A REVOLUÇÃO GRAMSCISTA NO OCIDENTE

a revolução gramscista no ocidente

No Brasil, o general de brigada Sérgio Augusto de Avellar Coutinho, falecido em 2011, foi uma das maiores autoridades em gramscismo. Certamente ele foi quem melhor traduziu a doutrina de Antônio Gramsci (1891-1937) para os leigos. Em seu livro A Revolução Gramscista no Ocidente, Coutinho explica a estratégia de Antonio Gramsci para a implantação do comunismo no ocidente a partir de minuciosos exames dos escritos dos Cadernos do Cárcere de autoria de Gramsci.

A concepção revolucionária de Gramsci  para a implantação do comunismo no ocidente é uma série de anotações em cadernos, em meios a tantas outras anotações sobre os mais variados assuntos, em que Gramsci mostra como o socialismo marxista-gramscista – que não pretende ser outra coisa senão uma contribuição de Gramsci a dialética marxista, segundo Coutinho – deve ser implantada em países em que o povo tem liberdade de questionar as ações do governo pelo fato da sua estrutura política e econômica serem orientadas à liberdade e à democracia. Nações como Os Estados Unidos e uma boa parte da Europa não se curvam tão facilmente ao comunismo. As vias para alcançar o objetivo precisavam mudar.

Para Gramsci, neste países, o comunismo não podia ser implantado como na União Soviética, em que a população já estava acostumada a cerceamento da liberdade individual, à servidão total e a brutalidade do Estado comunista. Na obra “A Revolução Gramscista no Ocidente”, Coutinho nos mostra a concepção revolucionária, a estratégia “inovadora”, o passo a passo de todas as fases da doutrina gramscista, mostrando-nos as distorções falaciosas do pensamento gramscismo. Vale ressaltar que no Brasil, já estamos na fase em que a consciência da maioria do povo, das instituições governamentais, dos intelectuais, dos professores e, sobretudo, dos jovens já está moldada segundo a concepção de Gramsci. Infelizmente o gramscismo no Brasil deu certo.

 “Gramsci passou seus anos de cadeia elaborando sua teoria segundo a qual o comunismo não pode ser instaurado pela força em países com instituições democráticas sólidas e economia desenvolvidas. O que aconteceu na Rússia dos czares ocorreu em um país que não havia sequer conhecido a Revolução Industrial e onde as instituições nacionais estavam congeladas por séculos de autoritarismo. […]” Essa concepção e estratégia desenvolvidas essencialmente nos Cadernos é o que podemos chamar Gramscismo ou, mais abrangentemente, Marxismo-Gramscismo.”

Coutinho explica que a sistemática de introdução do gramscismo possui várias etapas e que a principal arma é a paciência. Lentamente as idéias são introduzidas na cabeça da população por algumas gerações (através da janela de Overton), causando uma mudança profunda na cultura, na economia, na política. O principal caminho para alcançar esta meta é a educação, através da doutrinação de professores e alunos.

“Nas condições do mundo moderno, o método aplicável é 0 de instilar na opinião pública, de forma lenta e gradual, a ideia revolucionária sem jamais deixar perceber que isso esteja acontecendo. A via pacífica, a manutenção das leis, a aparência democrática. Administrativamente, o arcabouço institucional do Estado deve ser preservado, entorpecer consciências e aliciar defensores inocentes de uma ação insuspeitada. As modificações visando à revolução marxista devem ser sutis e adotadas pacientemente, utilizando instrumentos legais e constitucionais, tais como consultas à sociedade civil organizada (sindicatos, ONGs etc.], referendos, plebiscitos e outras formas da chamada “democracia direta”, bem como programas de caráter político, mas apresentados como de índole social, popular e de defesa dos direitos humanos.”

Quando a implantação da doutrina chega na ultima fase, as instituições e o povo estarão seguindo todos os ditames socialistas e o comunismo estará implantado com o apoio total do povo, dos artistas, dos empresários, dos educadores e dos intelectuais. Não haverá perdas porque o passado foi esquecido. Nossa história, nossa cultura como em 1984 de G.Orwel, desaparecerão sem deixar rastros. No lugar do passado surgirá um nova sociedade, como sonharam aqueles que rascunharam este “paraíso” no iluminismo. Uma nova sociedade como queria Carl Marx e seu sucessores. Nesta sociedade em que Deus está morto (recomendo o livro de Terry Eagleton), em que a cultura, a moral e a ética são metamorfose,  onde os gêneros se confundem e os valores estão distorcidos, sugere que chegamos ao fim da história, como descreveu Fukuyama em seu “O Fim da História e o Último Homem“.

No último capítulo, uma reflexão sobre o Brasil, Coutinho faz um alerta sobre o que como os partidos estão presentes nesta engrenagem poderosa da estratégia. Neste, O Gramscismo no Brasil, Coutinho examina a relação que os partidos de esquerda têm com as ideias gramscistas. É uma breve mais importante explanação histórica dos partidos de esquerda no apoio às ideias de Gramsci.

Hoje, o Brasil vê os resultados da aplicação das ideias gramscista. Década depois do início da sua implantação, os intelectuais orgânicos, aqueles que Gramsci se refere como os operários que são “o agente executor gramscista” próximo do povo, estão nas repartições públicas, na imprensa, na formação intelectual e moral da maioria dos professores, na grande maioria dos intelectuais, em todas as instituições de ensino público. Enfim, a tão falada supremacia comunista no Brasil alcançou o seu ápice através da engenharia social. Gramsci, onde estiver, sabe que no Brasil a sua teoria de domínio hegemônico pela revolução cultural deu certo. Será necessário um esforço imenso por um tempo muito longo para desconstruir a mentalidade reinante no senso comum no Brasil. O processo de fazer o caminho inverso, desmontando tijolo por tijolo, cumpre que logo se inicie sob o risco desta batalha estar perdida para sempre.

 

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2 Comentários

  1. Silvino Amorim Neto

    Infelizmente, a maioria da população brasileira esta desinformada sôbre a teoria do Gramscismo.José Dirceu ja afirmava há alguns anos atraz que o Pt TOMARIA O PODER NÃO PELA REVOLUÇÃO ARMADA, MAS SUBVERTENDO OS VALORES DA sociedade, com infiltração nas universidades, sindicatos, meios de comunicaçãso e tendo, principalmente, o apoio do Poder Judiciario já manipulado.
    Ainda bem que as Forças Armadas estão atentas a esta relidade e podera, no momento adequado, impedir a evolução do processo para instalação do comunismo no Brasil

  2. marcelo olegário Ignez

    Acho o máximo a iniciativa, parabéns sem contar a exposição da obra do livro, achei um vídeo por meio de vocês. Que tanto tem somado aqui neste espaço!

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