A Conspiração Aberta – Diagrama para uma revolução mundial

Na História do nosso mundo, arriscaria afirmar que todas as vezes em que a palavra “Revolução” foi utilizada com o significado de transformação social, política e econômica, a humanidade viveu o seu pior pesadelo. De acordo os dicionários da língua portuguesa, a palavra revolução tem o sentido de transformar, sobretudo de forma rápida e violenta.  A Revolução Russa, A Revolução Francesa, a Revolução Cubana e tantas outras que querendo o bem dos homens, levaram-nos à morte, representam bem essas quebras de paradigmas de forma “violenta, abrupta e rápida”. Em seu livro A Era das Revoluções, Eric J. Hobsbawm  acredita nas revoluções como a arma dos intelectuais, enquanto para Raymond Aron em seu monumental O Ópio dos Intelectuais assevera que os idealizadores das revoluções acreditavam em mitos e que neste sentido toda revolução é um sonho que um dia há de se tornar um pesadelo.

Sempre que nós queremos mudanças para objetivos inalcançáveis, a revolução é o meio realizável. Enquanto na ciência e tecnologia, revolução significa inovação e construção. Na sociologia, significa utopia e destruição.

O preâmbulo sobre a palavra revolução é para melhor entender o livro A Conspiração Aberta de G. H. Wells publicado em 1933. Nesta obra, Wells revela os meios necessários para implantação de uma nova ordem mundial. Tendo presenciado os horrores da primeira guerra mundial, Wells transfere para livro a sua repugnância à guerra, à autoridade militar, ao sistema político e social da sua época, e ao nacionalismo vigente.

“Nós todos somos treinados para desconfiar de estrangeiros e odiá-los, saudar nossa bandeira, ficarmos eretos e obedientes diante do nosso hino nacional e nos prepararmos para seguir os sujeitinhos de esporas e penachos que posam como líderes de nossos Estados, caminhado para uma destruição comum das mais horríveis.”

O autor acredita que um governo mundial é a melhor solução para a redução dos problemas sociais e econômicos que aniquilam o mundo. Esse novo sistema conduzirá às pessoas ao estado de felicidade, pois neste paraíso utópico todos seriam iguais e desfrutariam da verdadeira liberdade. Wells era um sonhador e visionário.

“A máquina econômica range e dá sinais de que vai parar, e sua parada significa a fome e a escassez mundiais. Ela não pode parar. Precisa haver uma reconstrução, uma mudança. Mas que tipo de mudanças?”

Esta obra representa bem o espírito socialista de G. H. Wells e o seu gosto pelas utopias. O sonho por um novo mundo está evidente nos seus romances ficcionais como a Guerra dos Mundos, A ilha do Dr. Moreau, O Homem Invisível. Uma leitura mais atenta ao livro A Conspiração Aberta, revela a simpatia que Wells nutria pelas revoluções, sobretudo aquela liderada por Lenin. Nela Wells compila a fórmula do mundo perfeito…

“Mas, ao contrário das conspirações em geral, esta conspiração-protesto cada vez mais ampla contra as coisas estabelecidas aconteceria, por sua própria natureza, à luz do dia, e estaria disposta a aceitar a participação e a ajuda de cada pessoa, de cada bairro, de cada comunidade. Ela se tornaria na verdade uma “Conspiração Aberta”, uma conspiração necessária e naturalmente evoluída para ajustar nosso mundo deslocado.”

Mas em poucas palavras, Wells revela o que há por trás dos seus sonhos. Seria o renascimento intelectual de toda a humanidade ou de um grupo? As diferenças sempre prevalecerá a qualquer proposta de um mundo igualitário, a começar pelos intelectuais.

“Fundamentalmente, a Conspiração Aberta deve ser um renascimento intelectual.”

“Mas reeducar-se, trazer a mente de volta à saúde, exercitá-la e treiná-la para pensar apropriadamente é apenas o início da tarefa anterior ao despertar do Conspirador Aberto. Ele não tem apenas que pensar com clareza, mas precisa ver que sua mente está equipada com as idéias gerais adequadas à formação de uma estrutura real para seus julgamentos e decisões de cada dia.”

“A Conspiração Aberta, o movimento mundial pela suplantação, alongamento ou fusão das instituições políticas, econômicas e sociais existentes, deve necessariamente, conforme cresce, aproximar-se cada vez mais das questões de controle práticos.”

H. G. Wells morreu em 1946 e não viu que o mundo de hoje é uma tentativa fracassada de mudanças na educação, na religião e nas mentes das pessoas. Outros fizeram as reformas semelhantes à proposta por Wells, e as consequências podem ser verificadas nas estatísticas do horror.

 

Leitura recomendada

https://www.leiologopenso.com.br/2014/07/20/1984/