O ANTICRISTO

O Anticristo

Friedrich Wilhelm Nietzsche (1844-1900) foi uma alma atormentada e dono de uma mente que era reflexo da angústia que o assolava. Nietzsche em sua loucura, escolheu Deus e a religião para descarregar suas frustrações diante da dificuldade em compreender e aceitar as regras da vida.

O Anticristo, a sua obra crítica ao cristianismo, nega a existência de Deus e desconstrói a religião como a base para a formação moral da Cristã. Em O Anticristo, Nietzsche encontra a justificativa para o seu ódio mortal contra os cristãos e tudo que eles representam. Para Nietzsche o cristianismo é o mal que precisava ser eliminado.

Nietzsche, influenciado pelo niilismo de Arthur Schopenhauer (1778-1860) e de quem herdou a filosofia da tragédia, acreditava que o mundo precisava ser reformulado e que a destruição do cristianismo seria o primeiro passo em direção a este objetivo. O cristianismo não tem lugar no novo mundo, em que Nietzsche é um dos seus arquitetos. O cristianismo é uma ameaça para a realização deste objetivo: o surgimento do homem novo.

Para Nietzsche O Anticristo é dedicado a poucos. Certo de que somente alguns privilegiados o compreenderiam, alerta:

“Esse livro se destina a pouquíssimos. Talvez ainda não viva nenhum deles. Quem sabe sejam os que compreendem o meu Zaratustra: como eu poderia me confundir com aqueles a quem já hoje se dá ouvido? – Só o depois de amanhã me pertence. Alguns nascem póstumos.”

Como se pode ver no texto acima, Nietzsche sabia que suas idéias teriam melhores acolhidas depois da sua geração. Exatamente o que está acontecendo hoje. Basta olhar ao redor para perceber que há um grande movimento mundial para acabar com o cristianismo.

O Anticristo, de Nietzsche, criou nas gerações de intelectuais posteriores a consciência necessária para demolir a doutrina cristã e denegrir os seus valores, pois esta é para Nietzsche uma doutrina do mal feita para humilhar e escravizar os homens superiores, uma praga que precisa ser eliminada.

O cristianismo, a religião da caridade e compaixão, era vista por Nietzsche como uma falácia para enganar e envolver os fracos e malogrados, um vício danoso. O cristão se apossou do lugar do homem sonhado por Nietzsche.

“Os fracos e malogrados devem sucumbiu: primeira tese do nosso amor a humanidade. E ainda deve ser ajudado nisso. O que é mais danoso que qualquer vício? – A compaixão ativa por todos os malogrados e fracos – o cristianismo…”

“O cristianismo tomou o partido de tudo o que é fraco, vil e malogrado, ele fez um ideal a partir da contradição aos instintos de conservação da vida forte; ele corrompeu a própria razão das naturezas mais fortes espiritualmente quando ensinou a sentir os valores supremos da espiritualidade como pecaminosos, enganadores, como tentações.”

O forte não pode ser compassivo. Acreditava Nietzsche. Mal sabia ele que a negação da compaixão resultaria na morte de milhões de russos, de milhões de cambojanos e de milhões de judeus.

“O cristianismo é chamado de religião da compaixão. – A compaixão se encontra em oposição aos afetos tônicos que elevam a energia da disposição para viver: ela tem efeito depressivo. Perde-se força quando se é compassivo. Através da compaixão, aumenta e se multiplica ainda mais a perda de força que, em si, o sofrimento já traz à vida.”

“sentimento piedoso de simpatia para com a tragédia pessoal de outrem, acompanhado do desejo de minorá-la; participação espiritual na infelicidade alheia que suscita um impulso altruísta de ternura para com o sofredor.”

“Esse instinto depressivo e contagioso se opõe àqueles instintos voltados à conservação e à elevação do valor da vida: tanto como multiplicador da desgraça quanto como conservador de tudo que é desgraçado, ele é um instrumento capital para a intensificação da décadence a compaixão persuade ao nada!… Não se diz “o nada”: em vez disso, diz-se “o além”; ou “Deus”; ou “a vida verdadeira”; ou nirvana, salvação, bem-aventurança… Essa retórica inocente do âmbito da idiossincrasia moral religiosa aparece de imediato muito menos inocente quando se compreende qual tendência aí se envolve no manto de palavras sublimes: a tendência hostil a vida.”

Pelo contrário. É a filosofia anti-religiosa de Nietzsche a propagadora do mal e não o cristianismo como ele afirma. Para os cristãos, Satanás é o inimigo da virtude. Para Nietzsche a virtude deve ser inventada segundo os critérios e a vontade de cada um. As virtudes são universais, pois valores morais não são inventados ao desejo de cada um, mas a partir de um sentimento universal do bem que repousa sobre a fé em Deus. Mas Nietzsche não pensava assim:

“uma virtude que se origine apenas de um sentimento de respeito diante do conceito “virtude”, conforme queria Kant, é prejudicial. A “virtude”, o “dever”, o “bem em si” o bem com caráter da impessoalidade e da universalidade… […] As leis mais básicas da conservação e do crescimento ordenam o contrário: que cada indivíduo invente a sua virtude, o seu imperativo categórico.”

A compaixão não é a prática do niilismo como Nietzsche quis que acreditássemos.  Ter compaixão, é tomar para si a dor do outro, como fez Jesus ao se deixar crucificar e Deus ao entregar o seu Filho ao sacrifício. Ter compaixão é usar o coração como juízo no lugar em que a razão fatalmente falhará. Ter compaixão é “amar o próximo como a ti mesmo” – Mateus 22:39. Reside nestas simples e belas palavras a verdadeira superioridade do homem, cujo alcance ainda se encontra na eternidade diante das nossas imperfeições.

Adolf Hitler quando ordenou o extermínio de seis milhões de judeus, estava convencido de que era um homem de virtudes e a sua consciência lhe dizia que ele estava fazendo um bem para o povo alemão e para o mundo. Isso é o resultado da liberdade em que cada um pode criar a sua própria virtude. Outros seguiram a filosofia nietzschiana e foram responsáveis pela morte de mais de 100 milhões de pessoas.  Compaixão e virtudes são sentimentos universais. O homem virtuoso tem compaixão que é também uma virtude. Para Nietzsche a virtude deve ser inventada de acordo as suas conveniências:

“Uma virtude precisa ser nossa invenção, nossa legítima defesa e necessidade mais pessoal em qualquer outro sentido ela é apenas um perigo que não é exigido pela nossa vida.”

Quando se acredita que Deus está morto, como pensava Nietzsche, morrem todas as virtudes, pois estas são os instrumentos que Deus nos deu para estarmos mais próximos da sua glória. Não se cria virtudes, busca-se na inspiração e na verdadeira fé em Deus.

 

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A MORTE DE DEUS NA CULTURA

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1 Comentário

  1. Matheus Barros

    Até me interessei pelo site, mas quando li este poster minha admiração curiosa pelo site foi embora.
    Este escritor não fez uma resenha ou nem nada deste sentido ao livro “O Anticristo”, mas apenas mostrou que não entendeu nada da filosofia Nietzschiana.
    Nietzsche parte do princípio de ressentimento que estão profundamente penetrados na alma da modernidade e sendo expressados de forma sutil e sofisticada por seus atos. O Cristianismo seria uma das expressões maiores de ressentimento. A moral cristã de igualdade seria um declínio, pois “os fortes” são levados à serem fracos e todos se tornam fracos. Isso teria sido acontecido por conta do ressentimento dos fracos que impedem que os fortes vivam suas vidas com virilidade e força, uma vez que a fraqueza e a humildade toma conta dos únicos fortes. Ou seja, isto criava uma negação da vida aqui, agora, neste mundo e realidade. Ele lutou contra a negação da vida causada pelo cristianismo e sua moral. Neste sentido o declínio da humanidade ocidental teria começado desde Sócrates, tanto que ele afirma que os gregos pré-socráticos foram os melhores que já viveram. Ao mesmo tempo o Nietzsche era totalmente contra qualquer forma de utopia seja ela religiosa (Eternidade Cristã) ou política (Ele foi um dos poucos do seu tempo a ser totalmente contra o Comunismo Marxista, crio que se ele estivesse vivo seria um adepto do conservadorismo). A comparação maldosa feita entre Nietzsche, as 100 Milhões de pessoas mortas e Adolf Hitler são totalmente sem fundamentos. Tanto que Nietzsche desprezava a Alemanha e Hitler era Nacionalista e a princípio Cristão. Nietzsche é filosofia para Céticos, Espíritos Livres; e como diz o Luiz Felipe Pondé: “Filosofia para gente grande”. Eu não sou um adepto ao pensamento dele, creio que ele, em alguns momentos, exagera e não tem coerência. Mas é uma mente brilhante e o nível de sua capacidade mental é uma das maiores que já vi. Eu sou um admirador dos seus pensamentos, mas não é para mim.

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