Os quatro Evangelhos dão testemunho de uma mulher da comunidade chamada por Maria Madalena, que acompanhava Jesus Cristo e que tinha acesso direto a Ele. Mulher generosa, que fora possuída por demônios e que após curada por Jesus Cristo decidiu segui-lo, doando parte das suas posses. Ela foi a escolhida por Cristo para revelar o mistério da ressurreição. Ela foi a primeira pessoa que viu o Cristo ressurreto. Imagina-se o impacto causado aos apóstolos quando ela lhes revelou que Jesus Cristo ressuscitara. Por que ela e não eles foi a primeira a saber?  Por que a mulher do alabastro era a mais amada por Jesus Cristo que, talvez, a Virgem Maria, sua mãe carnal? É sobre esta mulher misteriosa, algumas vezes estigmatizada, que a escritora Margaret Starbird (1942) revela em seu livro “Maria Madalena, a Noiva no Exílio”. Starbird que já defendeu em outras obras a existência da relação mais que religiosa entre Maria Madalena e Jesus, agora direciona o olhar para aquela que na visão da autora é “a noiva de Jesus” e símbolo do arquétipo feminino.

A rica tradição da influência e do significado de Maria Madalena precisam ser examinadas em níveis que ultrapassem o prosaico e o histórico; do mesmo modo, é preciso ser encontrada nos planos alegóricos/simbólicos e mitológicos”, argumenta Starbird. Para Margaret Starbird a história de Maria Madalena é a grande história que nunca foi contada. Ela demonstra que a identidade de Maria Madalena foi roubada e que a Bíblia não lhe fez jus a “verdade”. A vida de Maria Madalena era um mistério, sustenta Starbird. Sua trajetória como mulher foi arrancada das páginas das Sagradas Escrituras. Por que? Starbird construirá argumentos com base em fatos históricos e pesquisas minuciosas revelar a verdadeira Maria Madalena, que segundo a autora, foi a “Noiva de Jesus” e colocada no exílio pelas Igrejas cristãs.

“Quem era essa mulher que os quatro evangelistas chamaram de Madalena. Por mais de mil e quatrocentos anos, a tradição cristã intitulo-a a prostituta arrependida, um epíteto sem base e ofensivo revogado pela Magisterium da Igreja Católica Romana em 1969, quando afinal, e oficialmente, reconheceu e confessou publicamente que havia nenhuma evidência nas escrituras que apoiasse essa tradição espúria.”  continuando, Starbird julga que:

“A história dela foi distorcida e a sua voz roubada pelos padres da igreja que a rotularam de prostituta, o que contribuiu tragicamente para dissociação do Cristianismo do feminino e desse modo causando involuntariamente um sofrimento assombroso na família humana por um período de aproximadamente dois milênios.” Como pode-se notar, a autora aponta a Igreja Católica como a maior responsável pelo declínio da cristandade, ou seja, da contínua falência da comunidade cristã, trazendo sérios prejuízos para as mulheres, ainda que tenha sido de forma involuntária. Starbird observa que o que sabemos sobre Maria Madalena precisa ser extraído dos quatro evangelistas ou dos evangelhos gnósticos como o “Evangelho de Maria Madalena”.

Para Starbird Maria Madalena representa as nossas experiências coletivas humanas. Ela esclarece que “por que Maria Madalena representa um importante arquétipo que significa um grande aspecto da nossa experiência coletiva humana, a sua história ressoa nas pessoas em muitos planos, incentivando-nos a reabilitá-la agora, a trazê-la do exílio, a lhe dar as boas-vindas de volta ao lar”.

Entendo que a autora toca nos diversos aspectos discutidos há milênio sobre a natureza humana de Jesus Cristo. Maria Madalena vem somar aos mistérios da vida de Jesus Cristo. Adentrar nesta questão é buscar a revelação que talvez Deus não queira. Maria Madalena simboliza a Mulher no Reino de Deus. Ao servir ao Cristo em sua missão, ela era uma evangelista devota e de muita Fé. 

Jesus Cristo nunca estigmatizou a mulher, pelo contrário, a sua relação com elas têm um profundo sentimento de amor ao próximo pois representa exatamente que somos Filhos de Deus equilibrando-se de forma na equidade frágil da vida. Maria Madalena, se foi prostituta, isto só a engrandece, pois, não disse Jesus Cristo que as portas do Reino de Deus estão abertas primeiro para as prostitutas e gentios pecadores. Neste sentido, Maria é a revelação da Verdade. 


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