PRECONCEITO LINGUÍSTICO

Em seu livro Preconceito Linguístico, o polêmico professor Marcos Bagno defende o fim da gramática normativa e da língua culta, e acredita que a solução para a educação no Brasil passa pela simplificação do sistema de ensino em que deve-se considerar os aspectos regionais do Brasil com tantas diversidades linguísticas.  O  professor propõe  que nas escolas sejam ensinada a verdadeira língua do povo pois esta expressa a legítima forma do povo se comunicar.  Para o professor não existe um padrão correto, porque no Brasil  falam-se muitas línguas, e que falar certo ou errado é relativo à regionalidade e ao contexto em que o povo está inserido e,

portanto, o nosso sistema de ensino deve levar isto em consideração. Para o autor, falar “nós faz” é  correto pois é  assim que o povo fala e não da maneira que querem os intelectuais da linguagem, segundo o autor, os guardiões da língua culta e  da gramática normativa. Estes, segundo o professor, insistem em querer que os brasileiros falem um idioma com origem em Portugal que nada tem a ver com a verdadeira cultura dos brasileiros.

Esta é  uma questão complicada e que exige profunda análise e debates: apesar das ideias propostas pelo professor serem absurdas em alguns aspectos dado a sua formação e influências da esquerda (Marx, Gramsci, Paulo Freire) conforme trecho abaixo do seu livro, concordo que é  necessária uma reforma na educação básica no Brasil.

“Muitas vezes,  os falantes das variedades estigmatizadas deixam de usufruir diversos serviços a que têm direito simplesmente por não compreenderem a linguagem empregada pelos órgãos públicos. “

“A função da escola é,  em todo e qualquer campo do conhecimento,  levar a pessoa a conhecer e dominar coisa que ela não sabe e, no caso específico da língua, conhecer e dominar, antes de mais nada, a leitura e a escrita e,   junto com  elas, outras forma de falar e de escrever, outras variedades de línguas,  outros registros. Ninguém quer deixar o aluno encerrado em sua variedade linguística original, como escreve alguns defensores intransigentes da pedagogia mais arcaica possível…”

É preciso compreender que o sistema de ensino no Brasil tal como ele se apresenta, nos transformará num país de analfabetos funcionais, massa de gente servil a derivar nos mares das ideias dos intelectuais que acreditam serem os escolhidos no universos para conduzir o povo à salvação através de uma revolução que criará o novo mundo, o novo homem. Não será falando e escrevendo errado que o povo sairá do analfabetismo.

Ideais como as propostas pelo professor Bagno são aplicadas ao sistema de ensino no Brasil a pelo menos três  décadas e são  defendidas por Ilustres reformadores da educação no Brasil como Paulo Freire, que são principais responsáveis pelos péssimos resultados dos alunos submetidos ao ENEM, pelas notas zero em redação, pela dificuldade dos alunos com as quatro operações básicas. (Leia A Pedagogia do Oprimido do Paulo Freire).

Crianças em idades escolares não precisam de doutrinadores que as ensinem pensar. Este não é o papel do professor. Este deve passar conhecimento sem colocar nenhuma ideia da esquerda ou da direita nas cabeças dos alunos, mas tão somente o conhecimento que os capacitem a ler e compreender o que lêem, se expressar corretamente através da escrita e da oratória, saber resolver problemas matemáticos e a lidar corretamente com os números, tão  necessário na vida em sociedade.

A dificuldade de aprendizado dos alunos do ensino fundamental e médio não reside nas complexidades gramaticais do nosso idioma, e sim na péssima qualidade da educação básica, sobretudo do setor público.

É  preciso dar aos alunos a base sob a qual eles atuarão como cidadãos  e indivíduos. A formação desta base passa: pela a educação familiar cuja responsabilidade é  exclusivamente dos pais; pela reestruturação da grade curricular visando unicamente o conhecimento em si; de melhoria nas condições salariais dos professores e nas instalações escolares entre outras necessidades. Não faltam recursos, o que falta é vontade política de fazer.