Em linhas gerais, constata-se uma notável fragilidade na memória coletiva dos brasileiros em relação a eventos históricos, fenômeno exacerbado por uma série de fatores educacionais e culturais. Destaca-se, nesse contexto, o papel proeminente desempenhado pela imprensa, que, ao transmitir as notícias, simultaneamente contribui para obliterar da memória popular acontecimentos que servem a determinados interesses.

Agravando esse quadro, as frequentes reviravoltas no cenário político, caracterizado por personagens pérfidos, frequentemente resultam em uma compreensão deficiente por parte da população em relação aos acontecimentos circundantes. Nesse sentido, é pertinente destacar a relevância do livro “Passaporte 2030”, do jornalista Guilherme Fiuza, no qual o autor oferece análises incisivas sobre um período crucial na história do Brasil, marcado por dois eventos de grande impacto: o governo bolsonarista e a pandemia da Covid-19. Nessas conjunturas, foi significativa a crise moral e ética que se desenrolou, caracterizada pelo assassinato da verdade e pela proliferação de notícias falsas, erodindo instituições respeitáveis como o Supremo Tribunal Federal (STF) e a imprensa, entre outras.

O teor da obra em questão assume uma natureza de denúncia e registro histórico, objetivando preservar a recordação dos eventos em sua genuinidade, em contraposição à tendência progressista de desconstrução da história em prol de narrativas concebidas. Ao percorrer as páginas desta obra contemporânea, o leitor depara-se com as incisivas críticas de Fiuza ao ativismo judicial, à emergência de um Estado judicial totalitário que, de maneira escancarada, subverte uma Corte Constitucional para servir a interesses políticos em detrimento de sua função de guardiã da Constituição, comprometendo a independência dos poderes. O autor também aborda o duplo padrão adotado pelas autoridades em relação às fake news e à vacinação contra a Covid-19, além de temas como o lockdown, a encenação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, a censura à liberdade de expressão e a erosão dos direitos civis de jornalistas e daqueles que se opõem e criticam o sistema vigente.