O pós-modernismo nasceu após o colapso da URSS e a queda do muro de Berlin, causando fortes influências nas artes, na arquitetura, na literatura e no comportamento das pessoas em geral. Antes ele existia em formato embrionário na escola de Frankfurt. Nos três ramos, artes, arquitetura e literatura ela rompeu com os rigores filosóficos e se colocou em oposição ao modernismo. Tendo como alicerce o niilismo, esquivou-se da tradição filosófica da razão e do sentimento e estabeleceu uma forma de pensar e agir como agente absoluto da realidade. O reflexo deste movimento, tempos depois, criou a cultura da rebeldia em que nos deslocamos de um senso estético do modernismo para uma visão antropofágica do homem como pensamento. Este comportamento reflete na sociedade laivos de ressentimentos e perda de sentido para a vida e para a beleza. Raiva, poder, culpa, luxúria e medo são o produto com origem em Marx, Kierkegaard, Heidegger, Nietzsche e Freud que representam o universo emocional que nos rodeia refletindo diretamente na conduta do politicamente correto. “O pós-modernismo é a primeira afirmação consistente e implacável das consequências de se rejeitar a razão – consequências estas inevitáveis tendo em vista a história da epistemologia desde Kant”, afirma Stephen R. C. Hicks, em sua obra Explicando o Pós-modernismo que conheceremos agora.

  Para Hicks o pós-modernismo abandonou a razão devido a sua incapacidade de compreender a realidade. Se não se consegue aceitá-la, a alternativa é adequá-la a uma visão de mundo completamente contrário à realidade objetiva. Nas palavras de Hicks “a razão é um instrumento dos fracos, que têm medo de se desnudar diante de uma realidade cruel e conflitiva e, por isso, constroem estruturas intelectuais fantasiosas para se ocultar.” O iluminismo no século XVIII nasce insurgindo-se contra a Igreja e colocando o homem no centro das coisas, nasce a favor da razão e contra a superstição, suas principais agendas. Em contrapartida, o pós-modernismo se opõe a toda a forma de pensamento ocidental. O resultado é a alimentação da crença que tudo pode e deve ser desconstruindo para então dá lugar ao vazio existencial. Hicks observa que “a defesa da razão e do individualismo ameaçava os primeiros pensadores do contra iluminismo com o espectro de um futuro sem Deus, sem espírito, sem paixão, sem moral”. Neste sentido, o livro Explicando o Pós-modernismo examina três fases anteriores ao pós-modernismo e seus representantes para mostrar como o ceticismo do pensamento socialista da nova esquerda desconstrói, desde Rousseau a Foucault, os fundamentos da doutrina socialista e ergue em seu lugar uma nova filosofia socialista. 

        No espectro político, o pós-modernismo é definido, segundo o Hicks, como “uma estratégia ativista contra a coalizão da razão e do poder”, pois o seu propósito é desconstruir o pensamento iluminista que se sustenta sobre três pilares: a razão, a verdade e a correspondência entre a pensamento e realidade. O pensamento político pós-modernista, é embasado por uma nova dinâmica remodelada no pensamento da vanguarda intelectual aqui representada pelos filósofos da desconstrução Michael Foucault, Jacques Derrida, Jean-François Lyotard e Richard Rorty em que o poder deve migrar da minoria dominante para os oprimidos. Hicks vê uma clara causa dos motivos que levaram ao crescimento do pós-modernismo. Para ele, “o Pós-modernismo surgiu como uma força social entre os intelectuais porque o contra-iluminismo derrotou o Iluminismo nas ciências humanas”. Sem espaço para suas reflexões filosóficas, uma vez que a ciência – nas palavras de Hicks – exigia uma visão mais racional da realidade, os novos filósofos se ressentem e procuram uma maneira de mostrar que está tudo errado. 

         É preciso frear o pensamento racional e a melhor forma de fazê-lo é através da destruição total dos valores ocidentais que têm profundas raízes nas tradições judaico-cristãos e no patriarcado romano. Sob a visão do pós-modernismo há uma palavra de lei que para o Hicks faz com que os intelectuais se engajem no ativismo político no lugar do estético: o desconstrutivismo. Este pressupõe uma ausência de sentimento de culpa conforme cita o autor as palavras do filósofo pós-moderno Stanley Fish: “A desconstrução me libera da obrigação de ser correto… exige apenas que eu seja interessante”. Eis aqui o lema da filosofia esquerdista. Ou seja, ao desmontar uma verdade inventada, não sou responsabilizado pelas suas consequências desde que exista nisso um senso de rebeldia contra sistemas estabelecidos e uma intenção clara de desfazer por desfazer o que está pronto e solidificado. “A razão iluminista conduz a descrença; a descrença conduz a desobediência; a desobediência conduz à anarquia “, afirma Hicks.