10 LIVROS QUE ESTRAGARAM O MUNDO

Sócrates, O filósofo que viveu na Grécia em 399 a.C., ao ministrar suas aulas, o fazia a céu aberto e sem o apoio de qualquer palavra escrita, bem como, ao morrer, não deixou nada escrito sobre seus pensamentos. Assim como Sócrates, Jesus Cristo  também transmitia as suas ideias oralmente e jamais escreveu uma única palavra dos seus ensinamentos. Oral ou escritas, não importa a forma, as ideias têm o poder de transformar tudo o que ela alcança. Entretanto, há ideias que foram extremamente perigosas e que causaram grandes estragos à humanidade. Estas ideias ,imortalizadas pela invenção de Gutemberg (1468), fazem parte do acervo das piores obras da humanidade e que, assim, são livros que causaram grandes danos ao mundo. Estes livros foram catalogados e criticados pelo teólogo e escritor Benjamim Wiker no seu livro  “10 Livros que Estragaram o Mundo” e mais cinco que, segundo o autor, não ajudaram em nada.

Para Wiker, Homem de fortes princípios conservadores, alguns livros contém ideias tão perigosas que devem ser trazidos ao conhecimento do público. Ao criticar alguns destes livros Wiker lançar um alerta para não esquecermos que ideias más tem consequências igualmente ruins e, portanto, capazes de levar a humanidade à sua destruição.

Vale ressaltar que os livros selecionados por Wiker não representam o universo de todos os livros cujas ideias foram prejudiciais a humanidade. É importante entender que esta é a lista do autor e ele não parece ter a pretensão de cobrir todas as obras dessa natureza. Certamente encontraremos nesta lista livros bem conhecidos pela maior parte do público esclarecido.

O nascimento das ideias ruins

No capítulo “Estragos preliminares”, Wiker elenca alguns livros que, provavelmente, são as sementes das ideias que, na visão do autor, deram origem a muitos outros livros perigosos.

As ideias contidas no livro  “O Príncipe”, de Nicolau Maquiavel (1513), é comentada por Wiker como a síntese de um conjunto de pensamento que subverte todas as virtudes à favor da conquista e manutenção do poder do soberano absoluto. A lógica da política de Maquiavel, inspira a razão em René Descartes (1637) ao escrever o seu “Discurso sobre o Método”. Wiker argumenta que a obra de Descartes exalta o ceticismo e o orgulho, reduzindo tudo ao pensamento racional.

Este mesmo racionalismo, ganha destaque na obra política de Thomas Hobbes (1651), o “Leviatã”, cuja a doutrina nega que somos seres conscientes e que portanto não existe o certo e o errado. A teoria hobbesiana sustentará, tempos depois, uma outra obra que fará surgir a tese do “bom selvagem”. Jean-Jacques Rousseau (1755) deu a última nota no capítulo com o seu “Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens” e fundou sobre o seu “bom selvagem” os seus mais importantes pensamentos políticos. Este último, representa para Wiker a “cornucópia de profundas confusões, cujos frutos apodrecidos serviram de adubo para vários erros das gerações subsequentes”.

As ideias têm consequências

Concordando com Wiker, posso afirmar que os próximos livros foram escritos pelos cavaleiros do apocalipse inspirados na revolução francesa. Das suas ideias, outras frutificaram e trouxeram desgraças para o mundo. A partir das ideias contidas nestes livros, surgiram uma gama de pensamentos nocivos à humanidade, como veremos a seguir e cujos  efeitos tem reflexos até os dias atuais. As suas consequências (ver aqui neste blog “As ideias têm consequências”, de Richard Weaver), transformaram o espírito humano e o mundo de tal maneira, que uma nova sociedade  pós-moderna orwelliana tomou o lugar do mundo.

Os frutos apodrecidos germinaram em novos livros. No capítulo “Dez grandes estragos”, Wiker analisou obras como “Manifesto do Partido Comunista” de Carl Marx e Friedrich Engels (1848) e o seu antagonismo de classe, cujas raízes chegaram à Rússia em 1917 e inspiraram Vladimir Lenin a escrever o seu livro “O Estado e a Revolução”. Nós sabemos no que isso deu. Entretanto, antes de chegar ao leninismo e seus milhões de vítimas, Wiker nos apresenta  o livro “Utilitarismo”, de John Stuart Mill (1863) e a “Descendência do Homem”, de Charles Darwin (1871), assim como o livro “Além do bem e do mal”, de Friedrich Nietzsche (1886) e “O eixo da civilização”, de Margaret Sanger (1922). Estas obras juntas transformaram o homem, que era à imagem e semelhança de Deus, em apenas a sua própria imagem e semelhança. Nasce assim o super homem de Nietzsche.

Outras obras, ao seu tempo, somam-se a este audacioso acervo. Wiker critica o livro “Minha luta”, de Adolf Hitler (1925) cuja ideia da “raça perfeita” custou a vida de milhões de pessoas numa guerra sem precedentes na história, bem como, adicione-se a essa tragédia pois não podemos esquecer, o fato de que a sua política nazista exterminou seis milhões de judeus de forma nunca antes imaginado pelo mais cruel dos tiranos.

Wiker conclui a sua lista com as obras “O futuro de uma ilusão”, de Sigmund Freud, (1927), “Adolescência, sexo e cultura em Samoa”, de Margaret Mead (1928), “O relatório Kinsey”, de Alfred Kinsey (1948) e por fim, a “menção desonrosa”, título ironicamente concedido por Wiker, coube a “A mística feminina”, de Betty Friedan (1963). Estes últimos traduzem a capacidade humana de transpor a linha da insanidade quando se espera que o homem tenha chegado moralmente ao fundo do poço.

Assim, a partir das ideias freudianas (ver Evasivas Admiráveis, de Theodore Dalrymple), não se pode negar, transformaram o “bom selvagem” de Rousseau, sustentado pelas ideias hobbesiana de que não existe o certo e o errado, em uma besta sexual. O homem social não mais existe. Em seu lugar surge o homem sexo, e que em nome deste, tudo é permitido, tudo é válido, cientificamente explicado e justificado.

Devemos ler estes livros

São livros que quando lidos com a visão de quem procura a verdade, assusta pela ideias contidas neles. Conhecer estas obras é importante porque somos vítimas delas, e poucos de nós tem esta consciência. Na verdade, uma parte das pessoas, principalmente os intelectuais, acredita que alguns destes livros contém o primado da sabedoria humana. Ledo engano.

Obviamente, em alguns destes livros, existem ideias, princípios e tese que foram, quando examinada e aplicada por mentes lúcidas e espíritos elevados, grandes aparatos para o desenvolvimento do indivíduo e da sociedade. Certamente, estas sementes podem dar boas árvores e render bons frutos. Mas geralmente, estas ideias tem tanta ambivalências que é comum seguir os caminhos errados por elas indicados. Desta maneira, somente a leitura séria e imparcial destes livros é capaz de nos conduzir à verdade. A escolha é nossa.

Portanto, concluo com uma reflexão de Wiker, que nos convida a fazer nossas próprias reflexões sobre o que de fato queremos para nós:

“Há algo de profundamente errado conosco, alguma falha ou mancha profunda, que em grande parte é incurável porque é em grande parte invisível, uma podridão terrível que começa na alma e envenena todo o caminho corpo afora. Essa é a raiz podre de tudo aquilo que estragou o mundo.”

 

10 Books that screwed up the world: And 5 others that didn’t help

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1 Comentário

  1. João Leopoldo S. Junior

    -Excelente texto, embasado em crenças culturais e pessoais e despertou em mim o interesse de ler o livro e pensar criticamente sobre o assunto.
    Concordo com o autor, porém podemos ser mais abrangentes no tocante à influência de idéias e ideais, pois qualquer manifestação cultural humana pode subverter e influenciar o outro, assim o pensamento coletivo é uma característica de vivermos em sociedade e da necessidade humana de fazer parte de grupos, assim, muitas vezes, mesmo sem concordar ou entender completamente a ideologia discutida, para não se sentir “fora” do coletivo, muitos acabam seguindo o rebanho. Musica, cinema, dança…arte e pensamento acabam subvertendo nossa vontade pelo encanto, pela solução “fácil” que nos traz ao nos expor a beleza e familiaridade de preencher em cada individuo uma necessidade ou carência da nossa psique. Essa é uma discussão profunda e que nos leva a pensar, o quanto de nós mesmos temos em nossa personalidade e decisões.