Em seu livro  “História da Riqueza no Brasil”, o intelectual Jorge Caldeira faz revelações semelhantes às de Sérgio Buarque de Holanda em sua obra magna “Raízes”, uma vez que, ao descrever a história da riqueza do Brasil, evidencia fatos que revelam como surgiu a índole do povo brasileiro, criticada por Holanda. Aqui chegaram pessoas analfabetas, a ralé que veio para usurpar a riqueza da terra a pedido do rei de Portugal D. João IV fatiou a terra descoberta e as entregou nas mãos de gente da pior espécie. Isso, para não falar do tipo de relação que essas pessoas mantiveram com os nativos, criando uma fusão estranha dos costumes europeus com os nativos. Nascemos de um choque cultural.

A formação do povo brasileiro, tanto do ponto de vista geográfico quanto cultural, é resultado da influência de inúmeras etnias, situando-nos entre um dos povos mais miscigenados da história, o que nos leva a colher frutos tanto benéficos quanto adversos desse caldeirão de raças. Na notável obra “Raízes do Brasil” de Sérgio Buarque de Holanda, um intelectual de destaque e pai do proeminente cantor e compositor da música popular brasileira, Chico Buarque, é empreendida uma análise crítica das origens do povo brasileiro. O insigne autor desmistifica a noção de que a índole do povo brasileiro é simplesmente fruto de uma miscigenação racial, recontextualizando-a de maneira mais complexa.

Jorge Caldeira, por sua vez, lança luz sobre revelações análogas às de Holanda, ao explorar a história da riqueza do Brasil e destacar eventos que delinearam a índole do povo brasileiro, criticada por Holanda. É notável como indivíduos analfabetos e de condição social desfavorecida chegaram às terras brasileiras, com o propósito de explorar suas riquezas, em decorrência de um equívoco que, por sua própria incapacidade, parcelou as terras do Brasil e as entregou nas mãos de indivíduos de moral questionável. Isso sem mencionar as complexas relações estabelecidas entre esses recém-chegados e os nativos, resultando em uma fusão peculiar de costumes europeus e tradições indígenas. O nosso nascimento enquanto povo é inegavelmente marcado por um choque cultural de proporções notáveis.