Sobre a questão ambiental, uma interessante revelação é feita pela repórter canadense Elaine Dewar, em seu livro Uma Demão de Verde, publicado em 1995. Este livro é uma denúncia detalhada de como estas organizações internacionais se movimentaram, com apoio de alguns grupos indígenas, investimentos de governos e empresas (brasileiras e estrangeiras) atuam em comum interesse para explorarem as riquezas das florestas Amazônica, uma das maiores reservas de recursos naturais e biodiversidade do mundo.

     Durante muito tempo a única forma de as nações enriquecerem eram através das guerras. Quando os governantes queriam aumentar suas riquezas ele precisava de duas coisas: um bom exército, uma justificativa fornecida por uma nação inimiga, de preferência que tivesse muito ouro e territórios para conquistar. Foram através destas conquistas que as nações enriqueceram e adquiriram poder e prestígio. Assim eram construídas as riquezas das nações da antiguidade até o início do século XX. 

     O tempo passou e as nações progrediram e enriqueceram embaladas pelas grandes descobertas e criações da ciência que proporcionaram o maior avanço tecnológico que se tem notícia desde os primórdios da humanidade. Ao mesmo tempo, poderosas relações comerciais começaram a transferir imensas riquezas de uma nação a outra, culminando no maior fenômeno que teve início com a Revolução Industrial (1760-1840), chegando ao ápice com o fenômeno da globalização e total abertura dos mercados.  Consequentemente nunca se produziu tanta riqueza sem que houvesse um banho de sangue entre as Nações. Desta forma produzir riqueza adquiriu nova face. 

     Se por um lado as riquezas no mundo cresceram substancialmente, as necessidades humanas que demandam o crescimento de mais riqueza só aumentaram com o tempo. Impulsionadas por um desejo de se manterem na hegemonia do poder em escala  mundial, ter riqueza não era suficiente, era necessário unir força para garantir o status quo e prestígios políticos. Não sendo mais necessário dominar territórios alheios para se obter riqueza, encontraram outra forma de possuí-la: a usurpação das riquezas naturais de países subdesenvolvidos usando como pretexto a preocupação com as questões ecológicas.  

     Por outro lado, a ferocidade com que o homem buscou manter suas riquezas, não só exauriram os seus próprios recursos como foram responsáveis por uma tremenda agressão à natureza. Destarte, a fauna e a flora sucumbiram à ambição humana. Estas ações tiveram reflexos em vários aspectos da economia e nas estruturas da sociedade humana. Entretanto, embora a ameaça das ações humana contra o próprio planeta que o alimenta, seja um fato – e por isso, motivo de muita preocupação tal que exige medidas urgentes e emergenciais – há uma outra face que mostra um esquema mundial para a manutenção do poder e riqueza muito mais perverso que toda a ação predatória feita ao meio ambiente até então.

     Consequentemente, a fonte de riqueza tomou uma outra feição. Adquiriu regras que se transformaram em lei, arregimentou exércitos de pessoas em prol da causa com disposição para brigar pela bandeira ecológica, criou-se ideologias baseadas no politicamente correto como fonte legitimadora, ergueu-se instituições poderosas (ONGs) numa rede muito bem estruturada. O objetivo aparente sempre foi salvar o planeta, mas por trás disso oculta-se a verdadeira intenção: fazer muitos bilhões de dólares enriquecendo e tornando as elites mundiais mais poderosas. 

      Com efeito, sob o pretexto de salvar os ursos polares, preserva a fauna e a flora (geralmente as que estão localizadas em países pobres), evitar o aquecimento global e coisas do gênero, poderosas indústrias globais com braços em todas as esferas do poder econômico e político, mais um exército de gente disposta a defender uma bandeira da qual só conhece a ponta do iceberg, fazem imensas fortunas cujos propósitos passam longe de um movimento altruísta para salvar o planeta terra. 

     Esta história não é nova, os motivos são os mesmos de sempre: imperialismo, só que sob nova ordem. Não precisa fazer guerra se a ação é justa e a causa é nobre, basta encontrar os meios certos para que tudo saia limpo, honesto. Todavia, há vozes que estão dispostas a bradar alto contra a falsa preocupação com o planeta terra e revelar que tudo não passa de interesses econômicos de uma minoria que se perpetua no poder e controle mundial. Vozes que estão dispostas a expor a farsa que há por trás dessa orquestração.  De fato, existem livros reveladores desta trama diabólica que sensibiliza os desinformados e bem-intencionados, o Império Ecológico de Pascal Bernardin é um dos mais notáveis. 

      O interessante em Uma Demão de Verde é que a autoridade com que ela faz a denúncia advém do fato da autora ter sido testemunha ocular de vários episódios em que eram planejados o esquema pelo qual as estratégias de “preservação das florestas” seriam implementadas e tornadas públicas. Presente em todas as reuniões como repórter do grupo formado para tal propósito, Elaine Dewar passa, então, a investigar e mergulha fundo na sujeira por trás do aparente interesse em salvar o planeta. O que ela encontrou a estremeceu e registrou em seu livro Uma Demão de Verde que revela um engenhoso esquema para explorar com ares de legalidade as nossas riquezas na Amazônia.

     Segundo consta no livro, em 1989, foi realizado um evento no Canadá em que o índio brasileiro Paulinho Paiakan, descrevia para a ávida imprensa com ar teatral o sofrimento dos povos indígenas no Brasil. Ali nascia uma poderosa aliança que além de envolver a estrutura já mencionada aqui, teve ao longo da sua história apoiadores como o cantor Sting. Para o público ali presente (exceto pela própria cúpula) foi penoso ver o apelo daquela figura falando da maldade do homem contra a sua raça. Para a cúpula ali presente era uma grande oportunidade para atender os interesses de poderosas organizações internacionais. Mas o verdadeiro objetivo foi criar as condições necessárias para a livre exploração das riquezas da floresta amazônica que possuem o maior bioma do mundo e reservas minerais inexploradas. 

     De fato, diante da imensa riqueza do nosso solo pátrio (estima-se que exista na Floresta Amazônica uma enorme quantidade ouro, diamantes, um imensa variedades de plantas para fármaco e cosmética, além de uma fauna desconhecida. Está explicado o interesse internacional em nossas florestas e porque eles investem milhões de dólares em campanhas para “preservação” das nossas florestas. São ONGs, grandes empresas globais e muita gente influente, todos dispostos a utilizar a imagem dos índios para arrecadação de fundos milionários para a preservação de reservas indígenas e proteção da floresta amazônica. Isso é o que eles apresentam como objetivo, quando na verdade o que eles querem é explorar as nossas riquezas naturais.

     O interesse dessa gente na riqueza Brasil pode ser utilizado como exemplo de como estas organizações mundiais de defesa do planeta sustentadas por milhões de dólares de nações e grupos poderosos com suporte de artistas, políticos e intelectuais montam esquemas que sob a desculpa de proteger o planeta contra as ações do homem, criam oportunidades para explorar as riquezas de países subdesenvolvidos e assim ganhar bilhões com a indústria da saúde, da beleza entre outras. Assim torna-se mais fácil entender o que há por trás do alarde mundial, protagonizado pelo presidente francês Emmanuel Macron em 2021, sobre as recentes queimadas em nossas florestas diante da postura do então presidente do Brasil, Jair Messias Bolsonaro.

     Com efeito, o objetivo deste teatro não foi a preocupação com as queimadas e a destruição da fauna e flora da Amazônia, embora o que ocorreu seja de fato preocupante. O verdadeiro motivo para tal preocupação é que o governo do presidente Bolsonaro adotou medidas nas relações internacionais que vão de encontro aos interesses comerciais e políticos da União Europeia, agora enfraquecida pela saída do Reino Unidos. Economicamente não é bom para a França que tenta se recuperar de uma crise econômica e social. Está aí a verdadeira preocupação da França e da Alemanha. No fim tudo se resume a interesses puramente econômicos. Estão de olho em nossas riquezas naturais. Depende de nós não perder aquilo que é nosso pelo menos há 500 anos.