homo deus

Em Sapiens Uma Breve História da Humanidade, Yuval Noah Harari mostrou de que maneira os sapiens chegaram ao topo na escala evolutiva e como se sobreporam à todas as espécies, levando muitas delas a extinção. Ficou evidente nesta obra o nosso caráter predador e a nossa capacidade de sobrevivência, graças a uma característica que parece ser exclusiva dos sapiens: a capacidade de pensar. Por causa desta capacidade, nós, os sapiêns   compreendemos a natureza e criamos a ciência para domina-la em nosso proveito. Isto nos deu uma fantástica vantagem competitiva conforme declara Harari ao se referir ao controle mundial da fome, “não ocorre mais surtos de fome por causas naturais; há apenas fomes políticas. Se pessoas na Síria, no Sudão ou na Somália morrem de fome, é porque alguns políticos querem que elas morram.”

  Após  ler Sapiens nos perguntamos: agora que chegamos ao topo, que dominamos a ciência, que superamos a fome, controlamos as doenças, e estamos desvendando os segredos do universo,  quais serão as nossas próximas conquistas? “Quais são os projetos que vão substituir a fome, as pestes e a guerra no topo da agenda humana no século XXI?.”

  Em seu segundo livro, Homo Deus, Uma breve História do Amanhã Harari responde a estas perguntas de forma assombrosamente realística. Harari explica que após tantas conquistas na ciência e que vencidos muitos dos problemas que assolaram a humanidade, os nossos próximos passos são viver para sempre, ser feliz para sempre e nos tornarmos super humanos.

“Depois de assegurar níveis sem precedentes de prosperidade, saúde e harmonia, e considerando tanto nossa história pregressa quanto os nossos valores atuais, as próximas metas da humanidade serão provavelmente a imortalidade, a felicidade e a divindade.”

Harari sustenta que neste caso viver para sempre não significa nos tornarmos imortais, mas viver mais e sem doenças, ser mais feliz com poderes que nos tornariam super humanos. Algo mais próximos dos deuses gregos, romanos, egípcios ou escandinavos do quê do Deus de Abraão.

Para o autor,  graças às tecnologias atuais, o homens têm todas as condições de realizar seu desejo de se tornar um semi-deus. Acredita que isto poderá acontecer um dia,  porém é necessário uma profunda reflexão sobre o que significa viver tanto, ser feliz eternamente e estar acima das limitações físicas dos humanos.  Para encontrar a resposta, Harari analisa o homem e sua natureza que ele chama de antropoceno: este homem seria uma mistura de humano e máquina com a predominância do ser inorgânico, uma espécie de homem sem carne, de tal forma que quando isto acontecer já não teremos nenhuma identificação com o nosso passado. Será o fim da era da humanidade e suas humanidades. Harari observa que:

“Tendo elevado a humanidade acima do nível bestialidade da luta pela sobrevivência, nosso propósito será de fazer humanos deuses e transformar o Homo sapiens em Homo deus.”

Ao final da leitura a conclusão é óbvia: as dúvidas sobre nosso destino nesse universo tão vasto continua. Continuamos poeiras cósmicas. Mas as questões levantadas por Harari deixa claro que o que tirava o sono dos gregos antigos, continuará nos deixando sem sono por muito tempo.

“Ao reconhecer nossas conquistas no passado, estamos enviando uma mensagem de esperança e responsabilidade, que nos incentiva a mobilizar esforços ainda maiores no futuro.”

“o culto ao humanismo – conquistou o mundo.  Entretanto,  a ascenção do humanismo trás também a sua derrocada. Ainda que a tentativa de elevar os humanos a condição de deuses leve o humanismo a sua conclusão lógica, ela simultaneamente expõe os defeitos a ele.”

“Como é  que o Homo sapiens se deixou levar pelo credo humanista, de acordo com o qual o Universo gira em torno da humanidade, e os humanos são a fonte de todo significado e de toda autoridade?”

Leitura recomendada:

SAPIENS UMA BREVE HISTÓRIA DA HUMANIDADE