigos já foram escritos contra e a favor do comunismo. Mas o que torna o livro de Lucian Boia interessante e de agregado valor, são as sutilezas e perspicácias do autor ao abordar temas já muito batidos. Escrever sobre, a favor ou contra, o comunismo não é uma tarefa difícil, mas fazê-lo com originalidade não é tão comum assim. Isso faz da “A Mitologia Científica do Comunismo” uma obra concluída, cuja mensagem se torna clara ao final da leitura: a de que o comunismo nasceu num momento histórico em que a alma do homem estava muito suscetível às influências do capeta. Ela veio através do comunismo, uma religião, cujo livros sagrados, “O Manifesto do Partido Comunista” e “O Capital” do seu messias Karl Marx, prometeu o paraíso na terra, porém esqueceu de avisar aos seus defensores que antes teriam que viver o inferno na terra. Assim se fez o mito comunista, cujas desastrosas consequências custaram a vida de milhões de pessoas em todo o mundo. O pior é que em pleno século XXI o mito do comunismo continua firme, ainda que muitos o professam veladamente, esquivam-se às questões que mostram que o comunismo não está morto como querem acreditar.

Analisemos as principais ideias do livro “A Mitologia Científica do Comunismo” de Lucian Boia em que começa com uma investigação dos seus fundadores e as principais ideias que fundamentam o comunismo, assim como mostra a tentativa por trás da suas teorias de reinventar a história, na busca de uma nova sociedade e de um novo homem. Mesmo que para isso seja necessário lutar contra a natureza, redesenhando-a à luz da utopia comunista.

Claro que figuras como Karl Marx e Engels não poderiam ficar de fora da sua análise e é por eles que o autor puxa a toada, pois conhecer as origens do comunismo e sua descendência é de vital importância para entender o hipnótico movimento que se diz mundial, quiçá universal. A primeira questão importante é saber o quanto de originalidade contém a ideia do Comunismo. De cara já se vê que as ideias comunistas carecem de originalidade. Como se vê na leitura da obra de Boia, ela surgiu bem antes da Revolução Industrial, período mais ou menos a que se atribui o início do comunismo.

Na supracitada obra parece que houve um “comunismo antes do comunismo”. Fica evidente ao lê-la que é assentado sobre a ideia do milenarismo que Lucian Boia reflete sobre os fundadores do comunismo e deste brota as suas sementes. Para Boia, “o sonho milenarista com seus episódios revolucionários do final da Idade Média e do início da modernidade, prefigura manifestamente os grandes traços da ideologia comunista”. Ou seja, não há originalidade nos princípios comunista, visto que como exemplifica o renomado autor, houve um comunismo primitivo muito antes do próprio “comunismo primitivo”. O que ambos, milenarismo e comunismo, têm em comum são princípios que se pretendem a transformação radical do mundo e da espécie humana. Como veremos mais adiante os comunistas, liderados por personagens como Stalin, levaram a ideia às raias da loucura. De Charles Fourier a Karl Marx, Deus cai e, mais que colocar o homem no centro do universo (antropocentrismo), como se pensou na Renascença e se fortaleceu no iluminismo, a fé comunista pretende transformar o homem no próprio Deus.

A dialética do materialismo histórico perpetrada por Marx busca na concepção de Boia é uma tentativa de reinventar a história.  Nisso se funda todo o idealismo por trás da teoria materialista de Karl Marx. Para Marx a história de todas as sociedades é a história das lutas classes, e é apenas isso que significa o seu materialismo histórico. Ele é a negação total da história em si com suas tradições e culturas em detrimento a uma só história, a do conflito de classes, proletariado contra capitalistas. Determinismo e simplificação é a marca deste pensamento.

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O BRASIL E A NOVA ORDEM MUNDIAL

o brasil e nova ordem mundial

o brasil e nova ordem mundial

Em seu primeiro livro “O Brasil e a Nova Ordem Mundial“, lançado em 2018 que alerta sobre as estratégias dos que estão por trás da NOM (Nova Ordem Mundial), o escritor brasileiro Alexandre Costa faz revelações assustadoras sobre as intenções de grupos poderosos que agem no background para criar um governo mundial. A NOM é um conceito nascido após as duas guerras mundiais que é amplamente discutido em contextos políticos, sociais e conspiratórios, sendo a conspiração mundial pela emergência de uma nova ordem a ideia de maior impacto no senso comum. A interpretação e o uso do termo variam a depender do contexto em que a ideia é discutida. Na verdade a NOM se refere a uma série de estratégias complexas orquestradas por grupos poderosos com tentáculos nos quatro cantos do mundo com o objetivo de implementar uma reorganização significativa do poder global. 

O contexto de relevo no livro  “O Brasil e a Nova Ordem Mundial” é o conspiratório, embora seja quase impossível, que o desdobramento do conceito conspiratório não resvale na vertente político-social. De acordo com a visão do autor, Alexandre Costa, a Nova Ordem Mundial é uma estratégia de alcance global que visa a criação de um governo mundial único que controlará todos os aspectos da vida das pessoas cujas ações alcançam a educação, a família, a religião, a economia, toda a sociedade com devastador efeito sobre a vida dos indivíduos. Em outras palavras, a NOM pretende dominar todos os nossos pensamentos sob a justificativa de que será criada uma sociedade global cujos objetivos são a paz e a prosperidade. Para isso, a NOM está demolindo todas as instituições e valores ocidentais atuais para recriá-las de acordo com a planificação da NOM. Tenha certeza que eles têm poder e muito dinheiro para realizar os seus objetivos. Eles são os donos do mundo. Veja o que diz Costa:

“Nunca podemos esquecer: os megalomaníacos que estão por trás destes projetos totalitários possuem todas as ferramentas, o dinheiro necessário e o apoio de algumas das mentes mais privilegiadas do nosso tempo.” Costa

Alexandre Costa centra sua obra nas estratégias da NOM para remodelar a política, a economia e a sociedade nos países subdesenvolvidos. É neste contexto que o Brasil se enquadra. Para Alexandre Costa, o Brasil é a bola da vez. O autor adverte que desde o período Imperial brasileiro, o Brasil vem sendo manipulado pelos Rockefeller e pelos Rothschild, elites poderosas que estão por trás da NOM.

“Simplificando um pouco mais, podemos dizer que a NOM é um plano multifacetado que tem a intenção de criar uma nova civilização, com o poder centralizado nas mãos de poucos e acima das tradições e dos políticos tradicionais.” Costa.

Isso não é difícil quando se encontra um povo dócil, ignorante e semianalfabeto como nós, brasileiro. Basta lembrar o que se atribui ao líder bolchevique Vladimir Lênin ao modelar as suas estratégias para implantar o seu comunismo de acordo: Usaremos idiotas úteis na linha de frente. Incitaremos o ódio de classes. Destruiremos a sua base moral, a família e a espiritualidade. Comerão as migalhas que caírem de nossas mesas. O Estado será Deus. O fato é que não faltam idiotas úteis em nosso tempo. Tenha sido Lenin ou não quem a proferiu, eles, os idiotas úteis, estão em todas as partes servindo às elites por migalhas de poder, prestígio e reconhecimento, sem nenhum peso na consciência, vale a pena ressaltar. Ou então, o que é bem pior: por pura burrice mesmo. Afinal os poderosos precisam deles para levar o seu plano para frente. Nas palavras de Alexandre Costa abaixo perceba o importante papel dos intelectuais, profissionais da cultura, profissionais da educação e políticos para a implantação da NOM:

“Para que um plano tão amplo e complexo funcione como uma engrenagem, são necessários alguns eixos principais e vários outros periféricos, que servem para apoio, rotação ou torque e podem eventualmente funcionar em sentido contrário à peça que sustenta.” Costa

Alexandre Costa traz o cerne da questão para o debate e reflexão, primeiro partindo da compreensão do que é a NOM, como funciona a sua estratégia, quem são os seus idealizadores e controladores, quando e onde ela será implementada, e o porquê, ou seja, qual o verdadeiro propósito da NOM. Segundo, apontando questões essenciais como os banqueiros, as fundações, os governos e os intelectuais e como essas elites, se utilizando do “politicamente correto” e dos ativismos para convencer as massas e desvia brutalmente a visão delas da realidade que a cerca e assim poderem levar os seus planos adiante. É o que nos mostra Alexandre Costa explicar o funcionamento da engrenagem NOM com apoio de diversos organismos mundiais como OCDE, OMS, ONU entre outros: “Entre os eixos principais podemos incluir o aumento do poder do Estado, com a regulação de todas as condutas humanas, a criação de estruturas globais que diminuam a força das soberanias nacionais, e a concentração de mercados nas mãos das grandes corporações internacionais”. Não esqueçamos do poder absurdo que detém atualmente as bigtech e a indústria farmacêutica para exemplificar algumas.

Segundo o autor, recentemente tivemos fatos que mostram o quanto a NOM penetrou no Brasil, criando os meios para que o Brasil sediasse a Copa do Mundo de Futebol Masculino 2014 e os Jogos Olímpicos 2016. Tudo não passou de uma orquestração global das elites do poder para cooptar o Brasil como parceiro da NOM. Devido ao seu tamanho geográfico, às suas riquezas e ao seu posicionamento estratégico na América do Sul e como um dos integrantes do BRICS (bloco econômico formado inicialmente pelo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), para Alexandre Costa o Brasil é a “cereja do bolo” para a NOM. Ainda segundo o autor, no Brasil a coisa pega fogo, literalmente. Povo dócil e hospedeiro não percebe as armadilhas que a matilha preparou para os cordeirinhos.

“Por último, mas não menos importante, considero o Brasil, ao menos neste momento, o alvo principal, aquele que está sendo atacado com mais voracidade e, muito provavelmente, servirá de modelo para os próximos ataques. Somos a bola da vez, infelizmente.” Costa

Na obra supracitada vamos saber de coisas do tipo: Qual a relação de Mario Garnero, que abriu as portas das pessoas e organizações mais ricas do mundo, com Lula e Aécio Neves? Alexandre Costa promete demonstrar. Por que a copa e as olimpíadas não tiveram dificuldade em ser realizadas no Brasil, respectivamente em 2014 e 2016? O autor promete jogar no ventilador os pensamentos mais desconcertantes sobre a relação dos nossos governantes com as elites mundiais por trás da NOM.  O Brasil, pelo que Alexandre Costa nos mostra, não é a “cereja do bolo” por acaso. Além da sua influência geopolítica entre os países subdesenvolvidos, sobretudo na América do Sul e Central, é visto como um povo “macio” que aceita tudo “goela abaixo” sem questionar, desde que tenha carnaval, cerveja ou, como dizia os romanos, “pão e circo para o povo”. 

Enfim, acreditamos que vale a pena ler “O Brasil e a Nova Ordem Mundial”. O que se pode perder com a leitura do livro aqui comentado? Se você é do tipo que acredita que tudo não passa de uma Teoria da Conspiração, recomendamos ler como uma ficção… quem sabe? Se você é o tipo do sujeito desconfiado, cético mesmo, do tipo que acredita que “onde há fumaça há fogo”, a leitura é altamente recomendável. Em todo o caso deixo as recomendações do próprio autor ao finalizar a introdução do seu livro: Se você já conhece tudo sobre o assunto, dê o livro para o seu irmão, para o seu amigo ou vizinho, leia para o cachorro e repita para o papagaio até ele decorar”.

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A HISTÓRIA DO FEMINISMO NO BRASIL

A historia do feminismo no brasil

A historia do feminismo no brasil

 Atualmente, fala-se muito em feminismos plurais. De acordo com a visão da escritora e filósofa feminista Djamila Ribeiro, ao organizar a coleção feminismo plurais, objetiva celebrar a diversidade em todas as suas formas. Na concepção de Djanira Ribeiro há várias vertentes do feminismo. Quando o movimento surgiu não se falava em pluralismo, mas em reivindicações pelo direito das mulheres. Por isso, conhecer a origem do feminismo é fundamental para evitar distorções e enviesamento das suas ortodoxias. No Brasil, o feminismo teve consagrados nomes que diferente de hoje buscavam legitimar os direitos das mulheres. Nesta perspectiva, a leitura dos livros “O Voto Feminino no Brasil”, de autoria da historiadora Teresa Cristina de Novaes Marques e o livro “O Início do Feminismo no Brasil”, da coleção de Vozes do Feminismo, é  de suma importância para a compreensão do que é verdadeiramente o feminismo. 

O primeiro livro, O Voto Feminino no Brasil, mostra a história da evolução do movimento feminista desde a Revolução Francesa, exemplificando a luta determinada da francesa Olympe De Gouges ( 1755 —1799) e do mesmo período, apresenta a obra de Mary Wollstonecraf(1759—1797) ” A Reivindicação dos Direitos da Mulher e da Cidadã”. No Brasil, segundo Teresa Marques, foi Nísia Floresta(1810—1855) quem traduziu em 1832 a obra de Mary Wollstonecraft, e por este feito Nísia Floresta é considerada uma das pioneiras do feminismo no Brasil. O livro “O Voto Feminino no Brasil” cataloga de maneira concisa e bastante alucinativa o trabalho de outras pioneiras sufragistas como Josefina de Azevedo (1851), Bherta Lutz (1894—1976) e Olinda de Figueiredo Daltro (1860—1935) esta última considerada por alguns,  como a primeira feminista do Brasil.

Outras feministas como Almerinda de Farias Gama (1899—1999), primeira negra feminista letrada e Carlota Queiroz (1892—1982), todas com significativas contribuições na luta pelos direitos das mulheres. A supracitada obra faz justiça ao registrar o posicionamento de ilustres homens da época  entretanto, nesta obra, ficam registrados importantes nomes masculinos da época, destacando-se alguns como Joaquim Saldanha Marinho (1806—1895), Costa Machado (1829—1877), José Antônio Saraiva (1823—1895), José de Alencar (1829—1877), José Bonifácio (1763—1838) evidenciando assim o importante apoio masculino ao movimento feminista.

Já a segunda obra é toda devotada biografia de Leolinda Daltro, mulher, mãe e feminista que abriu mão de cuidar dos seus filhos para dedicar a sua vida à causa das mulheres. Todas essas mulheres retratadas nas duas obras são exemplos da verdadeira luta das mulheres pelos seus direitos. Sem vitimismo e sem alusões ao “patriarcado” e apoiadas nas suas épocas por muitas personalidades masculinas, essas mulheres conquistaram “os lugares de fala” que hoje, como destaca de Djamila Ribeiro, é ocupada por ausência de representatividades autênticas.

Revisitar essas vozes do passado é importante porque há um grande equívoco na real compreensão sobre o verdadeiro significado do que é o movimento feminista. Alguns movimentos igualitaristas, a exemplo do movimento LGB, se apossaram das ideias centrais do feminismo e fez destas, ao seu modo, a sua bandeira pela liberdade e igualdade de direito das “minorias”. Na verdade essa luta de reivindicação sempre existiu, pois onde havia uma ou mais mulheres reivindicando direitos e liberdades iguais aos dos homens, onde houvesse mulheres se opondo ao autoritarismo dos seus maridos, namorados e chefes, estava caracterizada a luta pelo Direito da mulher. Deveras, feminismo não é obrigatoriamente movimento homossexual.

A marcha histórica do feminismo é longa.  Pode-se afirmar que o movimento começou no século XVIII, nas figuras da inglesa Mary Wollstonecraft e da francesa Olympe De Gouvêa, fazendo destas as  pioneiras na reivindicação dos direitos das mulheres no. Na sociedade machista da sua época, ambas tiveram papeis marcantes e sacrificaram a tranquilidade das suas vidas ao se posicionarem contra a opressão, o preconceito e a submissão que viviam as mulheres. Certamente, antes delas houve mulheres que lutaram por seus direitos, mas a história delas ganharam tremenda relevância graças à Revolução Francesa. 

Entretanto, ao olhar para o feminismo moderno e o feminismo antigo uma questão vem à baila: o que é o feminismo? No passado, as duas primeiras onda do feminismo deixam claro pelo que as mulheres lutavam. Mas por que as feministas de hoje lutam? O que elas querem? O que elas reivindicam? Não há consenso entre as feministas modernas sobre pelos quais valores elas lutam. 

Há um fato curioso acerca do que venha ser a feminista e o que as define. Para o senso comum todas as feministas são lésbicas. Ledo engano: toda lésbica é feminista, mas a recíproca não é verdadeira. Vejamos como exemplo a escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie, autora do best seller “Hibisco Roxo”, é uma feminista que dedica toda a sua força intelectual para acabar com a opressão que vivem as mulheres, sobretudo no seu país de origem. Entretanto, ela é  casada e mãe  de vários filhos. 

Há ainda as que são lésbicas mas que discordam de muitos dogmas e ideologias do feminismo como a intelectual feminista Camille Paglia. Suas obras vão de encontro aos discursos feministas atuais. Nelas ficam evidentes que há uma nítida diferença entre o feminismo atual, o chamado feminismo da terceira geração, e o feminismo clássico que reivindicava igualdade entre os sexos. A escritora Christina Hoff Sommer declara que existem dois grupos de feministas: as feministas da equidade e as feministas de gênero.  O primeiro defende a igualdade de direitos e oportunidades entre homens e mulheres, o segundo nutre um profundo desprezo pela figura masculina e tem como objetivo acabar com a masculinidade. Com efeito, no Ocidente a fragilidade masculina é evidente e continua em declínio. Sem referencial, o homem moderno ocidental  vive no narcisismo e covardemente não reage à ditadura das feministas radicais.

Assim como as duas autoras supracitadas, muitas mulheres feministas têm se preocupado com as feições que o feminismo está adquirindo.  O que antes era a luta pelo direito das mulheres de trabalhar, votar, estudar, ser livre tornou-se arma de exterminação em massa da masculinidade, desconstrução de valores tão caros à formação da humanidade. Mulheres e homens se completam na sociedade. O feminismo deveria manter as suas tradições.

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CARTA SOBRE A TOLERÂNCIA

carta sobre a tolerancia

carta sobre a tolerancia

  Cartas Sobre a Tolerância foi escrita em 1689, pelo filósofo inglês John Locke, em meio a intensos conflitos religiosos de grande proporção entre as igrejas católicas, protestantes e anglicanas. Este ensaio foi muito importante para o que Locke viria a escrever mais tarde sobre a liberdade em seu famoso livro Segundo Tratado Sobre o Governo Civil. Desta forma, à tolerância religiosa se seguiu a liberdade religiosa e essas noções foram fundamentais para a germinação de ideias que em pouco tempo seriam decisivas para a fundação do liberalismo clássico lockeano. “Cartas Sobre a Tolerância” se tornou um marco histórico por conter as ideias germinais que fundamentaram o pensamento moderno sobre liberdade e tolerância. Também foi um ponto importante na oposição que as elites intelectuais faziam ao absolutismo, marcando assim o início do seu declínio como forma de governo. É neste contexto histórico que o iluminista John Locke escreveu “Carta Sobre a Tolerância”, endereçando-a a um amigo, a fim de manifestar a sua posição sobre a intolerância religiosa que se apresentava naquela época. De fato, magistrados e a Igreja não distinguiam o governo das almas do governo civil, lembra o ilustre filósofo. Para Locke este período é marcado pelo empenho dos reis e magistrados para obter riquezas, prestígios e domínio sobre o povo, preservando o status quo. Do mesmo modo ele faz crítica a intolerância religiosa dos clero. 

 Nessa perspectiva, Locke sustenta que a tolerância deve ser a marca distintiva de qualquer religião, principalmente quando se tratar das Igrejas católicas e protestantes, cujos conflitos religiosos entre os séculos XVI e XVII, causados pela intolerância, arruinou a Europa. Do mesmo modo, Locke se opunha à soberania da igreja como governante secular, visto que a Igreja e o soberano disputavam o poder político. Para Locke a verdadeira função da religião é regular a vida dos homens segundo as regras da virtude e da piedade e que está na tolerância religiosa um exemplo da aplicação direta dos ensinamentos de Jesus Cristo. Locke assegura que a verdadeira função da religião consiste “em algo completamente distinto”, e que a religião “não é instituída a fim de erigir pompa exterior, nem para obter domínio eclesiástico ou para exercer força coerciva, mas para regular a vida dos homens segundo as regras da virtude e da piedade”, portanto de certa maneira, Locke pressupõe que é necessário que a Igreja e o Estado tenham funções distintas, sem que um se intrometa nos assuntos do outro, noção muito cara aos iluministas da época. Ele argumenta que o governo tem como função primordial a segurança dos governados, protegendo os seus bens, garantido os seus direitos civis e liberdades. Essas ideias, vistas em “Segundo Tratado Sobre o Governo Civil” , outorgam ao governante as prerrogativas da força da Lei e da violência quando necessário para garantir a ordem. 

Entretanto, Locke tinha bem claro a ideia dos papeis da Igreja e do Estado a ponto de argumentar que o uso da força é um expediente apenas do governante, não devendo nenhuma pessoa, usar a força, excetuando apenas os casos de autodefesa contra a violência injusta, do mesmo modo ele argumenta que nenhuma pessoa privada tem o direito de prejudicar de qualquer maneira outrem no gozo de seus direitos civis por ser este de outra Igreja ou religião, de onde conclui que ninguém, portanto, in fine, sejam pessoas ou Igrejas, e sequer comunidades, pode, a justo título, violar os direitos civis e os bens terrenos de outrem em nome da religião. Sendo assim, de acordo com a sua concepção de governo civil é função do Estado garantir a inviolabilidade dos bens do cidadão até mesmo contra os abusos da Igreja.

Não obstante, Locke apresenta três considerações que fundamentam a sua tese de que o governo civil não deve exercer o papel que Deus delegou à Igreja. Em primeiro lugar, Locke explica, não deve porque não cabe ao magistrado civil o cuidado das almas não mais do que a quaisquer outros homens. Em outras palavras, na visão de Locke, quando se trata de cuidar da alma do homem, o governante civil não tem autoridade para fazê-lo, deixando claro que a autoridade do Estado é apenas civil e que Deus não lhe conferiu nenhum poder divino ao governante, como comumente se acreditava na época. Em segundo lugar, Locke sustentava que o cuidado das almas não pode ser de competência do magistrado civil porque o poder deste consiste totalmente em força exterior, enquanto a religião verdadeira e salvadora consiste na persuasão interior do espírito, sem a qual nada pode ser aceitável para Deus. Na sua terceira consideração Locke argumenta que o cuidado da salvação das almas não pode ser de responsabilidade do magistrado porque mesmo que a autoridade das leis e a força das penas fossem capazes de convencer e mudar o espírito dos homens, isso em nada ajudaria a salvação de suas almas. Portanto, Locke acreditava que o poder do governo civil se relacionava apenas aos interesses civis dos homens e nada mais. Ele defendia que cabia apenas a Igreja o zelo das almas das pessoas, mas esta não tinha absolutamente nenhuma autoridade para discriminar quem quer que fosse pelas suas opções religiosas.

De fato, como um bom cristão Locke compreende bem que a intolerância religiosa é uma desobediência direta dos ensinamentos de Jesus Cristo, porque, para ele a crer no Evangelho e nos apóstolos, ninguém pode ser cristão sem caridade, e sem aquela fé que age, não pela força, mas pelo amor. Diante disso, apelo à consciência dos que perseguem, atormentam, destroem e matam outros homens sob o pretexto da religião. Locke critica aqueles que se dizem bons cristão, mas fazem exatamente o oposto do que é ensinado nas Sagradas Escrituras. Para estes, Locke adverte: quem faz o contrário, sendo cruel e implacável com os que discordam de sua opinião, mas tolera iniquidades e vícios morais que não condizem com a denominação de cristão, por mais que fale acerca da Igreja, demonstra claramente por suas ações que busca outro reino, e não o avanço do Reino de Deus.

As reflexões de Locke evidenciam as urgências de uma época marcada pela intolerância como regra e pela busca da liberdade como ideal. Esse anseio por um mundo de pessoas realmente livres, com direitos assegurados e comprometidas com a felicidade, foi também o grande objetivo dos iluministas entre os séculos XVII e XVIII, assim como continua sendo um imenso objetivo da humanidade contemporânea. Apesar dos avanços na conquista de liberdades e direitos, ainda estamos longe de alcançar o ideal. Em nossa época, enfrentamos mais intolerâncias do que no tempo de Locke, incluindo fundamentalismo religioso, racismo, identitarismo e intolerância política, entre outras. Locke advertiu, com notável clareza, que nenhuma paz e segurança, muito menos amizade, pode ser estabelecida ou preservada entre os homens enquanto prevalecer a opinião de que o domínio se funda na graça e de que a religião deve ser propagada pela força das armas. O apelo à tolerância reflete um desejo universal da humanidade, tanto hoje quanto no “Século das Luzes”. No entanto, enquanto não superarmos a intolerância que nutrimos em relação ao vizinho, ao colega de trabalho ou a pessoas próximas, não seremos capazes de erradicar suas manifestações mais extremas, como o fundamentalismo.

 

Reflexões

Considerando ser de vosso agrado perguntar minha opinião acerca da tolerância mútua entre cristãos em suas diferentes confissões religiosas, devo responder, com brevidade, que considero a tolerância a principal marca distintiva da verdadeira Igreja.

A função da verdadeira religião consiste em algo completamente distinto. Ela não é instituída a fim de erigir pompa exterior, nem para obter domínio eclesiástico ou para exercer força coerciva, mas para regular a vida dos homens segundo as regras da virtude e da piedade.

A crer no Evangelho e nos apóstolos, ninguém pode ser cristão sem caridade, e sem aquela fé que age, não pela força, mas pelo amor. Diante disso, apelo à consciência dos que perseguem, atormentam, destroem e matam outros homens sob o pretexto da religião.

Essas considerações, entre muitas outras que podiam ser arroladas com o mesmo propósito, parecem-me suficientes para concluirmos que todo o poder do governo civil diz respeito apenas aos interesses civis dos homens, estando restrito a cuidar das coisas deste mundo, e nada absolutamente tendo que ver com o mundo por vir.

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NÃO BASTA SER RACISTA SEJAMOS ANTIRRACISTAS

Nao basta nao ser racista sejamos antirracista

Nao basta nao ser racista sejamos antirracista

O livro Não Basta Não Ser Racista, Sejamos Antirracistas, foi escrito pela socióloga Robin Diangelo. Ela é uma ativista na luta contra o racismo e aborda na obra o delicado tema do racismo velado, um problema real. Para Robin Diangelo, ser branco gera uma série de respostas indutoras de estresse, ao reinstalar o conforto racial e manter o domínio em uma hierarquia racial benéfica para os brancos. A esse processo Robin Diangelo denomina Fragilidade Branca, uma confusa tentativa de culpar os brancos por todos os males que recaíram sobre os negros. A socióloga assegura que “embora seja acionada pelo desconforto e pela ansiedade, a fragilidade branca nasce da superioridade e do direito. Ela não é fraqueza per se. Na realidade, é um meio poderoso de controle racial branco e de proteção das vantagens brancas”. A autora tem a seguinte posição sobre a sua obra: “Este livro está assumidamente arraigado na política de identidade. Sou branca e me dirijo a uma dinâmica branca comum. Escrevo principalmente para um público branco; quando uso os termos nós e nos, refiro-me à coletividade branca. Esse uso pode até abalar leitores brancos, porque rarissimamente somos convidados a pensar sobre nós ou sobre nossos semelhantes brancos em termos raciais”. Aqui, Robin Diangelo vê a pessoa branca como um único paciente que precisa de remédio.

Desta maneira, Robin Diangelo deixa claro em sua obra que todos os brancos são culpados pelo racismo. Ela afirma: “Este livro é para nós, para os progressistas brancos que tão frequentemente — a despeito de nossas intenções conscientes — dificultamos tanto a vida das pessoas de cor. Acredito que progressistas brancos são os que causam diariamente o maior prejuízo às pessoas de cor”. Então a ilustre autora joga todo o peso nas costas da esquerda americana e por tabela na esquerda em todo o mundo.

Segundo Robin Diangelo, o racismo nasce quando preconceitos coletivos recebem o apoio de autoridades legais e é submetido ao controle institucional. Desta maneira, na visão da autora, o indivíduo não é racista, mas é o Estado que transforma o indivíduo preconceituoso em racista. Curiosamente, toda a obra de Robin Diangelo parece ser direcionada para os indivíduos e não para as instituições e autoridades legais. Portanto, ao atribuir a causa do racismo a uma abstração, automaticamente, todos os indivíduos tornam-se culpados pelo racismo.  

Para Robin Diangelo o racismo não é apenas do branco para o negro. Existe o racismo do negro para o branco. Mas neste caso, segundo a autora, não se pode chamar essas pessoas de racistas, pois elas carecem do poder institucional e social que transformem o seu preconceito e discriminação em racismo. Com efeito, Robin Diangelo reconhece a existência do racismo reverso, porém não vê sentido neste conceito, pois conforme as suas palavras, o preconceito sempre se manifesta em ação porque a maneira segundo a qual vejo o mundo determina minhas ações nele. Todos têm preconceitos e todos discriminam. Diante desse dado de realidade, inserir o adjetivo “reverso” não faz o menor sentido”. Com isso ela procura justificar o injustificável e ignora o fato de que o preconceito e a discriminação são repreensíveis seja do branco para o negro ou do negro para o branco. Os negros que são preconceituosos e discriminam outros negros alerta a autora, são tão racistas quantos os brancos e ainda por cima beneficiam os brancos com a sua atitude racista. Nas palavras de Robin Diangelo: “Quando digo que só brancos podem ser racistas, estou afirmando: só os brancos têm poder institucional, social e privilégios sobre as pessoas de cor. Os negros não têm o mesmo poder e privilégio sobre os brancos”. Entretanto, ela faz uma observação importante:Nesse contexto, a supremacia branca não se refere às pessoas brancas individualmente e a suas ações ou intenções individuais, mas a um sistema de dominação política, econômica e social abrangente”.

Em síntese, ser antirracista, na concepção da socióloga Robin Diangelo, é uma postura que exige do branco uma eterna retratação. Mas que isso, um branco para ser antirracista precisa fazer uma autocrítica publicamente e jamais se colocar em posição de discordância frente a atitudes e falas dos negros, ainda que nós não tenhamos razão, como uma forma de reconhecer que nunca nos foi dado as oportunidades que os brancos tiveram. Isso é um contrassenso.

É óbvio que o racismo existe. Ignorar questões raciais não elimina o problema como acreditam os defensores do chamado racismo daltônico, pois raça e racismo existem quer queiramos ou não. Do mesmo modo, o racismo aversivo não leva a um diálogo construtivo e nesta perspectiva concordamos com Robin Diangelo. Entretanto, é preciso viver a dinâmica real do racismo e somente os negros tem essa experiência.  Então, a questão é saber o que nós negros queremos. Que sociedade queremos viver e com quem queremos compartilhar os nossos sonhos e realizações. Pergunta que precisa ser feita ao negro comum e não o militante. Neste sentido, as teorias identitárias pouco têm a oferecer.

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O QUE É ANTISSIONISMO

Há pouco conhecimento e muitas opiniões quando se trata do conflito entre os judeus e os árabes. O livro “O que é Antissionismo”, de Henri Stellman, é uma tentativa de pôr um pouco de luz nesta Torre de Babel num ponto específico: o que é o antissionismo e como ele se distingue do antissemitismo.

A obra procura mostrar dois aspectos do antissionismo: o que é o antissionismo, onde e como ele atua e qual é o seu objetivo. Segundo, o autor mostra como a esquerda, através das críticas de pensadores como Proudhon e Marx, entre outros, ajudaram a construir uma ideologia que levou ao surgimento da judeofobia.

Em linhas gerais, o antissionismo em sua amplitude, destaca Stellman, é uma tentativa de minar a aceitação de Israel pela comunidade internacional das nações, assim como privá-lo de qualidades humanas positivas e retratá-lo como ímpio, numa clara intenção de deslegitimar, desumanizar e demonizar Israel.

Portanto, antissionismo e antissemitismo são dois gumes da mesma espada inimiga que paira sobre a cabeça do “povo escolhido”. Para Stellman o antissionismo (negação à identidade de Israel como nação) e o antissemitismo (ódio aos judeus) ganharam uma força descomunal após a criação do Estado de Israel em 1948 devido às ideologias conflitantes da esquerda. Ele adverte que há uma tradição de hostilidade aos judeus desenvolvida, sobretudo, no século XIX.

Com efeito, Stellman exemplifica a atuação de vários pensadores de esquerda no sentido de tornar o povo judeu “persona non grata”. Neste sentido, ele dedica vários capítulos para mostrar como ideias de  Proudhon, Karl Marx, Engels, Kautsky, Stalin, Adler, Bauer, Akreiski, entre tantos outros importantes personalidades da esquerda influenciaram e puseram o Ocidente, nos séculos XIX e XX, contra os judeus alimentando a oposição ao sionismo. Para o autor, a dimensão ideológica antissionista de esquerda é a explicação e a justificativa para este tipo de oposição.

Além disso, o autor ver diversas causas que dão origem ao antissemitismo. Mas vale destacar o fato de ele afirmar que muitos são antissemitas porque estão na moda. Pelo menos é o que se tem visto. Atualmente, intensificado pela guerra impetrada por Israel contra o grupo terrorista Hamas, está na moda ser pró-palestina e anti-Israel. Entretanto três aspectos devem ser considerados quando se trata do antissemitismo. A questão judaica é antes uma questão política, de direito, religiosa e territorial. Para os judeus é uma questão de identidade.

Nesta perspectiva, o socialismo, o comunismo, são conceitos políticos altamente antissionistas. Vale destacar que, segundo Stellman, há antissionismo até mesmo entre os judeus, como fica evidente nos ensaios de Rodson que versa sobre a natureza colonial dos judeus. Neste contexto, Stellman esclarece que além das conspirações verificadas em textos nazistas, cristãos, neonazistas e negacionistas do holocausto, há um desdobramento dentro da comunidade judáica cujo pensamento é a antípoda do judaísmo na questão do Estado de Israel. 

No antissionismo judáico, o autor destaca as seguintes correntes de pensamentos ideológicos: os emancipacionistas, o antisssionismo ortodoxo e o antissionismo de esquerda. Porém, para o autor, o mais violento é sem dúvidas o antissionismo árabe e muçulmano. Escreve Stellman que é notório o uso da violência por grupos extremistas que com base em seus fundamentalismo sequestram, torturam, estupram e matam e chamam isso de guerra santa, ou Jihad. 

Em resumo, após a leitura deste pequeno livro sobre antissionismo, que toca de forma breve em assunto tão complexo, mas nem por isso menos esclarecedor, fica evidente que usar um lenço ou hastear bandeira em pró-palestina e vociferar palavras de ódio aos judeus é leviandade. Os jovens deveriam ler sobre a história factual da incrível e sofrida jornada de do povo judeu. Consequentemente, o conflito milenar entre Israel e a maior parte do mundo árabe pode ser a guerra do apocalipse de João, o prenúncio do Armagedon. Mas enquanto isso não ocorre: jovens, informai-vos.

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RACISMO WOKE

A cultura woke é um movimento social perigoso. Ele é tão radical e perigoso que tem deixado muitos segmentos ideológicos da esquerda apreensivos. O pensamento woke é questionável por todos que não são woke mas compreendem o seu significado e objetivos. Na verdade, a questão identitária, base do pensamento e ações woke ( o wokeismo também conhecido como “justiça social em perspectiva crítica”), deixou de ser uma representação honesta daqueles que anseiam por justiça social para ser, em ações violentas, irracionais e estúpidas, um instrumento de destruição do Ocidente.

Com efeito, desprovidos de qualquer lógica argumentativa e senso de proporções, a fim de fazer de se opor “a branquitude”, os wokes criticam todas as ideias e atos que são contrárias às suas. Para atingir tais objetivos, eles estão buscando a destruição de instituições que na sua visão homenageiam aqueles que foram responsáveis pela escravidão dos negros e instigam o cancelamento de pessoas que não aderem aos seus dogmas, sejam elas negras ou brancas. Destarte, parece que os wokes são movidos apenas por uma ideologia: o ódio absoluto a tudo aquilo que se coloca contra a sua visão de mundo. O movimento woke partiu de um dos segmentos da esquerda, porém não se identifica com ela.

Contra esse disparate, a direita e a esquerda se tornaram aliados para frear o impulso destrutivo da cultura woke. Neste contexto, destacam-se as contundentes críticas do linguista norte-americano John McWhorter em seu livro “Racismo Woke“. Nesta impactante obra, o renomado professor demonstra que a militância woke traiu o movimento antirracista, criando como arma de destruição uma espécie de racismo alimentado por puro ódio provido de extrema irracionalidade contra tudo que não estão de acordo com às suas crenças e valores. Desta maneira, o movimento woke se coloca na contramão da luta por igualdade de direitos, pelo fim da pobreza e por uma “justa justiça”, que há décadas são as legítimas bandeiras dos movimentos contra o racismo.

“O movimento antirracista contemporâneo não trabalha para combater o racismo, trabalha, sim, para combater alguma forma de racismo”

Realmente, John McWhorter se coloca em uma posição perigosa ao se declarar um opositor à cultura woke. Em seu livro aqui discutido, há vários exemplos de pessoas de esquerda que expuseram suas críticas aos wokes e foram trucidadas pelo “trator woke”. Deveras, na visão deles, quem não é woke é seu inimigo. De fato, John McWhorter faz uma corajosa crítica,  como se ver neste trecho da sua obra: “tudo o que você disser, pensar, fazer que não esteja de acordo com a cartilha dos justiceiros sociais fará de você um racista”. 

Para o autor da obra supracitada, na cartilha dessa gente, você deve ser um antirracista, desde que encontre reciprocidade nos fundamentos do pensamento woke, assegura o professor, ser woke é pertencer a um fundamentalismo religioso, razão pela qual, em sua concepção, o wokeismo é uma religião, e não um lugar onde se possa discutir ideias e fazer críticas construtivas. John McWhorter adverte que, “se você é um antirracista nos moldes que não encontrem ecos na doutrina fundamentalista dos wokes, então você é um racista.” Desta maneira ele identifica a irracionalidade e a estupidez como princípios do movimento woke que utiliza essas ideias como um instrumento de coerção: se você não está disposto a perder o seu emprego, ver destruída a sua carreira, ser literalmente cancelado, siga a cartilha woke religiosamente.

Embora o professor dê indícios de que é um ateu de esquerda, pois isso parece evidente ao usar a religião cristã como analogia ao dogmatismo woke, deve-se levar em consideração que ao esse instrumento como forma de comparação crítica, ele, assim como tantos outros intelectuais, professores, artistas de esquerda, têm se aliado à direita moderada objetivando frear o movimento woke e sua cultura de destruição. O que importa, nesta perspectiva, conforme vimos até aqui sobre o wokeismo,  é pôr um basta nisso tudo, pois no final das contas, o que importa mesmo é encontrar uma forma dos woke restabelecerem contato com as lutas pelos direitos civis, que tanto custaram à esquerda. Luta que para a esquerda moderada tem se mostrado uma tarefa inglória, dado o radicalismo irracional dos woke, que se opõem a qualquer diálogo que vá de encontro às suas ideias. Vimos no livro “Woke S.A.” de Vivek Ramaswamy, postado aqui no canal, o quanto é difícil lutar contra a ideologia woke. Mas, então, há alguma proposta que possa resolver este terrível conflito entre as esquerdas? 

Para John McWhorter há. Ele propõe uma polêmica solução em três frentes: acabar com a guerra e a proibição às drogas; ensinar a ler corretamente aos jovens negros e não negros; e superar a ideia de que todos devem ir à faculdade, apostando em cursos que dêem melhores perspectivas de vidas aos jovens. Bem, a mim não me parecem boas ideias. Embora eu acredite no poder da segunda frente, mas como bom conservador que sou, jamais concordaria com o fim da guerra às drogas, por acreditar que, ainda que a guerra às drogas não ponha fim para elas, pelo menos evita que o seu uso e comércio se alastre desenfreadamente com resultados catastróficos para toda a sociedade humana.

Entretanto, vale destacar, o próprio professor foi cético ao propor a solução, pois ele sabe que os “eleitos” — denominação que ele criou em comparação com os judeus, os escolhidos — estão em todas as esferas do poder e em todas as instituições para agirem no menor sinal de manifestação contrária. Afinal, nas palavras do ilustre professor: “todas essas pessoas, os woke, querem mesmo é holofotes, fama, dinheiro e poder. Nunca foi pela defesa dos negros!” Sábia observação do professor. Por fim registre-se também esta: “para essa gente, não há limites para a sua fome por justiça social, mesmo que tenham que ser injustos!”.

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AS LEIS FUNDAMENTAIS DA ESTUPIDEZ HUMANA

              Não é estupidez afirmar que vivemos a era da estupidez, por mais paradoxal que pareça. Também é factual que em algum momento das nossas vidas tenhamos cometido algum tipo de estupidez. Isso faz parte da vida, dos erros e acertos inerentes à evolução humana. Às vezes ser estúpido pode ser uma questão de sobrevivência. O problema é quando a estupidez ultrapassa os limites do racional, beirando mesmo a barbárie. 

              Um observador muito atento logo percebe que as ideias e comportamentos que permeiam as sociedades modernas, sobretudo as ocidentais, têm levado a humanidade ao abismo moral. Não obstante, o fundamentalismo religioso, a proliferação das ideologias, a ascensão do totalitarismo, bem como as abordagens das teorias críticas, do pós-modernismo, do pós-colonialismo e do identitarismo são algumas vertentes do pensamento político e social modernos que não deixam outra alternativa que não seja ver a humanidade como a besta que imprime ataques devorando o próprio corpo. Em outras palavras, estamos no século em que a estupidez humana alcançou patamares absurdos. De fato, é impossível imaginar que esta situação não pode piorar. Assim, chegamos ao fundo do poço. Mas a origem da estupidez não se localiza nas instituições. Estas não são estúpidas, mas geridas pelos estúpidos. Portanto, a estupidez tem origem direta e incontestavelmente na figura do indivíduo.

              Para refletir sobre os porquês de termos chegado a este ponto de extrema estupidez, a leitura do livro “As Leis Fundamentais da Estupidez Humana” é de suma importância. De autoria do historiador Carlo Maria Cipolla (1922–2000), o livro aborda a estupidez como um comportamento nocivo com graves consequências para os indivíduos. Mas é mais que isso, uma vez que diz muito sobre as ideias políticas da sua época que envolveram o mundo em duas grandes guerras. Diz, sobretudo, da capacidade das pessoas de trazerem desgraças para si e para os outros.

              Na primeira lei da estupidez, Cipolla argumenta que o número de pessoas estúpidas é muito maior do que imaginamos. De fato, na atualidade, por exemplo, a estupidez nos meios políticos, artísticos, entre os intelectuais e pessoas ricas e influentes chega a ser uma aberração. Infelizmente a estupidez desce para as camadas menos favorecidas que somada à pobreza e a ignorância dá legitimidade às camadas superiores. 

“Todo mundo subestima, sempre e inevitavelmente, o número de indivíduos estúpidos em circulação.”

              A estupidez pode ser disfarçada por títulos, discursos obscuros e posição social. Para Cipolla, a pessoa estúpida vive entre nós e independente de quem ela seja. Esta é a segunda lei da estupidez.

“A probabilidade de determinada pessoa ser estúpida independe de qualquer outra característica dessa pessoa.”

              Cipolla observa que “a terceira lei fundamental pressupõe, embora não declare isso explicitamente, que os seres humanos classificam-se em quatro categorias básicas: o inteligente, o vulnerável, o bandido e o estúpido”. Desta asseveração Cipolla conclui que das quatros categorias a estupidez é prejudicial, inclusive, para a pessoa estúpida. Entretanto a estupidez tem direta relação com as outras três categorias.

“Uma pessoa estúpida é uma pessoa que provoca perdas para outra pessoa ou um grupo de pessoas enquanto não obtém nenhum ganho para si mesma, e possivelmente incorre em perdas.

              Há uma intrínseca relação, uma espécie de atração entre as pessoas estúpidas. Pessoas estúpidas atraem pessoas estúpidas criando uma rede de estupidez. Quantas pessoas apoiam pessoas estúpidas e as suas ideias absurdas? Muitas, ousamos afirmar. É o que nos mostra Cipolla.

“Pessoas não estúpidas sempre subestimam o poder de causar danos dos indivíduos estúpidos. Em particular, pessoas não estúpidas se esquecem constantemente de que em todo momento e lugar, e sob qualquer circunstância, lidar e/ou se associar com pessoas estúpidas resulta infalivelmente em um erro altamente custoso.

              Por fim, Cipolla afirma na sua quinta lei da estupidez que “uma pessoa estúpida é o tipo mais perigoso de pessoa.” De fato, a estupidez de Hitler causou a morte de milhões de pessoas, incluindo 6 milhões de judeus; a estupidez de Stalin e Mao deu cabo da vida de mais de 70 milhões de seus concidadãos, só para citar os mais assustadores. Nós, simples mortais, também somos estúpidos. A nossa estupidez está claramente retratada no nosso cenário nacional quando elegemos demagogos para nos governar. Então meus compatriotas, somos sim politicamente estúpidos, cidadãos estúpidos.

              As ideias estúpidas são armas de destruição em massa que quando postas em mão de pessoas estúpidas matam milhões de indivíduos, destroem valores e afunda as civilizações em era de morte e barbárie.

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KADOGOS

Em pleno século XXI milhares de crianças em vários países africanos são sequestradas para servir como crianças-soldados aos grupos terroristas. Esta tragédia humana é minuciosamente detalhada no livro Kadogos, da jornalista Carla Trabazo.

A autora, imbuída pela curiosidade e a necessidade, viaja para o continente africano a fim de apresentar ao mundo a terrível vida dessas crianças. O que Carla Trabazo revela é mais uma constatação de como a humanidade ainda vive na barbárie e de que a tal “justiça social” é uma utopia. Seja por aqueles que praticam tais atos cruéis ou pela omissão de muitos, salvo alguns poucos indivíduos e instituições que arriscam as suas vidas para mostrar tal carnificina, o que se apresenta é o sofrimento de crianças que têm a sua infância arrancada delas e a transformação da inocência dessas crianças em seres humanos assassinos cruéis. Elas não têm culpa, são crianças, doutrinadas para matar. Mas engana-se quem achar que este é um problema apenas do continente africano.

Não é mera coincidência o alastramento de tal fenômeno no Brasil. Aqui, como lá, nas favelas dominadas pelas facções de traficantes, crianças são cooptadas para trabalharem para o tráfico como “vigias da área”, cujo objetivo principal é alertar a presença de “intrusos”. Não é incomum as crianças nutrirem mais admiração e respeito pelos traficantes do que pelas autoridades institucionais. Para elas, além da possibilidade de poder, sexo e a ideia de pertencimento a uma “comunidade” que fornece “proteção”, entrar para a facção de traficantes é a garantia de ajuda financeira para as suas famílias.

Entretanto, por medo, por coerção, uma parte considerável das crianças é obrigada a se “alistar” nas facções. Se elas não acatarem as ordens dos traficantes, perseguições e mortes são o que as crianças e suas famílias vão sofrer. Esse é um dos muitos problemas que a incompetência e a ganância dos nossos políticos e governantes não conseguem resolver. Que o livro Kadogo chegue aos nossos políticos e os sensibilizem para o grave problema dos kadogos brasileiros.  

“Os kadogos – expressão no dialeto suaíli para denominar crianças-soldado – são para o mundo como o próprio significado da palavra: pequenos e insignificantes. Seres humanos descartáveis, fáceis de repor e de manipular, disponíveis aos montes em todos os países.”

“Em Uganda, o LRA, comandado por Joseph Kony, já sequestrou mais de 20 mil crianças ao longo dos 21 anos de conflito com o governo ugandês, sendo um dos primeiros grupos armados a possuir os combatentes mais jovens da história, de apenas cinco anos de idade.”

“Eu comecei a chorar. Tinha 11 anos. Um dos homens disse que me mataria também se não parasse de chorar. Eles levaram meus irmãos e eu e deixaram meu pai em casa, com o corpo de minha mãe”.

“Essa era a ordem dos comandantes. Mas, para provar que realmente os matamos, tínhamos que cortar seus pênis e colocar em um balde. Geralmente, voltávamos com baldes cheios.”

“Eu não lembro quantas vezes a acertei, mas foram muitas. Ela foi morta por não responder ao LRA direito. Até hoje não consigo comer um prato típico feito com amendoim, pois me faz lembrar o cérebro dela saindo enquanto eu batia.”

“Matei mulheres, crianças… eu ainda me sinto muito culpado. A primeira morte foi a mais difícil, mas matar crianças me deixava mal; eu não conseguia dormir e tinha pesadelos com elas.”

“Teve um dia que tivemos que matar um monte de professores em uma escola. Os comandantes cozinharam os professores e serviram para todo mundo. Todos estavam comendo.”

“Um dos comandantes percebeu o que eu estava fazendo e me mandou pegar uma perna e uma cabeça ainda inteiras. Ele me fez comer aquilo tudo, porque se não comesse, ele me mataria. Eu estava me sentindo mal, mas mastiguei tudo, até os ossos.”

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COMO CULTIVAR UMA VIDA DE LEITURA

Ler é mais que traduzir os símbolos, mais que virar páginas. Ler é uma arte que exige tempo e maturidade para se chegar à perfeição. Escolher o livro a ser lido é igualmente uma arte, nos ensina o memorável Mortimer Adler. Livro bom é aquele que nos desafia, que nos intriga e estimula a imaginação conduzindo-nos a mares nunca antes navegados, parafraseando Camões. Então é inspirador quando os mestres descem do seu Olimpo para compartilhar conosco as suas experiências nas jornadas literárias, premiando-nos com preciosas lições.

Um dos mais consagrados autores do século XX, C. S. Lewis, mestre na arte de encantar pelas letras, vem nos proporcionar um momento singular em forma de livro. No seu pequeno tratado sobre leituras e livros, intitulado “Como Cultivar uma Vida de Leitura”,  Lewis, a partir das suas experiências, nos dá  formidáveis insight de como levar uma vida dedicada à leitura.

Que o sortudo leitor não se deixe enganar pelo tamanho da obra – em poucas páginas, Lewis nos envolve no universo da leitura ensinando-nos como escolher os melhores livros e dele extrair conhecimento para o espírito. Lewis nos orienta a valorizar a leitura como uma atividade inerente à condição humana, como um fim em si mesmo.

Portanto, sigamos obedientes às lições do mestre quando aduz: “O verdadeiro objetivo dos estudos literários é elevar o aluno do provincialismo literário, fazendo dele o espectador de ao menos uma parte do tempo e da existência“.

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COMO ESTUDAR E COMO APRENDER

“Aprender a estudar para aprender”. Há nesta frase mais que jogos de palavras com potencial apelativo. Para entender a sua profundidade é preciso que algumas perguntas sejam feitas. Por exemplo: Por que a maioria dos alunos tem dificuldade para aprender? É possível estudar de maneira que haja retenção e compreensão do conteúdo? Questões como essas têm tirado o sono de muitos profissionais da pedagogia e da neurociência. 

No geral, a dificuldade de estudar e aprender, não só dos alunos, mas de todos aqueles que pretendem aprender através dos estudos é imensa e se reflete nos resultados dos mais diversos tipos de avaliação. No Brasil, isto é um fato notório: os alunos concluem o ensino médio sem compreender o que leem. Têm imensas dificuldades para articular ideias e uma tremenda pobreza de linguagem. 

Há muitos livros que debatem a dificuldade de aprendizagem dos alunos. Vale ressaltar que isso não é apenas comum no Brasil, mas em boa parte do mundo, sobretudo nos países subdesenvolvidos, mas não só a estes, a exemplo dos Estados Unidos e do Reino Unido, que lidam com o mesmo problema. Com efeito, estes livros, quase sempre associam a dificuldade de aprendizado aos métodos ou às condições de ensino, bem como à precária formação pedagógica da maioria dos professores. Nesta perspectiva, estes livros direcionam como superar as dificuldades de aprendizado, tanto dos professores como dos alunos. 

Neste contexto, destacam-se o professor “Emílio Mira y López” e o seu excelente livro intitulado “Como Estudar e Como Aprender”. De fato, a obra apresenta para os docentes e discentes caminhos para que haja mais e melhor aproveitamento dos alunos aos conteúdos ensinados, assim como fornece para os professores interessantes recomendações. É uma obra atemporal que ao mesmo tempo que instrui dá valiosos conselhos a fim de formar alunos excelentes que nas palavras do consagrado professor, “germine neles a ideia de não ser menos estudantes, mas de vir ser verdadeiros estudiosos”.

Para Emilio Mira y López, antes de tudo, o aluno deve ter interesse em aprender. Mais que isso, ele deve querer. Ensina o conceituado professor que os alunos encontram-se estratificados em quatro partes: Em 25% encontramos os alunos dispersos, o que o professor chama de “estar sem estar pronto”, outra parte escuta e presta atenção de forma fragmentada, é o que ele chama de “alunos vai e vem”. Aponta Emilio Mira y López que esses alunos, estão presente em sala de aulas, mas não apropriadamente podem ser chamados de estudantes.

Além disso, na metade restante, 80% estudam por obrigação cujo objetivo é ser aprovado e concluir o curso. Entretanto, nos 20% restantes encontram-se aqueles alunos que estão sedentos de saber. Para estes, segundo o professor, passar de ano é uma consequência:

“Esse seleto grupo se preocupa com a cultura muito mais com um fim do que como um meio, e consciente da verdadeira acepção deste termo, que significa cultivo ou seja armadura espiritual, utiliza os materiais do conhecimento como meros pontos de apoio para chegar à descoberta de verdades universais.”

Ele sustenta que o aluno desses 20% tem um imenso apreço pelo estudo que “fazer de tudo uma fonte de prazer e satisfação é tarefa que incumbe  ao pedagogo, mas ensinar a beber dela na medida das capacidades individuais é tarefa que compete ao técnico da aprendizagem”.

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O TERROR DA EXISTÊNCIA

         O que acontece quando um ateu e um cristão resolvem revisitar os clássicos da literatura e a partir disso trocar impressões sobre o sentido e propósito da vida? O psiquiatra e escritor Theodore Dalrymple e o professor teólogo Kenneth Francis fazem reflexões sobre o sentido da vida no livro “O Terror da Existência”, em que avaliam o homem na perspectiva de autores e suas obras com profundo teor existencialista. Em princípio, somos inclinados a acreditar que haverá um embate entre duas visões diferentes do mundo.  Entretanto, o que se vê é a convergência de ideias para um tema comum: a existência do ser pensante. De Eclesiastes ao teatro do absurdo, na visão de ambos, é uma análise do trágico na vida humana. 

         Neste livro os autores refletem sobre o problema da existência em obras primas como “Eclesiastes”,  “Esperando Godot”, “Um dia na vida de Ivan Deníssovitch”, “O Apanhador no Campo de Centeios” entre outras. Os livros escolhidos pelos autores expressam a angústia de viver e a busca por compreensão, sentido e propósito.

         Sem guia, o homem hodierno se encontra num oceano de indivíduos vazios, boiando à deriva, nas palavras de Ortega y Gasset. Resta-lhe aceitar o pós-moderno com as suas pós-verdades que põe o homem face a face com a sua insignificância. Sem rumo, agarra-se à moralidade dos masoquistas, sem existência, sem sentido, sem vida.

         A metáfora “Teatro do Absurdo” é a face revelada de um mundo embrutecido e narcisista. Porque somos pó, a ele retornaremos, mas a soberba e a vaidade obscurecem a imagem do homem que não reflete a do Criador, pois perdido está o homem em seus vícios e sede de poder. Para Francis o terror da existência ocorre quando um homem perde a fé em Deus. Para Dalrymple, quando o homem não se reconcilia consigo mesmo. Para ambos, de certa forma, o terror da existência é a ausência de sentido. Para quem caminha sem propósito, Deus está morto.

“A condição humana sendo que é vulnerável a todos os tipos de momentos espirituais de reflexão filosófica porém se o teísta tem uma saída baseada não apenas em pensamentos positivos ou fé cego a única saída faz a existência é criar o seu próprio mundo ou um ministério cometendo impensável fatal”.

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