Olavo de Carvalho é um renomado crítico da política brasileira, cujos artigos abrangem tópicos como a esquerda, PT, educação, economia, filosofia, história, religião e política, com mais de 40 anos de estudos em seu currículo e uma legião de seguidores na Internet. Sua obra A Nova Era e A Revolução Cultural é um exemplo de sua extensa pesquisa sobre a história do socialismo, comunismo, gramscismo e as consequências da aplicação dessas ideologias à cultura e a educação brasileira. Nesta obra, ele examina os frutos desastrosos das ideias de Fritjof Capra e Antônio Gramsci no Brasil.

     Ao analisar a obra de Fritjof Capra, Olavo de Carvalho aponta os absurdos e as consequências das ideias do autor, que acreditava que o mundo estava prestes a passar por uma transformação que elevaria a humanidade a um patamar cósmico diferente de tudo que estamos acostumados, uma sociedade libertadora onde o homem integrado à natureza não conheceria limites para os seus objetivos. Uma luta do “bem”  contra tudo o que o ocidente representa. Segundo Olavo de Carvalho, Capra acreditava que a humanidade dependia do “Ponto de Mutação” para entrar em uma nova era holística. Olavo de Carvalho explica que Capra anunciava a existência de três sinais para essa mudança que já estavam em curso e que marcaram o advento da Nova Era: a humanidade deixará de consumir combustível fóssil, o fim do patriarcado, a substituição dos paradigmas científicos vigentes por outro de base holística. Na década de 70 e 80 era comum o aparecimento de “messias” anunciando um novo mundo. Esse movimento era conhecido como New Age, sendo Fritjof Capra um dos seus principais gurus. 

Há no livro do sr. Capra uma infinidade de erros e contrassensos, além dos mencionados. Apontá-los e corrigi-los todos requereria um volumoso comentário: uma lei constitutiva da mente humana concede ao erro o privilégio de poder ser mais breve do que a sua retificação.

    Segundo Olavo de Carvalho o livro de Fritjof Capra não passa de ilusões de uma mente distorcida cujas visões da “Nova Era” foram fruto dos delírios embalados pelas drogas psicodélicas. Para Olavo de Carvalho há muitas distorções da realidade na forma que Fritjof Capra as apresenta.

Mas não é só ela que está enganada. O profeta do engano também se engana: ele imagina trazer ao mundo a sabedoria, quando traz o obscurecimento e a confusão. Imagina trazer uma nova profecia, quando traz o cumprimento de uma velha maldição.

     No entanto, Olavo de Carvalho argumenta que as ideias mais perigosas foram as de Antônio Gramsci e sua Revolução Cultural, que deixaram sequelas terríveis em todos os segmentos da sociedade brasileira, espalhando-se como um câncer sobre a cultura e a intelectualidade brasileira. Gramsci acreditava que era necessário uma revolução cultural para se chegar ao socialismo e implantar o comunismo. No Brasil, nas décadas seguintes aos anos 60, a esquerda impregnada pelas doutrinação gramsciana aplicou ipsis litteris às estratégias de Antônio Gramsci.

A mitologia gramsciana, diagnosticando pomposamente a “transição para um novo bloco histórico”, deu uma legitimação verbal a essas pretensões, e eis que o Brasil, mal tendo ingressado no caminho da democracia, já se apressa a abandoná-lo pelo atalho da revolução. Aonde ele leva, é algo que o mundo sabe, mas que importa o conhecimento do mundo às hordas de menores-de-idade que a lisonja esquerdista consagrada em norma constitucional transformou na parcela decisiva do eleitorado, dando-lhes poder antes de lhes dar educação.

Isso porque segundo Olavo de Carvalho…

O que interessa não é tanto a convicção política expressa, mas o fundo inconsciente do “senso comum”, Gramsci está menos interessado em persuasão racional do que em influência psicológica, em agir sobre a imaginação e o sentimento. Daí sua ênfase na educação primária. Seja para formar os futuros ”intelectuais orgânicos”. Seja simplesmente para predispor o povo aos sentimentos desejados, é muito importante que a influência comunista atinja sua clientela quando seus cérebros ainda estão tenros e incapazes de resistência crítica.

     Gramsci não acreditava na luta armada. Para ele, a estratégia de tomada do poder consiste em lentamente se infiltrar nas instituições públicas para enfraquecer os seus valores até a sua total destruição. O alvo mais importante da estratégia gramsciana é a educação e a cultura. Sem o domínio de ambas a revolução cultural é impossível. Basta que as ideias comunistas sejam plantadas por intelectuais orgânicos – militantes que defendem cegamente a ideologia comunista – dentro das instituições culturais e educacionais para que artistas e educadores se encarreguem de implantá-las na cabeça da juventude. Após algumas gerações o comunismo terá um exército de defensores. Olavo de Carvalho mostra que foi exatamente isso que aconteceu no Brasil.

Gramsci concebeu uma dessas ideias engenhosas, que só ocorrem aos homens de ação quando a impossibilidade de agir os compele a meditações profundas: amestrar o povo para o socialismo antes de fazer a revolução. Fazer com que todos pensassem, sentissem e agissem como membros de um Estado comunista enquanto ainda, vivendo num quadro externo capitalista. Assim, quando viesse o comunismo, as resistências possíveis já estariam neutralizadas de antemão e todo mundo aceitaria o novo regime com a maior naturalidade.

     Com efeito, em sua maioria, os profissionais que trabalham na direção da imprensa estão a serviços da Revolução Cultural porque são filhos dela. O mesmo se confirma em relação à maioria dos intelectuais brasileiros. Infectados pelas ideias socialistas, lutam contra o capitalismo, inimigo comum dos quais obtém os seus sustentos. O que se vê é a predominância do pensamento esquerdista nos órgãos públicos, na educação e na cultura. Olavo de Carvalho sustenta que os intelectuais são a peça chave para a vitória da Revolução Cultural que se implantou no Brasil.

Os intelectuais no sentido elástico são o verdadeiro exército da revolução gramsciana, incumbido de realizar a primeira e mais decisiva etapa da estratégia, que é a conquista da hegemonia, um processo longo. complexo e sutil de mutações psicológicas graduais e crescentes, que a tomada do poder apenas coroa como uma espécie de orgasmo político.

     As ideias de Capra e Gramsci, movidas pela necessidade de transformar o Brasil em um éden socialista, estão em desacordo com os valores tradicionais e conduziram o país ao afundamento dos mesmos. Infelizmente, no Brasil de hoje, Capra e Gramsci parecem ter vencido, e Olavo de Carvalho estava certo em alertar para os perigos dessas ideologias. No entanto, o problema não está apenas nas ideologias, mas nos brasileiros que se permitem viver em um estado de servidão e ignorância. 

“Nova Era” da qual Fritjof Capra se tornou festejado porta-voz e a “Revolução Cultural” de Antonio Gramsci têm algo em comum: ambas pretendem introduzir no espírito humano modificações vastas, profundas e irreversíveis. Ambas convocam à ruptura com o passado, e propõem à humanidade um novo céu e uma nova terra. […]Nenhuma das duas foi jamais submetida ao mais breve exame crítico. Aceitas por mera simpatia à primeira vista, penetram, propagam-se, ganham poder sobre as consciências, tornam-se forças decisivas na condução da vida de milhões de pessoas que jamais ouviram falar delas, mas que padecem os efeitos do seu impacto cultural.

     Entretanto, Olavo de Carvalho observa que no Brasil, no final das contas, quem venceu a guerra foi a Nova Era de Fritjof Capra, pois esta mesma derrotou o comunismo. Todavia, acreditamos que este seria um ponto de reavaliação da obra de Olavo de Carvalho, uma vez que nos últimos cinco anos vimos no Brasil a ascensão do comunismo e as suas vertentes. No entanto, admitimos que a tal Nova Era transmutou-se em ideologia de vanguarda esquerdista pós-moderna.

No Brasil, [sobre o comunismo] conquistou praticamente a esquerda inteira, e o PT é um partido essencialmente gramsciano, admita-o ou não explicitamente. Mas o intento de renovação foi fraco e tardio: o comunismo acabou sendo derrotado pela ascensão mundial da ideologia da Nova Era. Afinal. a mistura de física quântica e simbolismos orientais, experiências psíquicas e sexo livre, promessas de paz e miragens de autorrealização, que essa ideologia oferece, é infinitamente mais sedutora do que qualquer “historicismo absoluto.

     Em suma, ficamos com o alerta que Olavo de Carvalho faz sobre a estratégica para a hegemonia segundo Gramsci. O perigo com as escolhas que recentemente fizemos impactam diretamente na vida de cada um de nós. Estarmos alerta e combativos é preciso porque os oponentes não descansam. A sombra da Revolução Cultural paira no ar “como nunca antes na história deste país “.

Quando um partido político assume publicamente sua identidade gramsciana, é que a fase do combate informal a decisiva já está para terminar, pois seus resultados foram atingidos. Vai começar a luta pelo poder. O que marca esta nova fase é que todos os adversários ideológicos já foram vencidos ou estão moribundos; nenhum outro discurso ideológico se opõe ao gramscismo, e os adversários políticos que restam lhe dão ainda maior reforço, na medida em que. não possuindo alternativa mental, pensam dentro dos quadros conceituais e valorativos demarcados por ele e só podem combatê-lo em nome dele mesmo. Isto é hegemonia.