Segundo o doutor e professor Fausto Zamboni, autor do livro “Contra a Escola“ sobre o qual escrevo este texto, “a educação deixou de ser uma abertura à razão e ao espírito, convertendo-se em engenharia social, em manipulação dos instintos baixos para a realização da vontade de poder”. O que está acontecendo com a educação escolar no mundo? Esta é uma pergunta difícil. Ela certamente não estará respondida em sua totalidade neste livro. Não será estudando apenas uma vertente do sistema educacional e negligenciando outras que teremos a respostas. Há uma imensidão de ideias e suas nuances em torno da questão educacional. Entretanto, você encontrará neste livro um exame minucioso sobre os caminhos da educação no Brasil e no mundo. Estará diante de convincentes exposições que lhe conduzirá às reflexões sobre os descaminhos morais que estão levando os nossos jovens a trilhar. Se aqui não se esgota o assunto, inicia-se o processo de mudança de um processo poderoso para reconstruir o homem, tornando-o dócil e dobrável.

Compreender o processo de transformação de indivíduos em massas envolver não somente ler muito sobre a educação, como conhecer a sua história, conhecer seus pressupostos, como também entender que a educação está diretamente envolvida no processo cultural de um povo e acima de tudo entender que educamos seres humanos, com toda a sua complexidade, um universo de desafios em constantes mudanças.

Tomando o Brasil como exemplo, uma coisa é certa: nunca a educação foi tão manipulada para fins de controle de massa como vivemos hoje. Isto não é um fenômeno somente brasileiro. No mundo a educação é o meio pelo qual o sistema de ordem e ideias políticas controlam a vida dos indivíduos. Processo, lento e indolor, mas cujo resultado, a longo prazo, causa mudanças quase difíceis de reverter.

Para o professor Fausto Zamboni, a escola não educa e condena vidas ao desperdício e a esterilidade. Ele assegura que “o homem, não mais educado naquilo que tem de essencialmente humano, passou a ser instrumentalizado em vista de alguns interesses econômicos ou social. Em consequência, desumanizou-se, transformando-se num imbecil que, com base em concepções errada acerca da natureza humana, cria políticas desumanas”. Zamboni sustenta que a educação deve preparar o indivíduo para a vida e não apenas visando o mercado de trabalho. Ele se opõe a ideia freiriana do aluno como agente de transformação, conforme o sistema socioconstrutivismo em voga no Brasil e no mundo, e critica todo o pensamento que segundo ele “pretende alterar a natureza humana e remodelar o mundo”.

Portanto, é necessário entender os caminhos que levaram a educação ao ponto que ela se encontra hoje, de onde vem estas ideias, assim como compreender como complexos organismos internacionais estão por trás disso e quais são os seus objetivos, para somente então buscar respostas para a decadência moral que domina a sociedade moderna. Somos frutos do que há de bom e ruim na educação. Não quero dizer com isso que a educação é um mal em si, mas que está sendo utilizada pelas elites tecnocratas para criar uma sociedade de idiotas.

A ideia de que é pela educação que se obtém total controle das massas não surgiu ontem. O professor Pascal Bernardin, em sua obra “Maquiavel Pedagogo” revela que há uma plano gigantesco para o controle das mentes dos estudantes. Ele afirma que este processo se dá através de uma “revolução pedagógica”. Ele alerta que “essa revolução pedagógica visa a impor uma ética voltada para a criação de uma nova sociedade e a estabelecer uma sociedade intercultural”, que para ele é uma sofisticada “utopia comunista”. O plano assusta. Bernardin ainda vai mais longe e denuncia que “a partir de uma mudança de valores, bem como de uma manipulação da cultura, pretende-se levar a cabo a revolução psicológica e, ulteriormente, a revolução social”. Logo, fica claro que os professores são apenas servidores a serviços de instituições como OCDE, UNESCO, ONU que aos poucos introduzem as ideias de intelectuais que dedicam suas vidas a estudar o comportamento humano, com muita ênfase no estudo da psicologia infantil.

Os reformuladores do ensino tradicional, como John Dewey, Henri Wallon, Lev Vygostky, Jean Piaget, assim como Anísio Teixeira e Paulo Freire, ambos influenciados pelos três primeiros, criaram teorias educacionais baseadas no positivismo, na genética e no social, tendo como instrumento científico a psicologia de Sigmund Freud. Estes artífices da educação, junto a pensamento de filósofos como Derrida, Marcuse, Sartre vão construir os meios pelos quais se compreendem a mente humana para o seu total domínio. A educação é o instrumento para este fim. Construir uma sociedade governada por um Estado global. Vejamos aqui que o projeto é muito maior e bem mais abrangente.

O que ocorre no Brasil é apenas uma extensão, pequena, do que ocorre no mundo. Teoria da Conspiração, dirão alguns, mas é importante saber que até isso foi cuidadosamente planejado para fazer parecer louco qualquer um que tentar entender e revelar este processo. Ora, isto nos coloca, pobres mortais, muito distantes destas zonas de poder. Zamboni alerta que “a soberania dos países se torna mais nominal que real, visto que a origem e o centro da discussão são independentes dos governos”.

O resultado é que estamos mergulhados em um caldeirão ideológico permeado por eufemismos sociais e políticos como globalismo, multiculturalismo, politicamente correto entre outros que de certa forma os aceitamos sem entender, porque somos agentes transformados pela educação socioconstrutivista, e não transformadores como fomos forçados a acreditar. Nada é mais imbecil que ouvir um jovem afirmar que pretende mudar o mundo e ajudar às pessoas. A pergunta é como, se eles não compreendem a realidade que os envolve? Os jovens de ontem foram condicionados a ter respostas para o que não compreendem, como autômatos, fruto de uma “educação transformadora e libertadora”.

O educador e filósofo Paulo Freire (1921-1977) na sua “concepção bancária da educação”, eternizada em seu livro “Pedagogia do Oprimido”, afirma que “ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo”. Segundo este pensamento freireano os educandos tornam-se agentes de sua própria transformação e que o educador tem apenas a função de conduzir o educando pelos caminhos da sua escolha. O resultado desta metodologia, vemos hoje, com muita clareza, expressa na relação entre professores e alunos, deixando profundas marcas físicas e psicológicas em ambos.

O que fica desta concepção é que os jovens buscam desconstruir o que eles não entenderam e desta forma eles se tornam, verdadeiramente, um agente da destruição dos valores da família e da moral, ou seja, tornam-se uma pequena engrenagem de um sistema muito maior e poderoso. Na verdade, os jovens estão transformando o mundo como um dente de uma roda, que junto a milhões de rodas servem ao projeto de uma Nova Ordem Mundial.

Desconstruir passou a ser a palavra da vez e deve ser aplicada sem dó nas virtudes. Aliás, lembrando as palavras do escritor Gary Demar em seu livro “Quem Controla a Escola Governa o Mundo” ao se desculpar ao leitor sobre a sua desilusão sobre a moral e as virtudes em tempos atuais que só nos mostra o quanto estamos caminhando para o precipício: “Não me entenda mal. A virtude é uma coisa boa. A moralidade, mesmo não tendo um fundamento discernível, não é má de forma algum. Ao longo do tempo, entretanto, “virtude” e “moralidade” podem chegar a não ter qualquer significado”.

Os professores precisam acordar da letargia em que eles foram colocados por décadas. Para isso eles precisam agir posicionando-se contra o sistema. Um bom começo é não se aproveitará da audiência cativa dos alunos para promover os seus próprios interesses, opiniões, concepções ou preferências ideológicas, religiosas, morais, políticas e partidárias, mas criar as condições para que o aluno por seus próprios esforços e méritos possa compreender a realidade a sua volta.

O objetivo do professor em sala de aula é a transferência de conhecimento específico para o aluno. Isto lhe confere autoridade sobre o aluno e este lhe deve obediência. O professor não deve favorecer ou prejudicar ou constranger o aluno em razão de suas convicções políticas, ideológicas, morais e religiosas ou da falta delas e não deve fazer propaganda político-partidária em sala de aula nem incitará o aluno a participar de manifestações, atos públicos e passeatas. Este são os princípios da Escola sem Partido. Porém isto só não basta. Não se pode tapar o sol com a peneira. É preciso medidas mais contundentes. É preciso que seja um processo de ataque às instituições e seus sistemas de doutrinação.

Qual seria a estratégia capaz de mudar tão grave ameaça para a humanidade? Certamente qualquer que seja ela não conseguirá, de imediato, trazer mudanças rápida a ponto de acabar com o plano global para a educação. Entretanto podemos iniciar o processo através de uma nova proposta que vise oposição ao sistema estabelecido e paulatinamente ir minando o plano global. Neste sentido, o professor Zamboni propõe em sua obra algumas reflexões sobre a Educação Liberal. Ele indica que o caminho é a literatura e a leitura dos clássicos como forma de se alcançar uma educação liberal.

Entretanto, é necessário, primeiro, saber o que é educação libera. Segundo o professor Fausto Zamboni, educação liberal tem como propósito “a formação da consciência individual: ensina como pensar, e não o que pensar; o professor mostra o caminho e os instrumentos, e cabe ao aluno continuar o processo”. Desta forma a emancipação da inteligência do indivíduo, amparada na educação liberal, pressupõe que o processo de aquisição de conhecimento vem a partir de estímulos que ensinam como pensar, em detrimento a educação que ensina no que pensar. Ouse já, o aluno será estimulado a pensar a partir daquilo que o professor lhe mostra em sala de aula e conforme ensina Zamboni que a educação liberal “é destinada essencialmente ao indivíduo, orientando-o na busca da sabedoria e na realização do sentido da vida, isto é, na busca de um estilo de existência”.